Política

Pence não descarta 25ª Emenda para destituir Trump da presidência, diz fonte





O vice-presidente Mike Pence dos Estados Unidos não descartou um esforço para invocar a 25ª Emenda e quer preservar a opção no caso o presidente Donald Trump fique mais instável, disse uma fonte próxima ao vice-presidente. A 25ª Emenda destitui o presidente de seu cargo.

A fonte disse que há alguma preocupação dentro da equipe de Pence de que haja riscos de invocar a 25ª Emenda ou mesmo de um processo de impeachment, já que Trump poderia tomar algum tipo de ação precipitada colocando a nação em risco.

Até a noite de sábado (9), Trump e Pence ainda não haviam se falado desde a invasão de quarta-feira (6) no Capitólio dos Estados Unidos que deixou cinco pessoas mortas, incluindo um oficial da Polícia do Capitólio, outra fonte disse à CNN. O presidente também não fez nenhum comentário público repudiando as ameaças de morte postadas nas redes sociais contra Pence.

Pence finalmente “teve um vislumbre da vingança do POTUS”, disse uma fonte, usando a sigla para Presidente dos Estados Unidos.

Duas fontes familiarizadas com o assunto dizem que Trump está zangado com Pence e o vice, por sua vez, está decepcionado e triste com o presidente.

Trump colocou Pence em uma posição impossível, pedindo-lhe que anulasse os resultados das eleições durante a sessão conjunta do Congresso na quarta-feira. Quando Pence explicou que não poderia fazer isso e enviou uma carta aos membros do Congresso dizendo que seguiria a Constituição, Trump usou seu comício para incitar a multidão, dizendo-lhes que marchassem no Capitólio.

Sobre seu vice-presidente, ele disse: “Mike Pence, espero que você se defenda pelo bem de nossa Constituição e pelo bem de nosso país, e se não o fizer, ficarei muito decepcionado com você, estou dizendo. Não estou ouvindo boas histórias”. 

Como a CNN relatou anteriormente, assessores do vice-presidente ficaram indignados por Trump não ter perguntado como Pence estava, enquanto ele e sua família fugiam da multidão que atacava o Capitólio.

É a primeira vez que Pence discorda de Trump publicamente. O vice, que é ex-governador de Indiana, sempre foi um dos maiores defensores do presidente, muitas vezes suavizando sua retórica grossa e fazendo lobby por suas prioridades silenciosamente e nos bastidores no Capitólio, ao mesmo tempo apoiando vocalmente o presidente em comícios durante a campanha.

Por enquanto, a fonte próxima ao vice-presidente disse que Pence e seus conselheiros esperam fornecer uma ponte para o próximo governo e fazer o máximo possível para ajudar a equipe do presidente eleito Joe Biden na preparação para lidar com a pandemia do coronavírus.

Mas, segundo a fonte, ficou claro esta semana que é necessário manter a opção da 25ª Emenda na mesa com base nas ações de Trump.

Invocar a 25ª Emenda exigiria que Pence e uma maioria do Gabinete votassem para remover Trump do cargo devido à sua incapacidade de “cumprir os poderes e deveres de seu cargo”. Trata-se um passo nunca dado.

Trump poderia contestar sua decisão com uma carta ao Congresso. Pence e o Gabinete teriam então quatro dias para contestar carta de defesa e o Congresso então votaria. É necessária uma maioria absoluta de dois terços, geralmente 67 senadores e 290 membros da Câmara para removê-lo permanentemente.

Na quinta-feira, fontes próximas ao vice disseram que era “altamente improvável” que Pence tentasse invocar a 25ª Emenda. As fontes disseram que parecia que tal esforço acabaria sendo malsucedido. Pence não havia discutido a invocação da 25ª Emenda com nenhuma autoridade do gabinete, de acordo com o que disse anteriormente um membro do governo à CNN.

O líder democrata do Senado, Chuck Schumer, disse durante uma entrevista coletiva no início desta semana que ele e Pelosi tentaram ligar para Pence para invocar a emenda para destituir Trump do cargo, mas eles foram colocados em espera por 25 minutos e então foram informados de que Pence não falaria ao telefone.

Os democratas da Câmara planejam apresentar sua resolução de impeachment na segunda-feira, quando a Câmara se reunirá novamente. O último rascunho da resolução de impeachment, obtido pela CNN, inclui um artigo por “incitamento à insurreição”.

O Comitê de Regras da Câmara deve se reunir na segunda ou terça-feira para aprovar uma regra que governaria o debate para uma resolução de impeachment e o projeto do deputado democrata Jamie Raskin para criar um novo mecanismo para invocar a 25ª Emenda.

De acordo com esse cronograma, uma votação de impeachment é possível até meados da próxima semana.

Um número crescente de legisladores vem pedindo que o presidente seja destituído do cargo por impeachment ou pela 25ª Emenda. Até agora, os pedidos vieram em grande parte de democratas, mas pelo menos um republicano no Congresso, o deputado Adam Kinzinger, de Illinois, também aderiu.

O senador republicano Pat Toomey, da Pensilvânia, disse no sábado que acha Trump "cometeu ofensas impicháveis”, mas o senador (que não vai concorrer à reeleição em 2022) não tem certeza de que tentar destituir o presidente do cargo com apenas alguns dias restantes de seu mandato é o caminho certo.

No entanto, em um memorando para outros senadores na sexta-feira, o líder da maioria Mitch McConnell indicou que o mais cedo que o Senado pudesse aceitar qualquer artigo de impeachment aprovado pela Câmara provavelmente seria logo após o término do mandato de Trump, dizendo que o Senado não pode considerar os artigos durante o recesso.

Já que os republicanos dificilmente realizarão um julgamento antes de 20 de janeiro, os democratas do Senado poderão realizar um julgamento depois que Trump deixar o cargo, uma vez que oficialmente obtiverem a maioria.

A Casa Branca instou a Câmara a não avançar com o impeachment em um comunicado na sexta-feira (8). “Como disse o presidente Trump ontem, este é um momento de cura e unidade como uma nação. Um impeachment politicamente motivado contra um presidente com 12 dias restantes em seu mandato servirá apenas para dividir ainda mais nosso grande país”, disse o vice-secretário de imprensa Judd Deere.

Zachary B. Wolf, Clare Foran, Lauren Fox, Manu Raju, Jeremy Herb e Daniella Diaz contribuíram para esta reportagem.

Fonte: CNN Brasil