Cultura

O Papa: o testemunho pessoal e crível é o que importa na transmissão da fé





“A riqueza da fé é um dom de Deus que recebemos não só para nós mesmos, mas também para os outros.” Foi o que disse o Papa aos peregrinos da Diocese de Dresden-Meißen e da Igreja Evangélica Luterana da Saxônia. O coral Dresdner Kapellknaben cantou para Francisco.

Antes da missa de abertura da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade celebrada, na Praça São Pedro, na manhã desta quarta-feira (02/10), o Papa Francisco recebeu, numa sala adjacente à Sala Paulo VI, alguns peregrinos alemães da Diocese de Dresden-Meißen e da Igreja Evangélica Luterana da Saxônia.

Em seu discurso, Francisco ressaltou a importância de redescobrir “os tesouros espirituais da peregrinação”, pois “toda a riqueza da nossa fé é um dom de Deus que recebemos não só para nós mesmos, mas também para os outros, para as pessoas que nos rodeiam, incluindo aquelas que parecem distantes da fé, que ainda não ouviram falar de Cristo, ou pensam que ela não tenha nada de importante para lhes dizer”. “Parece-me que a vida de muitas pessoas hoje carece de sentido, esperança e alegria que o mundo não pode lhes proporcionar”, disse ainda o Papa, exortando os peregrinos alemães “a partilhar com todos o sentido, a esperança e a alegria da fé, com confiança e humildade”.

Levar a sério a missão ecumênica

O testemunho pessoal e crível é o que importa na transmissão da fé. E como critério de credibilidade, o próprio Senhor menciona a unidade dos seus discípulos e pede ao Pai: «Para que todos sejam um, para que o mundo creia».

“Em nome da Igreja, agradeço a vocês por levarem a sério esta missão ecumênica de Jesus e por tentarem realizá-la com esta peregrinação comum e, igualmente importante, na vida quotidiana.”

Depois de elogiar a presença de vários voluntários no grupo, exemplo de “serviço gratuito” que é um “testemunho particularmente crível”, o Papa agradeceu ao coral Dresdner Kapellknaben pelo “seu testemunho”. Este coral tem uma história de mais de trezentos anos. Hoje, anima as missas dominicais na catedral da Diocese de Dresden-Meißen e realiza turnês regulares no país e no exterior.

A arte em geral, mas a música em particular, é uma linguagem compreendida por todos e é capaz de interpelar, inspirar e elevar a pessoa.

Segundo o Papa, “algumas coisas são difíceis de expressar em palavras, e isto é especialmente verdade no caso do mistério divino, que vai muito além dos nossos pensamentos e conceitos. É por isso que temos nas igrejas esse rico simbolismo, que torna tangível e concreto o indizível: velas, incenso, arte e música! Obrigado pelo uníssono maravilhoso, pela harmonia que muitas vozes encontram e que nos lembra a obra do Espírito Santo, que une a muitos”.

“O milagre” da unidade alemã

A seguir, Francisco relembrou um episódio histórico em que alguns cristãos protestantes e católicos se confrontaram com a Polícia, em Dresden, em outubro de 1989.

“Foi como um milagre que nem um único tiro tenha sido disparado e que em outras cidades também tenha sido aberto um caminho de paz que ninguém teria pensado ser possível e que acabou levando ao “milagre” da unidade alemã.”

Francisco concluiu o encontro com a oração do Pai-Nosso, através da qual pediu “tudo o que precisamos para viver, para a nossa peregrinação, ao final da qual se realizará a nossa grande esperança: a plena harmonia na comunhão com Deus e entre nós”.

Fonte: Vatican News