“Todos nós - e sabemos isso - precisamos voltar ao coração da vida e da fé, porque o coração é “a fonte e a raiz de todas as outras forças, de todas as outras convicções E Jesus nos diz que a fonte de tudo é o amor, que nunca devemos separar Deus do homem”. Foi o que disse o Papa Francisco aos fiéis e peregrinos reunidos na grande Praça São Pedro na alocução que precedeu o Angelus deste domingo, 03 de novembro.
O Evangelho da liturgia de hoje – destacou o Santo Padre -, nos conta sobre uma das muitas discussões que Jesus teve no templo de Jerusalém. Um dos escribas se aproxima e o questiona: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?”. Jesus responde juntando duas palavras fundamentais da lei mosaica: “Amarás o Senhor teu Deus” e “amarás o teu próximo”. “Amarás o Senhor, teu Deus” e ‘amarás o teu próximo’.
Com sua pergunta – continuou o Papa - o escriba busca “o primeiro” dos mandamentos, ou seja, um princípio que sustenta todos os mandamentos; os judeus tinham tantos preceitos, que buscavam a base de todos eles, um que fosse o fundamental, que colocasse de acordo sobre o fundamental, e havia discussões entre eles, boas discussões porque buscavam a verdade.
O Papa Francisco destacou então que essa pergunta também é essencial para nós, para nossas vidas e para o caminho de nossa fé.
“Também nós, às vezes, nos sentimos dispersos em tantas coisas e nos perguntamos: mas, afinal, qual é a coisa mais importante de todas? Onde posso encontrar o centro da minha vida, da minha fé? E Jesus nos dá a resposta, combinando esses dois mandamentos que são os principais: “Amarás o Senhor teu Deus” e “amarás o teu próximo”. E esse é um pouco o coração da nossa fé”.
Jesus nos diz que a fonte de tudo é o amor, que nunca devemos separar Deus do homem.
“Ao discípulo de todas as épocas, o Senhor diz: no seu caminho, o que conta não são as práticas exteriores, como holocaustos e sacrifícios, mas a disposição de coração com a qual você se abre a Deus e a seus irmãos no amor”.
O Santo Padre reafirmou que podemos fazer muitas coisas, de fato, mas fazê-las somente para nós mesmos e sem amor é errado, fazê-las com o coração distraído ou com o coração fechado é errado. Muitas coisas devem ser feitas com amor.
O Senhor virá e, antes de tudo, nos perguntará: “Como você tem amado?”, disse o Papa, acrescentando: é importante fixar em nosso coração o mandamento mais importante. Qual é ele? Amar o Senhor, teu Deus, e amar o próximo como a si mesmo. E todos os dias façamos nosso exame de consciência e nos perguntemos: o amor a Deus e ao próximo é o centro de minha vida? Minha oração a Deus me impulsiona a ir ao encontro de meus irmãos e amá-los gratuitamente? Reconheço a presença do Senhor no rosto dos outros?
Francisco concluiu pedindo que a Virgem Maria, que trazia a lei de Deus impressa em seu coração imaculado, nos ajude a amar o Senhor e nossos irmãos.
Com base na Constituição italiana e, em particular, no artigo 11 sobre o repúdio total à guerra, o Papa Francisco lançou um novo e sincero apelo para pôr fim a todos os conflitos no mundo, silenciar as armas, favorecer o diálogo, o direito e as negociações como instrumentos para resolver as disputas. No final do Angelus deste primeiro domingo de novembro, o Pontífice, da janela do Palácio Apostólico, saudou os muitos fiéis reunidos na Praça São Pedro e se dirigiu diretamente ao grupo de “Emergency Roma Sud”, empenhado nestes dias - como há anos - em “recordar” o artigo 11 da Constituição italiana que diz:
“A Itália repudia a guerra como instrumento de ofensa à liberdade de outros povos e como meio de resolver disputas internacionais”.
“Recordem-se deste artigo, e ir avante!”, exortou o papa, saindo do texto escrito. “Que este princípio seja implementado em todo o mundo”.
“Que a guerra seja banida e que as questões sejam tratadas com as leis e negociações. Calem-se as armas, seja dado espaço ao diálogo.
Como toda quarta-feira, como todo domingo, Francisco faz uma lista dos territórios atingidos por conflitos. Uma lista que já se tornou um hábito, como infelizmente se tornou um hábito a barbárie que se verifica diariamente nessas terras, declinada em ataques, mísseis, tiroteios, atentados, bombardeios contra casas e estruturas civis. Ou até mesmo, como aconteceu em Jabalia, ao norte de Gaza, neste fim de semana, de acordo com informações divulgadas pelo Unicef, com o assassinato de cerca de cinquenta crianças e o ataque a um veículo pertencente à organização de trabalhadores envolvidos na distribuição de vacinas contra a pólio.
Rezemos pela martirizada Ucrânia, Palestina, Israel, Mianmar, Sudão do Sul
O Papa não se esqueceu, no final do Angelus, de dirigir um pensamento ao povo de Valência, atingido pela desastrosa inundação de Dana, que causou cerca de 210 mortes (o número de mortos aumentou) e uma quantidade incalculável de danos, enquanto o risco de infecções também está se espalhando devido à falta de acesso à água potável e ao transbordamento dos sistemas de esgoto.
Continuemos a rezar por Valência e por outros povos da Espanha que estão sofrendo tanto nestes dias
Francisco - que já havia rezado por Valência no Angelus de 1º de novembro, chegando a telefonar para o bispo dom Enrique Benavent Vidal - aproveitou a sua catequese inteiramente dedicada ao amor a Deus e ao próximo, como o coração e o núcleo de toda a fé cristã, para convocar os fiéis a uma espécie de mobilização, sobretudo espiritual, diante da tragédia que atingiu a Espanha.
O que eu faço pelo povo de Valência? Rezo? Ofereço algo? Pensem sobre esta pergunta.
Fonte: Vatican News