Cotidiano

Amapá tem 25,5 mil pessoas sem acesso à energia elétrica todos os dias, aponta levantamento





Elas representam 3,1% da população. Estado tem o terceiro maior percentual da região Norte. Números são do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).

Serviço público essencial na vida moderna, a energia elétrica não chega para 25.593 pessoas no Amapá. São populações em terras indígenas, assentamentos rurais, unidades de conservação e outras áreas vivendo sem eletricidade. 

Eles representam 3,1% dos habitantes do estado. O Amapá é o terceiro da região Norte com mais cidadãos sem acesso ao serviço, atrás apenas do Acre (10%) e Amazonas (3,9%). 

Os números são de um levantamento feito pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), uma ONG que, com conhecimento científico, busca subsidiar políticas públicas nas áreas de energia elétrica e de transportes, com foco no uso sustentável de recursos naturais. 

Pesquisador participante do estudo, Felipe Barcellos e Silva explicou que a metodologia utilizada analisou localizações de usinas termoelétricas, linhas de transmissão, estradas e comunidades. 

"Fizemos esse estudo baseado em dados georreferenciados oficiais. Dados, por exemplo, como as posições das usinas termoelétricas nos territórios da Amazônia, onde as linhas de transmissão ficam, estradas, que são vetores que dá para correlacionar com linhas de transmissão e linhas de distribuição de eletricidade e onde as pessoas estão localizadas a partir do Censo", detalhou. 

Do total de excluídos do fornecimento de energia elétrica no Amapá, 7.506 são de assentamentos rurais, 4.172 de Unidades de Conservação, 1.313 de terras indígenas e 16.159 estão concentrados em outras áreas. 

A coordenadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Alcilene Cardoso, citou os impactos que a falta de eletricidade provoca na vida das populações, como os danos para a saúde causados pelo processo de salga dos alimentos. 

"Como não tem energia elétrica, o comunitário não pode ter uma geladeira, então todo o processo de captura de proteína animal passa por um processo de salga. E aí você sabe que realmente é danoso para a saúde", disse. 

Além disso, os moradores ficam impossibilitados de aproveitar todo o potencial econômico da região com a venda de produtos oriundos da floresta, o que prejudica o desenvolvimento local. 

"Você tem uma vertente aí de comercialização com uma base de bioeconomia com grande potencial, que pode agregar valor para aquela família, mas você não consegue tirar uma polpa de cupuaçu, aproveitar uma acerola ou uma outra fruta para comercializar", avaliou a coordenadora. 

Ribeirinho coletando cacho de açaí — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Ribeirinho coletando cacho de açaí — Foto: Reprodução/Rede Amazônica 

Em fevereiro de 2020, o governo federal criou o programa "Mais Luz para Amazônia" com foco em universalizar o acesso à energia elétrica, desenvolver atividades produtivas e melhorar a qualidade de vida na região. 

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), as ligações do programa iniciaram somente em 2021, devido diversas ações locais no ano passado que impossibilitaram o acesso das equipes e prejudicaram a elaboração dos projetos. 

A vigência do "Mais Luz para Amazônia" vai até 31 de dezembro de 2022, com possibilidade de prorrogação até que todas as comunidades da região sejam atendidas pelo fornecimento de energia elétrica.

 

Fonte: G1 Amapá - Rede Amazônica