Política

‘Quem deve dar a resposta é o governo federal’, diz governador sobre apagão no AP





Waldez Góes (PDT) declarou que houve falha na fiscalização na empresa privada contratada para fornecer energia ao estado. Ministério de Minas e Energia não quis comentar. Saiba como o serviço chega ao Amapá.

O governador do AmapáWaldez Góes (PDT), afirmou em entrevista à Globonews nesta quinta-feira (9) que quem deve identificar e punir os culpados pelo apagão energético, que chegou ao 7º dia com uma retomada falha no fornecimento de energia, são os órgãos federais (assista ao vídeo acima). O Ministério de Minas e Energia não quis comentar sobre o assunto.

“Estou cobrando também todos os dias. Quem deve dar resposta ao desastre em termo de punição dos culpados é a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] e o Operador Nacional do Setor Elétrico [ONS], quem deve dar resposta da transmissão também é o governo federal, sim, porque já que a iniciativa privada é contratada, o governo federal deve dar resposta para isso”, disse.

Quase 90% da população do Amapá, o equivalente a 765 mil pessoas, ficou sem energia elétrica na última terça-feira (3), quando um incêndio atingiu a principal subestação do estado. Com a falta de eletricidade, houve problemas no fornecimento de água potável e nas telecomunicações, além de filas nos postos de combustíveis e prejuízos ao comércio.

Agora, com a reativação de apenas um dos três transformadores da distribuidora, o sistema opera com 70% da capacidade, em sistema de rodízio aos consumidores. A solução, porém, apresenta falhas. Há locais onde a interrupção dura até 12 horas, quando a previsão é que os turnos fossem de 6 horas.

Apagão no Amapá chega ao 7º dia com falhas em rodízio de energia 

Na entrevista, Waldez Góes agradeceu ajuda de entidades federais, que auxiliaram no retorno parcial da energia e ainda enviaram ajuda como água, medicamentos e alimentos, mas criticou o que chamou de falha na fiscalização da empresa contratada para fornecer energia ao estado, a Isolux -- a mesma responsável pela subestação de energia que pegou fogo.

“É verdadeiro que o setor privado tem culpa, junto com o setor público por não ter fiscalizado. A especulação, que digo porque a investigação é que vai dizer, é que o transformador que deveria ser sempre reserva, em condição de back up, há mais de 10 meses estava ali esperando manutenção. Irresponsabilidade da empresa dona da concessão e do poder público, através da Aneel ou do órgão nacional”, falou.

Ministério de Minas e Energia não quis comentar sobre a declaração. O G1 solicitou posicionamentos da Aneel, do ONS e da Isolux, mas não houve retorno até 13h. 

Como a energia chega ao Amapá?

O Amapá é produtor de energia por meio de 4 hidrelétricas instaladas em rios do estado. A produção de cerca de mil megawatts é lançada no Sistema Interligado Nacional (SIN) e redistribuído por meio de leilões em que as distribuidoras fazem a aquisição do que é gerado. O Amapá precisa de 250 megawatts, segundo o governo do estado.

Na entrevista, o governador explicou que o governo do Estado é responsável apenas pela distribuição da energia, por meio da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), que recebe da empresa transmissora, que é a Isolux. Essa empresa privada foi contratada pela União por meio de licitação.

O governador diz que, com a falha, provocada após os transformadores da Isolux pegarem fogo ao serem atingidos por um raio, espera que o sistema de distribuição de energia seja rediscutido. 

"Não é pra privilegiar nenhum estado produtor, é pra ser justo com os estados produtores. É um absurdo nós produzirmos com 4 hidrelétricas, jogarmos toda a produção no sistema nacional e estarmos em um sufoco enorme. [...] A entrega regular da energia a 100% da sociedade não depende do estado, depende do sistema, estou na posição de cobrador, depende do sistema nacional. A medida que essa energia 100% for entregue à distribuidora, ela também vai ser entregue ao consumidor de forma regular", disse o governador.

A Isolux era responsável pela operação de três transformadores, sendo que o terceiro deles, o que deveria atuar como backup do sistema, aguardava manutenção há quase um ano. Os outros dois foram afetados pelo incêndio. Apenas um deles foi recuperado.

 

Fase crítica

 

A gente está vivendo uma fase muito crítica’, diz pres. da Companhia de Eletricidade do Amapá 

Também pela manhã, o diretor-presidente da CEA, Marcos Pereira, falou que o Amapá vive uma fase crítica e reconheceu que os esforços feitos pela distribuidora ainda não atendem a demanda dos consumidores.

“A gente está vivendo uma fase muito crítica. A gente tem que atender, além dos serviços comerciais, uma série de procedimentos, dado o restabelecimento da energia, que é um sistema muito complexo. Isso tem causado problemas ao consumidor mesmo nesse sistema de revezamento”, falou.

Pereira informou ainda que com a forte chuva no momento do blackout, alguns equipamentos elétricos foram queimados e somente após o restabelecimento da energia foi possível notar as falhas na rede.

“Elas estão sendo solucionadas a medida que o consumidor está entrando em contato com o call center e faz essas reclamações. Também é necessário que o consumidor entenda que é um sistema elétrico complexo, que para ligar determinada área e desligar outra é preciso uma série de manobras e procedimentos. Eventualmente esse tempo dura entre 30 minutos e uma hora. É esse o horário que acontece o revezamento”, pontuou.

Tanto o governador quanto o diretor-presidente da CEA declararam que um esforço conjunto conseguiu retomar o fornecimento no sábado, visto que a empresa responsável pela subestação não estava em condições de atuar nas várias frentes de trabalho.

Fonte: G1 - G1 AP — Macapá - https://g1.globo.com/google/amp/ap/noticia/2020/11/09/quem-deve-dar-a-resposta-e-o-governo-federal-diz-governador-sobre-apagao-no-ap.ghtml