O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reconheceu hoje que houve "excesso" por parte do agora ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio, que foi demitido ontem. Ele negou, porém, que a saída de Antônio e a futura nomeação de Gilson Machado, presidente da Embratur, sejam uma tentativa de conquistar apoio na Câmara dos Deputados.
A decisão pela exoneração foi tomada após o ministro ter enviado uma mensagem em um grupo interno do governo, acusando o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, de ser "traíra" e de negociar com o Congresso "a um preço altíssimo". O teor da mensagem foi confirmado a Carla Araújo, colunista do UOL, por outros dois ministros.
"Houve excesso, mas está resolvido. Infelizmente nós exoneramos o ministro Marcelo Álvaro Antônio, mas ele continua amigo nosso e no que pudermos ajudá-lo, ajudaremos", disse Bolsonaro durante sua live semanal.
O presidente criticou a imprensa —mais especificamente, a Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo— por veicular que a demissão de Antônio já estava definida antes mesmo do episódio envolvendo o ministro Ramos. De acordo com os jornais, Bolsonaro pretendia, no futuro, dar o cargo a um parlamentar em uma possível reforma ministerial.
"Folha de S.Paulo, não teve nada de negociação. Impressionante, ou a Folha deturpa o que fala ou inventa. O Estado e a Folha parecem marido e mulher, vivem juntos, cheios de amor. O Estado de S.Paulo diz: 'Demissão do Turismo expõe ofensiva do governo na Câmara'. Ou seja, eu estaria entregando o ministério para alguém de um partido qualquer em troca de apoio na Câmara", acrescentou, negando que isso teria ocorrido.
Bolsonaro também afirmou que a posse de Machado deve ser marcada para a próxima semana. "Assinei hoje o seu termo de posse. Vai ser publicado, vamos fazer um evento", disse. Em seguida, o presidente brincou com o futuro ministro, que estava ao seu lado na live. "Você vai tomar posse segunda, ou quer deixar para quinta? Até lá posso me arrepender, hein?", disse, aos risos.
O novo ministro afirmou que pretende recuperar a imagem do Brasil no exterior. "Nosso país foi arquitetado para dar certo. Através do turismo, a gente vai fazer esse país ter o protagonismo que tem", afirmou.
Sem mostrar provas ou citar as fontes que respaldavam suas afirmações, Machado explicou que os aeroportos estão ficando lotados e que o setor está se recuperando. "A previsão é que em janeiro chegue a quase 100% da malha aérea interna (operando)", declarou.
Na manhã de hoje, o novo ministro divulgou uma nota à imprensa em que pediu que os estados não retomassem o lockdown no final deste ano, temendo que a crise no setor se agravasse. "Não podemos implementar lockdownnovamente, pois o setor não aguenta."
Fonte: UOL