Ciência

Black Mirror? Microsoft desenvolveu sistema que permite até 'falar com mortos'





A internet está em polvorosa com uma nova tecnologia criada por desenvolvedores da Microsoft que poderia tornar possível ter uma conversa virtual com um ente querido falecido (bem, é mais ou menos isso).

Uma patente concedida à Microsoft no mês passado detalha um método para criar um chatbot conversional modelado a partir de uma pessoa específica, uma “entidade passada ou presente... como um amigo, um parente, um conhecido, uma celebridade, um personagem fictício, uma figura histórica”, de acordo com o pedido junto ao escritório de patentes dos EUA, o US Patent and Trademark Office.

A tecnologia lembra um aplicativo fictício da série distópica "Black Mirror”, que permitia que uma personagem continuasse conversando com o namorado depois da morte dele em um acidente, puxando informações de suas redes sociais.

Quer falar sobre música com David Bowie? Ou receber um conselho sábio de sua falecida avó? Teoricamente, a ferramenta tornaria isso possível.

Mas não fique muito animado (ou surtado): a empresa não planeja transformar a tecnologia em um produto real.

Tim O'Brien, gerente geral de programas de Inteligência Artificial (IA) da Microsoft, disse em um tuíte na sexta-feira (22) que “confirmou que não há planos para isso”. Em outro tuíte, ele também ecoou o sentimento de outros usuários da internet ao comentar sobre a tecnologia, dizendo: “sim, é perturbadora”.

De acordo com as informações da patente, a ferramenta –se fosse aplicada a um produto– coletaria “dados sociais”, como imagens, postagens em mídias sociais, mensagens, dados de voz e cartas escritas do indivíduo escolhido. Os dados seriam usados para treinar um chatbot para “conversar e interagir de acordo com a personalidade de uma pessoa específica”. Também poderia contar com fontes de dados externas, caso o usuário fizesse uma pergunta ao bot que não pudesse ser respondida com base nos dados sociais da pessoa.

“Conversar usando a personalidade de uma pessoa específica pode incluir determinar e/ou usar atributos de conversação da pessoa específica, como estilo, dicção, tom, voz, intenção, duração e complexidade da frase/diálogo, tópico e consistência”, bem como usar atributos comportamentais, como interesses e opiniões, e informações demográficas, como idade, sexo e profissão, afirma a patente.

Em alguns casos, a ferramenta poderia até ser usada para aplicar algoritmos de reconhecimento facial e de voz a gravações, imagens e vídeos para criar uma voz e um modelo 2D ou 3D da pessoa para aprimorar o chatbot.

Embora a Microsoft não tenha planos de criar um produto a partir da tecnologia, a patente indica que as possibilidades de inteligência artificial foram além de criar pessoas falsas com modelos virtuais de pessoas reais.

O pedido de patente da Microsoft foi protocolado em abril de 2017. Segundo O'Brien disse no Twitter, o período é anterior às “análises de ética de IA que fazemos hoje”. Atualmente, a empresa tem um Escritório de IA Responsável e um Comitê de IA, Ética e Efeitos em Engenharia e Pesquisa, que ajudam a supervisionar suas invenções.

Fonte: CNN Brasil