Cultura

Papa na Missa com canonizações: Vence não quem domina, mas quem serve por amor





Em Missa presidida pelo Papa Francisco na Praça São Pedro neste 20 de outubro, foram elevados à honra dos altares os franciscanos Manuel Ruiz López e sete companheiros e os leigos Francisco, Mooti e Raffaele Massabkis, conhecidos como "Mártires de Damasco"; Pe. José Allamano, fundador dos Missionários e Missionárias da Consolata; Ir. Elena Guerra, conhecida como "Apóstola do Espírito Santo" e a canadense Ir. Marie-Léonie Paradis, fundadora das Pequenas Irmãs da Sagrada Família de Sherbrooke.

Jesus pergunta a Tiago e a João: «Que quereis que vos faça?» (Mc 10, 36). E logo a seguir, desafia-os: «Podeis beber o cálice que Eu bebo e receber o batismo com que Eu sou batizado?» (Mc 10, 38). Jesus faz perguntas e, deste modo, ajuda-nos a discernir, porque as perguntas fazem-nos descobrir o que está dentro de nós, iluminam o que trazemos no coração. e que tantas vezes não sabemos.

Deixemo-nos interpelar pela Palavra do Senhor. Imaginemos que ele nos pergunta a cada um de nós: «O que queres que faça por ti?»; e a segunda pergunta «podes beber o meu cálice?»

Com estas perguntas, Jesus traz ao de cima o vínculo e as expectativas que os discípulos nutrem para com ele, com as luzes e sombras próprias de qualquer relação. Com efeito, Tiago e João estão ligados a Jesus, mas têm pretensões. Manifestam o desejo de estar perto dele, mas apenas para ocupar um lugar de honra, para desempenhar um papel importante, para “na sua glória, se sentarem um à sua direita e outro à sua esquerda” (cf. Mc 10, 37). Torna-se evidente que pensam em Jesus como Messias, um Messias vitorioso, glorioso e esperam que Ele partilhe a sua glória com eles. Veem em Jesus o Messias, mas pensam nele segundo a lógica do poder.

Jesus não se detém nas palavras dos discípulos, mas vai mais fundo, escuta e lê o coração de cada um deles e também de cada um de nós. E durante o diálogo, por meio de duas perguntas, procura trazer à tona o desejo que existe dentro daqueles pedidos.

Primeiro, pergunta: «Que quereis que vos faça?»; e esta interrogação revela os pensamentos dos seus corações, traz à luz as expectativas escondidas e os sonhos de glória que os discípulos cultivam secretamente. É como se Jesus perguntasse: “Quem queres que eu seja para ti?” E, assim, desmascara o que eles realmente desejam: um Messias poderoso e , um Messias vitorioso que lhes dê um lugar de honra. E tantas vezes na Igreja ocorre esse pensamento: a honra, o poder...

Depois, com a segunda pergunta, Jesus desmente esta imagem de Messias e ajuda-os, deste modo, a mudar de olhar, isto é, a converterem-se: «Podeis beber o cálice que Eu bebo e receber o batismo com que Eu sou batizado?». Revela-lhes, desta maneira, que não é o Messias que eles pensam que é; é o Deus de amor, que se abaixa para chegar aos que estão em baixo; que se faz fraco para levantar os fracos; que trabalha pela paz e não pela guerra; que veio para servir e não para ser servido. O cálice que o Senhor vai beber é a oferta da sua vida, e a sua vida que nos foi dada por amor, até à morte e morte de cruz.

E, portanto, à sua direita e à sua esquerda estarão dois ladrões, suspensos na cruz como Ele e não instalados confortavelmente em lugares de poder; dois ladrões pregados com Cristo na dor e não sentados na glória. O rei crucificado, o justo condenado torna-se escravo de todos: este é verdadeiramente o Filho de Deus! (cf. Mc 15, 39). Vence não quem domina, mas quem serve por amor. Repitamos: vence não quem domina, mas quem serve por amor. É o que nos recorda também a Carta aos Hebreus: «não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, pois Ele foi provado em tudo como nós» (Heb 4, 15).

Neste momento, Jesus pode ajudar os discípulos a converterem-se, a mudarem de mentalidade: «Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder» (Mc 10, 42). Mas não deve ser assim para aqueles que seguem um Deus que se fez servo a fim de chegar a todos com o seu amor. Quem segue Cristo, se quiser ser grande deve servir, aprendendo d’Ele.

Irmãos e irmãs, Jesus revela os pensamentos,  Jesus revela os pensamentos, revela os desejos e as projeções no nosso coração, desmascarando por vezes as nossas expectativas de glória, domínio, de poder, de vaidade. Ele ajuda-nos a pensar já não segundo os critérios do mundo, mas segundo o estilo de Deus, que se faz último para que os últimos sejam erguidos e se tornem os primeiros. Faz-se último para que os últimos sejam reerguidos e se tornem os primeiros. Muitas vezes, estas perguntas de Jesus, com o seu ensinamento sobre o serviço, são tão incompreensíveis, incompreensíveis para nós como o eram para os discípulos. Porém, seguindo-O, percorrendo os Seus passos e acolhendo o dom do Seu amor que transforma a nossa maneira de pensar, também nós podemos aprender o estilo de Deus o estilo de Deus: o serviço. Não esqueçamos as três palavras que mostram o estilo de Deus para servir: proximidade, compaixão e ternura. Deus se faz próximo para servir; se faz compassivo para servir; se faz terno para servir. Proximidade, compaixão e ternura…

É a isto que devemos aspirar: não ao poder, mas ao serviço. O serviço é o estilo de vida cristão. Não se trata de uma lista de coisas a fazer, como se, uma vez realizadas, pudéssemos considerar terminado o nosso turno. Quem serve com amor não diz: “agora toca a outro”. Este é um pensamento de empregados, não de testemunhas. O serviço nasce do amor e o amor não conhece fronteiras, não faz cálculos, mas gasta-se e dá-se. O amor não se limita a produzir para ter resultados, nem é uma prestação ocasional; é sim algo que nasce do coração, um coração renovado pelo amor e no amor.

Quando aprendemos a servir, cada gesto de atenção e cuidado, cada expressão de ternura, cada obra de misericórdia torna-se um reflexo do amor de Deus. E assim todos nós - e cada um de nós - continuamos a obra de Jesus no mundo.

Nesta luz podemos recordar os discípulos do Evangelho, que hoje são canonizados. Ao longo da história conturbada da humanidade, foram servos fiéis, homens e mulheres que serviram no martírio e na alegria, como o Irmão Manuel Ruiz Lopez e seus companheiros. Trata-se de sacerdotes e consagradas fervorosos, e fervorosos de paixão, da paixão missionária, como o Padre Giuseppe Allamano, a Irmã Paradis Marie Leonie e a Irmã Elena Guerra. Estes novos santos viveram o estilo de Jesus: o serviço. A fé e o apostolado que realizaram não alimentaram neles desejos mundanos e avidez de poder; pelo contrário, eles fizeram-se servidores dos seus irmãos, criativos em fazer o bem, firmes nas dificuldades, generosos até ao fim.

Supliquemos com confiança a sua intercessão, para que também nós possamos seguir Cristo, segui-lo no serviço, e tornarmo-nos testemunhas de esperança para o mundo.

 

- Papa pede proteção da dignidade e do território dos povos da Amazônia

O milagre que levou à canonização do Beato José Allamno ocorreu entre o povo Yanomami, recordou o Papa no Angelus. Neste sentido, fez um apelo às autoridades políticas e civis para assegurarem a proteção a estes povos e aos seus direitos fundamentais, contra toda forma de exploração de sua dignidade e de seu território.

Entre os novos Santos para a Igreja, está o fundador das Missionárias e dos Missionários da Consolata, o sacerdote italiano José Allamano. Seu testemunho, disse o Papa ao final da Celebração Eucarística, "recorda-nos a necessária atenção às populações mais frágeis e vulneráveis". Disto, o seu apelo:

Penso em particular no povo Yanomami, da floresta amazônica brasileira, entre cujos membros ocorreu o milagre ligado à canonização de hoje. Apelo às autoridades políticas e civis para que garantam a proteção destes povos e dos seus direitos fundamentais e contra qualquer forma de exploração da sua dignidade e dos seus territórios.

O milagre que levou à canonização de Pe. Allamano ocorreu na Amazônia, com Sorino Yanomami, indígena da Missão Catrimani, onde o carisma da Consolata está presente desde 1965. Que o milagre tenha acontecido desse modo, “tem um significado muito importante, é para nós uma imensa alegria e satisfação”, afirmou na manhã de sábado na Sala de Imprensa da Santa Sé o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da CNBBl e do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

Apoiar os missionários com oração e ajuda 

O Santo Padre recordou ainda o Dia Mundial das Missões, pedidon apoio aos missionários:

Hoje celebramos o Dia Missionário Mundial, cujo tema – “Ide e convidai a todos para ou banquete (cf. Mt 22, 9) – nos recorda que o anúncio missionário consiste em levar a todos o convite ao encontro festivo com o Senhor, que nos ama e que nos quer partícipes da sua alegria esponsal. Como nos ensinam os novos Santos: “cada cristão é chamado a participar nesta missão universal com o seu testemunho evangélico em cada ambiente” (Mensagem para a XCVIII Jornada Mundial das Missões, 25 de janeiro de 2024). Apoiemos, com a nossa oração e a nossa ajuda, todos os missionários que, muitas vezes com grande sacrifício, levam o anúncio luminoso do Evangelho a todas as partes da terra.

Rezar pela paz

E continuemos a rezar pelas populações que sofrem com a guerra – a martirizada Palestina, Israel, o Líbano, a martirizada Ucrânia, o Sudão, Mianmar e todos as outras – e invoquemos o dom da paz para todos.

Que a Virgem Maria - disse o Papa ao concluir - nos ajude a ser, como Ela e como os Santos, corajosas e alegres testemunhas do Evangelho.

Ao final da Missa com as canonizações, o Papa agradeceu a todos que "vieram honrar os novos Santos", saudando os cardeais, bispos, sacerdotes, pessoas consagradas, e em particular "os Frades Menores e os fiéis maronitas, os Missionários da Consolata, as Irmãzinhas da Sagrada Família e as Oblatas do Espírito Santo", bem como outros grupos de peregrinos vindos de vários lugares. Menção também à presença do presidente da República italiana, Sérgio Mattarella e da vice-presidente de Uganda, Jessica Alupo, que acompanha um grande grupo presente na Praça São Pedro por ocasião dos 20 anos da canonização dos Mártires de Uganda.

 

- Canonização de Elena Guerra, a apóstola do Espírito Santo

A fundadora da Congregação das Irmãs Oblatas do Espírito Santo é canonizada pelo Papa Francisco neste domingo, 20 de outubro. O postulador Paolo Vilotta ao Vatican News: uma mulher sem medo, corajosa, com coração.

Vale a pena conhecer a fundo a vida da Beata Elena Guerra, originária de Lucca, que viveu no século XIX, e que será canonizada pelo Papa Francisco na manhã deste domingo, 20 de outubro. Uma santa profeta, que fez do amor ao Espírito Santo a sua razão de ser.

“Apóstola da devoção ao Espírito”, definiu-a São João XXIII na homilia da beatificação de 26 de abril de 1959. Mulher santa, mas também culta, aprendeu sozinha o latim para poder ler os Padres da Igreja. Escreveu treze cartas ao Papa Leão XIII. O resultado foram três documentos sobre o Espírito Santo: o breve Provida matris caritate de 5 de maio de 1895, a Encíclica Divinum illud munus de 9 de maio de 1897 e a Exortação Ad fovendum in christiano populo de 1902. Estes documentos representam um momento cardeal no desenvolvimento da Doutrina católica sobre o Espírito Santo.

Nascida em Lucca, em 23 de junho de 1835, viveu uma infância fecunda em família nobre, mas conhecida pela integridade moral e religiosa. Dos três filhos, duas irmãs mais novas morreram cedo, enquanto o irmão mais velho, Almerigo, tornou-se cônego. Como menina de boa família, em um contexto que negava às filhas mulheres a oportunidade de estudar, Elena escapou, no entanto, ao seu destino plácido e certo, estudando nos livros do irmão, à noite, furtivamente, usando cascas de nozes como lanterna.

Mas a sua necessidade de emancipação tornou-se imediatamente uma vocação, “a chama que me devora para a glória de Deus e a salvação das almas” que sentiu muito forte no seu coração depois da Confirmação e da Primeira Comunhão. Fundadora da Congregação das Oblatas do Espírito Santo, faleceu em 11 de abril de 1914, Sábado Santo.

Aos meios de comunicação vaticanos, o postulador da causa de Elena Guerra, Paolo Vilotta, explica os seus carismas à luz do processo de canonização. “No caso da beata de Lucca, a santidade é declarada após a aprovação de dois milagres: um caso ocorrido no Brasil, considerado extraordinário nas diversas etapas. Acredito firmemente – explica – que em todas as causas o momento da beatificação e da canonização não ocorre por acaso. Há sempre algo de divino, uma ordem vertical. Na vida de Elena Guerra temos a oportunidade de ver seu grande desejo, suas intuições, tudo coroado por uma oração incessante”.

“Desde pequena – continua o postulador – durante a Crisma, ela teve um impacto importante com o Espírito Santo, é  quase que fulminada por ele e faz disso a sua motivação. Ao mesmo tempo, dedica-se à caridade para com o próximo, também na forma de estudo. Sempre me emociona ver a imagem dela ouvindo secretamente as lições dadas ao irmão por um sacerdote, pois era de família nobre. A partir daí passou a dar importância à escrita, não voltada a si mesmo, mas para divulgar e difundir a devoção ao Espírito Santo. Imaginemos uma mulher que segue o seu caminho contemplativo, depois a sua vida ativa, depois os seus fundamentos e que também chega a tecer uma estreita troca de cartas com o Papa. E que também dá forma e importância ao valor do Espírito Santo na doutrina da Igreja e insiste na oração do Espírito”.

Na sua opinião, como ela descobre o Espírito Santo? Elena Guerra foi uma pioneira, mas fez muito mais, descobriu a sabedoria do Espírito Santo. Ela foi "fulminada" precisamente quando faz a Crisma, o sacramento por excelência do Espírito Santo. Mas como ela entende isso?

Estou convencido de que é precisamente uma epifania e, portanto, certamente também um dom da graça. Ela o reconhece e por isso o cultiva como um talento, mas neste caso é claramente algo mais, algo de espiritual. Há uma grande continuidade entre o que ela havia recebido e vivenciado naquele momento e o que também pode manifestar por meio do estudo. 

Elena está ligada às figuras dos Papas, escreve ao Papa Leão XIII e ele lhe responde. Nisto recorda Santa Catarina…

Elas têm a mesma Sabedoria. Em primeiro lugar, Elena não tem medo. Gosto de usar o termo coragem, que traduzido para o napolitano “'aggio core” significa “tenho coração”, o que é uma coisa maravilhosa. Escreve ao Papa, ao vigário de Cristo que na época era visto com muito mais deferência. Devemos mergulhar naquela mentalidade com aquela coragem, com aquele coração que ela absolutamente tinha dentro de si, sem qualquer recomendação, mas somente semeando ao longo do seu caminho e em todos os lugares. Primeiro a Crisma, depois Roma, depois o Papa. Foi em 1870, e durante um Concílio ela também teve uma inspiração ali. A sua vida foi uma peregrinação contínua e é isso que é pedido a nós, cristãos.

Há também outras figuras femininas, em particular na Toscana, que no século XIX compreenderam que a emancipação de uma mulher passa primeiro pelo saber ler e escrever. Elena Guerra faz mais: também ensina o catecismo, portanto ensina às meninas a terem consciência religiosa e cultural...

Partindo da experiência pessoal, expondo-se, estudando secretamente, Elena Guerra entende a importância do compreender. Ela entende os limites de seu tempo e age. Inicia de forma gradual. Começa pelo catecismo, com a oração e isto é maravilhoso. Não rezando mecanicamente, mas proferindo um discurso já catequético. A partir daí ela consegue inserir também o aspecto intelectual. Escrevia na imprensa na época, escreve sobre o namoro, sobre mocinhas, sobre o problema do trabalho.

Entre as flores nascidas do carisma de Elena, porque há muitas santas em Lucca, há Gemma Galgani....

Gemma estava iniciando os estudos na escola da Beata Guerra, mas por problemas familiares e de saúde teve que sair. Se alguém fala de Lucca, também o faz com uma longa lista de santidade. Vi o empenho da sua Congregação nos últimos anos, que agora precisa absolutamente ser relançado. E nisso também se insere a questão das mulheres.

Todo o movimento da Renovação do Espírito também deriva de Elena Guerra...

Ela foi a força motriz por trás disso. No Brasil em particular é absolutamente conhecida pelos carismáticos, assim como na Argentina, que também muito contribuíram em oração pela intercessão da causa.

Seria bom que a futura santa também se tornasse doutora da Igreja...

Este é um bom ponto de partida para o futuro próximo.

 

- Canonização dos mártires de Damasco, sinal de esperança para os cristãos

Antes da canonização dos Mártires de Damasco neste domingo 20 de outubro, o Pe. Luke Gregory da Custódia da Terra Santa afirma que o testemunho deles oferece um sinal de esperança e ecumenismo para os cristãos em todos os lugares, especialmente aqueles na Síria, onde os cristãos representam cerca de 2% da população.

Na noite de 9 de julho de 1860, onze homens — oito frades franciscanos e três leigos maronitas, conhecidos como os onze mártires de Damasco — foram assassinados e, em 1926, o Papa Pio XI os beatificou. 160 anos mais tarde, o Papa Francisco os eleva à honra dos altares na Missa celebrada na Praça São Pedro neste domingo, 20 de outubro, Dia Mundial das Missões.

Em uma entrevista ao Vatican News, o Pe. Luke Gregory, franciscano da Custódia da Terra Santa, descreveu sua canonização como um sinal de esperança em meio ao conflito em andamento no Oriente Médio.

Martírio: uma mensagem de ecumenismo

O martírio que eles suportaram não é muito diferente da situação de muitos cristãos no Oriente Médio hoje.

Damasco, localizada na Síria, é o lar de uma das comunidades cristãs mais antigas do mundo, mas apenas cerca de 2% da população ainda se identifica com a fé. Na última década, os cristãos têm enfrentado perseguição na Síria, após a guerra civil do país que começou em 2011.

Todos os onze homens serão canonizados, embora o grupo seja composto por diferentes ritos católicos. Em 2023, o Papa Francisco estabeleceu a “Comissão de Novos Mártires — Testemunhas da Fé” para catalogar os cristãos que morreram por sua fé em Cristo. Por meio da Comissão, vários cristãos não católicos também foram incluídos na lista de mártires, incluindo os cristãos coptas decapitados em uma praia na Líbia.

Um sinal de esperança

Para os cristãos no Oriente Médio, o Pe. Gregory disse que refletir sobre a vida desses homens "dá um sinal de esperança porque depois do derramamento de sangue há uma nova primavera".

Ele explicou que os franciscanos da Custódia da Terra Santa esperam que a intercessão desses mártires leve ao fim do conflito em Israel, Palestina e outras partes do Oriente Médio.

Além da esperança, o franciscano disse que reza para que o exemplo deles e a canonização possam ser uma forma de abrir uma linha de comunicação entre diferentes grupos religiosos e ajudar a trazer a paz.

"O mundo inteiro estará olhando" para a canonização, afirma ele, que diz esperar que "leve ao diálogo".

Um lugar de peregrinação e oração

Há um santuário em Batumah em homenagem aos 11 homens, observou o padre Gregory, acrescentando que ele está "sendo reformado e aberto ao público".

Em julho de 2024, foram apresentadas cinco grandes tapeçarias com as imagens dos mártires, que datam de 1926, quando foram beatificados.

Pe. Gregory expressou sua esperança de que, quando o conflito no Oriente Médio terminar, as peregrinações à Terra Santa possam ser retomadas e mais pessoas possam visitar o local desses mártires de Damasco.

 

- Papa ao Corriere dello Sport: falar do esporte como um hino à vida

Em uma mensagem por ocasião do centenário do jornal, Francisco encoraja a “trabalhar em equipe” como ensinam os valores do desporto. “Difundir uma sã cultura do esporte – escreve – significa fazer crescer a humanidade em seus valores mais belos e autênticos”

Histórias, valores, indicações para escrever páginas que contem vitórias e derrotas mas sobretudo promovam “uma forma de pensar e vivenciar o esporte como um hino à vida!”. É o que diz em síntese a mensagem do Papa Francisco enviada ao Corriere dello Sport-Stadio, por ocasião de seus cem anos, “uma bela corrida – escreve – afinal, entre aqueles que contribuíram para o nascimento do jornal estava um certo Enzo Ferrari, que entendia de motores e vitórias!”. O Pontífice recorda também os dois milhões de exemplares vendidos após a vitória da Itália na Copa do Mundo de 2006.

Fraternidade em campo

Francisco recorre às suas memórias de infância, voando com os pensamentos para a Argentina, “quando como crianças jogávamos futebol com uma bola feita de trapos” e pensando em muitos campeões que começaram assim.

“Como é bonito – sublinha o Papa – experimentar o sentido da fraternidade: se joga, e se joga juntos, e se sabe que se é adversário somente em campo, nunca inimigos”. Um campo que se torna um espaço de experimentação de forças e limites porque “somos todos preciosos e únicos, mas não somos perfeitos”.

Espaços abertos para praticar esportes em contextos pobres

“Alguém diz – escreve Francisco – que sou torcedor do San Lorenzo, time argentino: permanece um egredo”, mas uma coisa bonita, acrescenta, é que um sacerdote de origem italiana, padre Lorenzo Massa, abriu as portas do oratório a tantos jovens que procuravam um espaço seguro. Disto o apelo hoje à criação de “espaços para a prática desportiva, especialmente nos contextos mais pobres e isolados”, chamando em causa adultos “que acolham as crianças e os jovens de forma autêntica”, à escuta dos seus sonhos. Na Itália, muitos campeões, sublinha, começaram precisamente em um oratório.

A cultura do esporte para ajudar a humanidade a crescer

“O esporte – acrescenta o Papa – é um dos fatores que nos faz sentir como um só povo”. É fundamental “caminhar unidos, sentir-se parte de uma única família, e de uma família de nações durante as Olimpíadas ou campeonatos mundiais ou continentais”.

Contudo, Francisco não esconde o fato de que nestes anos povos vizinhos se armaram uns contra os outros. “A competição desportiva é saudável, porque exige paciência, escuta do treinador, respeito pelos adversários, pelas regras e pelos árbitros, coordenação com os companheiros: no mundo, no entanto, muitas vezes o objetivo é a destruição do adversário, ao ditar as próprias regras, ao rejeitar quem quer moderar o confronto entre as partes de acordo com o direito internacional". O convite de Francisco, portanto, é para difundir “uma sã cultura do esporte, o que significa fazer crescer a humanidade nos seus valores mais belos e autênticos”.

Formar equipe

Favorecer um clima de “humanidade autêntica e acolhedora” para combater os episódios de intolerância: esta é a exortação do Papa, para que se trabalhe em equipe “sem que a raça, a classe ou a confissão religiosa sejam obstáculos ou barreiras”.

“Devemos rejeitar toda lógica de exclusão e violência, e por isso sabemos bem que a palavra tem o seu valor, para educar para o bem e a beleza, em vez de destruir. Um artigo de jornal, mesmo esportivo, pode fazer muito bem, mas também pode prejudicar ou fomentar um clima de desconfiança: que com vocês não aconteça isso, por favor!”.

Hino à vida

Por fim, Francisco menciona as Olimpíadas e Paraolimpíadas onde atletas incríveis se alegraram com suas performances, "pois a alguns deles a vida lhes deu a medalha de ouro, pela forma como conseguiram vencer, graças à sua força interior e à ajuda de todos, os desafios de sua deficiência". Desafios e vitórias que são um hino à vida que é então a recomendação final do Papa: “que o teu jornal seja uma forma de pensar e viver o esporte como um hino à vida!”.

 

- Papa à Ação Católica: não fechar a porta aos migrantes, mas integrá-los

Em uma breve mensagem em vídeo aos participantes da Conferência nacional de presidentes e assistentes diocesanos da Ação Católica Italiana, em andamento em Sacrofano (Roma), Francisco recorda que a ordem de Jesus “dai-lhes de comer” se aplica a todos os necessitados”, para acompanhá-los, para que não submerjam. Em particular os migrantes".

“Não podemos fechar a porta ao migrante. O migrante deve ser acolhido, acompanhado, promovido e integrado. Em suas mãos ele fará todos crescerem." 

É o que destaca o Papa Francisco na mensagem em vídeo em espanhol, dirigida aos participantes na Conferência nacional dos presidentes e assistentes diocesanos da Ação Católica Italiana, que se realiza em Sacrofano (Roma).

“'Dai-lhes de comer' é uma ordem de Jesus que envolve todos. Extender a eles a mão para acompanhá-los. Extender uma mão a eles para que não submerjam, "especialmente os migrantes”, continuou o Pontífice, recordando que “no Antigo Testamento são continuamente mencionadas três pessoas necessitadas: a viúva, o doente e o migrante. Deus ama muito o migrante, cuidem deles”.

Fonte: Vatican News