Política

Cobrado por entrega de universidades, Lula critica MEC de Bolsonaro





“Galinha bota um ovo de cada vez”, disse o presidente ao ser questionado sobre obras inacabadas em inauguração de campus da Unifesp

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi publicamente cobrado por uma universitária em seu discurso durante evento de inauguração do novo campus da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em Osasco (SP).

A estudante de Direito Jamilly Fernandes Assis chamou atenção para o que ainda não está finalizado na sede da universidade: o auditório, o prédio da biblioteca, a quadra e os anfiteatros.

“Depois de muita luta e 14 anos de espera, finalmente estamos presenciando a inauguração oficial de apenas metade da Unifesp Quintaúna, o qual foi aguardado ansiosamente por toda a comunidade acadêmica”, disse.

Ainda, pediu a instalação de uma moradia estudantil para os alunos que moram fora da cidade.

“A Unifesp ainda não é de todos, todas e todes. Ainda não é nossa, no plural. Ainda é um caminho solitário para a maioria de nós e devemos trabalhar com a realidade. A luta continua em prol da outra metade do campus e melhores condições de permanência estudantil”, afirmou Jamilly.

Lula respondeu às críticas ao comparar a insatisfação de dirigentes sindicais com as conquistas após negociações.

“Às vezes de 100 itens nós atendemos 99, e aí quando vamos em ato público para anunciar, ao invés do companheiro dirigente começar o discurso agradecendo as 99, ele vai reclamar de uma que não foi atendida”, disse. 

Afirmou ainda que todos têm o direito de cobrar e pensar “na moradia, na bolsa e no restaurante”, mas ressaltou a importância de lembrar que “a galinha bota o ovo de cada vez”.

Segundo o presidente, as obras ficaram paradas desde o final do seu 2º mandato. “É importante lembrar que isso aqui ficou parado por muitos anos por falta de responsabilidade de governantes”, afirmou.

Sem citar nomes, fez referência ao ex-ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro (PL), Abraham Weintraub, ex-professor demitido da Unifesp por faltas injustificadas ao trabalho.

“Vocês aqui de Osasco, estudantes dessa universidade, sabem fazer a diferenciação do que é o ministro da Educação do meu governo, do que foi o Fernando Haddad, e do que foi o ministro da Educação do outro governo que era desta universidade e professor aqui. Não só santo de casa não faz milagre, como um santo de casa da qualidade dele atrapalha e presta um desserviço ao país se tratando de educação”, afirmou.

Ao todo, foram investidos R$ 102 milhões na obra da Unifesp. O espaço atenderá 1.400 alunos, 55 técnicos e 150 docentes com salas de aulas, auditórios, restaurante universitário, laboratórios, entre outras estruturas acadêmicas e estudantis.

Serão ministrados 6 cursos no campus – administração, ciências atuariais, direito, ciências contábeis, ciências econômicas e relações internacionais -, além do chamado “eixo comum”, com disciplinas que atendem a todos os cursos. O início das aulas está previsto para a 1ª semana de agosto.

 

- Lula defende parceria com prefeitos e cobra projetos para obras

Ao encerrar uma semana de agendas em diferentes regiões do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou as obras do primeiro Centro Educacional Unificado de Diadema (CEU), cidade de 400 mil habitantes na região metropolitana de São Paulo. O equipamento reúne educação, cultura e lazer, e recebeu investimentos de R$ 90 milhões do governo federal.

"A gente faz isso porque não é possível você governar de Brasília. É importante que a gente saiba que os problemas estão na cidade, as pessoas moram na cidade, a rua é na cidade, a educação é na cidade, o transporte é na cidade, tudo é na cidade. Então, temos que trabalhar em parceria com os prefeitos e ajudá-los a fazer as coisas", afirmou Lula durante discurso. 

A cidade paulistana é governada por José de Filippi Jr., do PT, e aliado do presidente. Em sua fala, Lula pediu que os gestores apresentem projetos bem elaborados para o governo federal.

"Uma coisa que os prefeitos têm que aprender é que não adianta fazer discurso que a prefeitura precisa de R$ 300 milhões para fazer isso ou aquilo. Isso não traz dinheiro. O que traz dinheiro é a substância do projeto", recomendou. 

Além do CEU, em Diadema, o governo federal aportou R$ 290 milhões para a construção do novo hospital municipal, além da implantação de um campus do Instituto Federal de Educação, o primeiro da cidade.

O périplo de Lula nas últimas semanas incluiu viagens a cidades na Bahia, em Pernambuco, em Minas Gerais, no Ceará, Maranhão, Piauí e no Rio de Janeiro, anunciando entregas e  novas obras em parceria com as prefeituras. 

O término dos compromissos coincide também com as restrições da Justiça Eleitoral que começam neste sábado (6), para agendas oficiais com gestores municipais, no período de 3 meses antes das eleições para as prefeituras de todo o país.

 

Confira outras notícias

- Com Bolsonaro e Milei, Camboriú recebe fórum conservador neste fim de semana

Esta será a primeira visita do presidente Argentino ao Brasil, após atritos com o presidente Lula nas redes sociais. Agenda do argentino não prevê encontro com o petista.

Neste fim de semana, a cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, recebe a quinta edição da Conferência da Ação Política Conservadora (CPAC), versão brasileira do evento Conservative Political Action Conference, considerado o maior fórum conservador dos Estados Unidos. 

A iniciativa entre este sábado (7) e o domingo (8) é o motivo da primeira visita do presidente da Argentina, Javier Milei, ao Brasil. Milei desistiu de participar da Cúpula do Mercosul, realizada em Assunção (Paraguai) na próxima segunda-feira (8), onde poderia encontrar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela primeira vez. Mas é presença confirmada no evento em Santa Catarina. 

O CPAC Brasil é realizado por inciativa do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e permite a participação apenas de "membros do Instituto Conservador-Liberal". As inscrições terminaram em 31 de março, mas é possível pagar para acompanhar a transmissão virtual do evento. 

De acordo com a organização, estão confirmados, entre palestrantes, alguns políticos conhecidos, como:

O primeiro CPAC no Brasil foi realizado em outubro de 2019, no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo (SP). Dois anos depois, uma segunda edição foi realizada em Brasília. As outras duas edições ocorreram em 2022, em Campinas (SP) e em 2023, em Belo Horizonte (MG). 

O evento é realizado pelo Instituto Conservador Liberal, instituição que existe "para contribuir com o estabelecimento de um Brasil firmemente apoiado nos valores da sua fundação e manifestados ao longo do nosso desenvolvimento". 

"Por isso, lutamos pelo combate de toda e qualquer ideologia e pela promoção dos valores conservadores e liberais", diz o texto de apresentação, apresentado no site oficial da entidade. 

Lula se incomoda com post de críticas de Milei 

A primeira visita do presidente Argentino ao Brasil foi informada ao Itamaraty oficialmente nessa quinta-feira (4). Milei recusou qualquer apoio do governo federal. Pediu auxílio ao governo de Santa Catarina, do governador Jorginho Melo (um dos palestrantes do evento), que vai oferecer carros e escolta policial ao presidente argentino. 

Ele desembarca em Santa Catarina na noite de sábado (6) e deve retornar a Buenos Aires no fim do dia de domingo (7), sem previsão de agendas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem mantém uma relação conflituosa. 

Lula e Milei nunca se reuniram em um encontro bilateral, apesar de Brasil e Argentina serem os principais parceiros comerciais um do outro no continente. Eles estiveram juntos na cúpula do G7 na Itália, em junho, mas não se reuniram a sós. 

Na última semana, Lula chegou a cobrar que Milei pedisse desculpas ao Brasil e a ele por ter falado "muita bobagem". 

A presença de Milei no fórum conservador contrasta com a ausência prevista do presidente da Argentina em outro evento: a Cúpula do Mercosul, marcada para a próxima segunda-feira (8) em Assunção, no Paraguai. 

Em seu lugar, a Argentina será representada pela chanceler Diana Mondino. 

Nessa quarta-feira (3), o Itamaraty afirmou que a ausência do chefe de Estado argentino é "lamentável", mas não esvazia o encontro. Segundo o órgão, esta será a primeira vez que um país-membro não é representado pelo presidente em uma reunião de cúpula do bloco. 

O ex-presidente Jair Bolsonaro não participou do encontro presencialmente em 2022, mas se dirigiu aos demais chefes de Estado por meio de um vídeo. 

A decisão de Milei de faltar ao encontro também ocorre dias após um post nas redes sociais em que o argentino voltou a criticar o presidente Lula, chamando o petista de "corrupto".

 

Fonte: Poder360 - g1 - Agência Brasil