Cotidiano

Com garimpo interditado, trabalhadores alegam passar dificuldades em Tartarugalzinho





 

Garimpeiros participaram de audiência pública na Alap em busca de soluções para resolver as questões do garimpo de Tartarugalzinho, fechado em outubro do ano passado durante operação da PF.

 

Sem exercer suas atividades há mais de seis meses, cerca de mil garimpeiros participaram, nesta semana, de audiência pública na Assembleia Legislativa do Amapá (Alap). O objetivo foi debater a situação desses trabalhadores em razão da interdição do garimpo em Tartarugalzinho, ocorrido em outubro de 2017.

O local foi interditado durante uma operação conjunta da Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF). Segundo as investigações, a região onde funcionava o garimpo ilegal é onerada à empresa Beadell, e havia sido invadida por garimpeiros. O dono da área cobrava dos invasores cerca de 30% do ouro extraído ilegalmente.

Na audiência, membros da Cooperativa Extrativista Mineral do Estado do Amapá (Comeap), representantes de instituições, gestores, vereadores e garimpeiros de Tartarugalzinho explanaram seus anseios.

De acordo com a presidente da Associação dos Agricultores Tradicionais da comunidade de São Raimundo, em Tartarugalzinho, os trabalhadores têm sofrido repressão e prevalência de empresas detentoras de lavras de minério. "Em pleno século XXI, famílias inteiras são expulsas de suas casas, de suas terras. Mulheres estão apanhando de funcionários da Amcel, no campo", complementou.

Representando os garimpeiros de Tartarugalzinho, o presidente da Comeap, Francisco Nogueira, enfatizou que o objetivo da categoria é sensibilizar os poderes estadual e federal para analisar a situação deles.

Ele ressaltou que, muitos garimpeiros estão passando dificuldades financeiras após a interdição do garimpo, onde a maioria sobrevive de doações que recebem.

"Estamos sobrevivendo praticamente de cestas básicas. Quem tem um pouquinho divide com quem tem menos ainda. Nossa preocupação é: até quando resistiremos? Até quando iremos viver de cesta básica? Até quando teremos esse apoio de quem tem um pouquinho a mais?", indagou, lembrando que até isso pode faltar. "Porque quem tem mais, dividindo com a gente, ficará sem nada e não terá mais condições de suprir a necessidade dos que não têm nada", encerrou o presidente.

Para o deputado Pedro DaLua, a audiência faz parte de um processo de mobilização social que só parará após a reabertura do garimpo. "Estamos acompanhando as atividades jurídicas da cooperativa, mas acredito que a mobilização social é que fará o Amapá voltar os olhos para o que está acontecendo no município de Tartarugalzinho. Não podemos mais deixar aquele povo sem a dignidade, sem o pão na mesa, sem a escola para os filhos, sem perspectivas de vida. Não concordamos com isso, não aceitaremos e lutaremos até o último momento para poder atender aos anseios populares", sustentou o parlamentar, afirmando que a luta continuará até que o objetivo seja atingido.

Protesto para reabertura do garimpo

Após a interdição, milhares de garimpeiros realizaram protestos solicitando a reabertura do local em 2017. Uma das manifestações aconteceu em um trecho da BR-156, que foi bloqueada com pedaços de madeiras e pneus, interrompendo o fluxo de veículos. Com cartazes, os manifestantes alegaram que o garimpo ilegal é a única fonte de renda de milhares de pessoas da região. Alguns ressaltaram estar trabalhando há mais de década no local.

Na época, a categoria alegou que a manifestação é a única forma de chamar a atenção das autoridades e que possam atender à vontade dessas famílias que dependem dessa atividade.

 Redação