O presidente Lula (PT) minimizou a relação entre o ex-presidente Jair Bolsonaro(PL) e o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e voltou a desconversar sobre concorrer à reeleição em 2026.
Em entrevista à CNN internacional, Lula tratou das eleições norte-americanas e do que esperar de Trump. Para Lula, os dois terão uma relação respeitosa a partir do ano que vem e deixou entender que não há relação entre o poder do republicano nos Estados Unidos e o ex-presidente brasileiro.
"Se ele [Bolsonaro] estava apoiando o Trump, ele não tem voto nos Estados Unidos", disse Lula. "O Bolsonaro era presidente e eu o derrotei", lembrou o brasileiro. A entrevista foi gravada na manhã de quinta (7) e exibida nesta tarde.
"Eu acho que cada candidato estabelece uma estratégia para ganhar as eleições", completou. Desde o resultado da eleição, na última terça (5), o próprio Bolsonaro tem feito relações entre os dois pleitos. O ex-presidente e seus aliados dizem avaliar que a vitória de Trump impactaria no Brasil, mesmo com ele inelegível para 2026.
Lula também voltou a falar que só deve concorrer em 2026 só for "para derrotar a extrema direita". "Se chegar na hora, os partidos [da base] entenderem que não tem outro candidato para enfrentar uma pessoa, sabe, de extrema direita, que seja negacionista, que não acredite na medicina, que não acredite na ciência, obviamente que eu estarei pronto para enfrentar", afirmou.
"Mas eu espero que não seja necessário", continuou. "Eu espero que a gente tenha outros candidatos e que a gente possa fazer uma grande renovação política no país e no mundo."
Não é o que se fala no Planalto e no governo. Apesar de Lula repetir essa dúvida, entre aliados e petistas não há nenhuma dúvida de que, se o presidente estiver com a mesma saúde em 2026, será ele o candidato à reeleição. Um possível substituto só é trabalhado para 2030.
Lula voltou a falar que os dois devem ter uma "relação civilizada" apesar das diferenças. "Dois chefes de Estado, quando se encontram, nós temos que conversar sobre os interesses dos Estados Unidos e os interesses do Brasil. O que será importante na relação de dois chefes de Estado", afirmou Lula à CNN Internacional.
O ponto da relação, como o UOL já indicou, deverá ser o pragmatismo econômico. "O Brasil tem uma relação privilegiada com os Estados Unidos, nós somos parceiros há muitas e muitas décadas, e eu acho que o estoque de investimento dos Estados Unidos no Brasil é muito grande", afirmou Lula.
Antes das eleições, Lula declarou sua torcida pela vice-presidente Kamala Harris. Desde que Trump ganhou, o brasileiro tem ponderado que, no primeiro mandato, teve boas relações tanto com presidentes democratas quanto com republicanos.
"Quando eu tomei posse, em 2003, dizia que eu ia ter dificuldade de ter relações com o [ex-presidente George W.] Bush, e foi uma relação extraordinária", continuou. Bush também é do Partido Republicano. "Eu tive uma boa relação com o [ex-presidente democrata Barack] Obama e tenho uma boa relação com o presidente [Joe] Biden."
Dois chefes de Estado, embora eles possam ter divergência política e ideológica, quando eles se encontram, o que prevalece é o interesse do Estado, não é o interesse pessoal. O que eu quero discutir com os Estados Unidos é o interesse da relação centenária de Brasil e Estados Unidos.
Lula, sobre futura relação com Trump
- PF descobre que extremistas do 8 de janeiro pretendiam sequestrar Lula
Arquivos recuperados pela Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid revelam que extremistas que atuaram nos atentados de 8 de janeiro monitoravam os passos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pretendeiam sequestrá-lo. Foram levantadas informações sobre os seguranças do chefe do Executivo e quais tipos de armamentos eram usados.
De acordo com o Uol, também foram levantadas informações sobre os seguranças do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF, na época presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A intenção seria sequestrar Lula e Moraes para consolidar um golpe de Estado. As informações foram confirmadas ao Correio por fontes na PF. Entre as ações planejadas, estava um confronto armado com os seguranças do presidente e do magistrado que resistissem a um ataque.
Moraes, relator do caso no Supremo, deu prazo de 60 dias extras para que a PF conclua as investigações que serão enviadas para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR). A PGR identificou ligações entre a articulação de um plano para colocar em prática um golpe de Estado e os atentados do 8 de janeiro. As informações foram enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ligam aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro aos ataques que atingiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede da suprema corte no ano passado, logo após o resultado das eleições e a posse do governo eleito. Também estão em andamento investigações sobre a participação do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro na tentativa de golpe.
As informações sobre a ligação entre os fatos investigados foram enviadas ao ministro Alexandre de Moraes. O elo foi revelado pelo Uol e confirmado pelo Correio junto a fontes na PGR e na Polícia Federal. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aponta que “a atuação da organização criminosa investigada foi essencial para a eclosão dos atos depredatórios”, se referindo à destruição de prédios públicos na capital federal por milhares de extremistas que chegaram a Brasília.
Bolsonaro afirmou, em depoimento à PF, que não tentou articular um golpe de Estado, que não pediu a elaboração de uma minuta golpista, ou seja, de um documento que determinaria a prisão de ministros do Supremo e estado de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no prédio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ex-presidente afirma também não teve relação com um documento de igual teor encontrado em um endereço ligado ao ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Fonte: UOL - Correio