Política

Primeiro voo de repatriação deve trazer 220 brasileiros de Beirute





O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o ministro da Defesa, José Múcio, e o comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno, concederam entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (3) para detalhar a operação que deve trazer os primeiros brasileiros do Líbano para o Brasil.

O primeiro voo de resgate parte nesta sexta-feira (4) de Lisboa, em Portugal, para a capital libanesa. O avião da Força Aérea Brasileira, um KC-30, deve chegar a Beirute por volta de 10h, horário de Brasília, 16h, horário local, retornando em seguida para a capital portuguesa. De Lisboa, ele seguirá para São Paulo, onde o desembarque está previsto para às 8h de sábado (5).

O Itamaraty estima em 220 o número de passageiros nessa primeira repatriação. O objetivo do governo brasileiro é repatriar cerca de 500 pessoas por semana. Terão prioridade de embarque idosos, mulheres, crianças e pessoas com necessidades médicas.

Alternativas

"Estamos repetindo o que fizemos de outubro do ano passado até o início desse ano com relação aos brasileiros que estavam na Palestina, Faixa de Gaza e Israel. A operação foi muito bem-sucedida, com cerca de 1.600 cidadãos repatriados", lembrou Mauro Vieira.

As rotas dos voos podem sofrer alterações em função das condições de segurança. Perguntado sobre uma possível saída pela Síria, por base russa, o ministro da Defesa disse que outras alternativas estão sendo examinadas.

Ao todo, cerca de 20 mil brasileiros residem no Líbano. O país se tornou alvo de ataques israelenses nos últimos dias. Israel combate integrantes do Hezbollah no território libanês.

Até o momento, só pousaram no Líbano, para repatriação, aeronaves de quatro países. Estima-se que o Brasil será o sétimo país a ter uma aeronave de resgate com pouso autorizado.

 

- Dezenas de profissionais de saúde são mortos no Líbano, diz OMS

 Pelo menos 28 médicos em serviço foram mortos nas últimas 24 horas no Líbano, onde Israel lançou ataques aéreos e enviou tropas para combater o Hezbollah em um conflito cada vez maior, disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, nesta quinta-feira (3).

"Muitos profissionais de saúde não estão se apresentando ao serviço e fugiram das áreas onde trabalham devido aos bombardeios", afirmou o diretor em entrevista coletiva online, pedindo mais proteção para esses profissionais.

"Isso está limitando severamente o fornecimento de gerenciamento de traumas em massa e a continuidade dos serviços de saúde", disse.

A agência de saúde global não será capaz de entregar uma grande remessa planejada de suprimentos médicos e de trauma para o país nesta sexta-feira (4) devido a restrições de voo, acrescentou.

O representante da OMS no Líbano, o médico Abdinasir Abubakar, informou, na entrevista coletiva, que todos os profissionais de saúde mortos estavam em serviço, ajudando com os feridos.

Quase 2 mil pessoas foram mortas, incluindo 127 crianças, e 9.384 ficaram feridas desde o início dos ataques israelenses ao Líbano no ano passado, segundo o Ministério da Saúde do país.

"Os hospitais já foram esvaziados. Acho que o que posso dizer por enquanto é que a capacidade de gerenciamento de vítimas em massa existe, mas é apenas uma questão de tempo até que o sistema realmente atinja seu limite", disse Abubakar.

 

- Fortes explosões são vistas na região do aeroporto de Beirute; FAB planejava pousar no local para resgatar brasileiros

Governo do Líbano disse que Israel lançou bombardeio na região durante a madrugada de sexta-feira (3), pelo horário local. Provável novo chefe do Hezbollah seria um dos alvos. Itamaraty não informou se haverá mudanças no resgate de brasileiros após as explosões.

Uma série de fortes explosões foi vista próximo ao aeroporto de Beirute, capital no Líbano, na madrugada de sexta-feira (4), pelo horário local — noite de quinta-feira (3), no Brasil. O ministro dos Transportes do Líbano afirmou que as explosões foram provocadas por um ataque israelense. 

O site Axios, citando fontes militares de Israel, disse que o alvo do ataque seria Hashem Safi al-Din, um dos chefes do Hezbollah. Ele é visto como um dos favoritos a se tornar o número 1 do grupo extremista, após a morte de Hassan Nasrallah. O paradeiro de Safi al-Din é desconhecido. 

Até a última atualização desta reportagem Israel não havia se pronunciado sobre o ataque. 

As explosões acontecem em meio às tentativas de retiradas de cidadãos estrangeiros do Líbano. O Brasil, por exemplo, aguarda autorização para pousar uma aeronave em Beirute e resgatar brasileiros. A previsão era de que um voo da FAB chegasse ao Líbano na sexta-feira. Ainda não se sabe se haverá mudanças na operação. 

Países como Rússia, Reino Unido e Espanha montaram forças-tarefas para evacuar seus cidadãos por meio de voos. A Austrália, por sua vez, também adotou uma estratégia para resgatar as pessoas por via marítima. 

Testemunhas ouvidas pela Reuters afirmaram que ouviram jatos sobrevoando a região do aeroporto de Beirute, na madrugada de sexta-feira. Imagens mostram aviões comerciais pousando no terminal pouco antes das explosões.

Nos últimos dias, Israel lançou uma série de ataques aéreos contra alvos do Hezbollah em Beirute. Os militares também mantêm uma frente de batalha no sul do país, na região de fronteira. 

Em duas semanas, ataques israelenses em todo o território libanês provocaram 1,9 mil mortes. Somente nesta quinta-feira, 37 pessoas foram mortas e 151 se feriram em ataques, de acordo com o Ministério da Saúde do Líbano. 

g1 entrou em contato com a FAB e com o Itamaraty para saber se haverá mudanças na operação para resgate de brasileiros no Líbano. A reportagem aguarda retorno. 

Israel disse que está fazendo uma operação militar contra o grupo extremista Hezbollah. Embora tenha atuação política no Líbano, a organização possui um braço armado com forte influência no país. Além disso, o Hezbollah é apoiado pelo Irã e é aliado dos terroristas do Hamas. 

Os extremistas têm bombardeado o norte de Israel desde outubro de 2023, em solidariedade aos terroristas do Hamas e às vítimas da guerra na Faixa de Gaza. 

Nos últimos meses, Israel e Hezbollah viveram um aumento nas tensões. Um comandante do grupo extremista foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida. 

Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos: 

  • Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.
  • A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
  • Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando "uma nova fase na guerra".
  • Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
  • Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
  • Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
  • Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, por meio de um bombardeio em Beirute.
  • Israel lançou uma operação terrestre no Líbano "limitada e precisa" contra alvos do Hezbollah, no dia 30 de setembro.
  • Em 1º de outubro, o Irã atacou Israel como resposta à morte de Nasrallah e outros aliados do governo iraniano.

 

 

Fonte: g1 - Agência Brasil