Política

Inflação acelera para 0,46% em maio com alta dos alimentos, diz IBGE





No ano, a inflação acumulada é de 2,27%; resultado veio acima das expectativas de analistas

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,46% em maio.

O resultado veio acima das expectativas de analistas consultados pela Reuters, que esperavam uma alta de 0,42% no período. No ano, a inflação acumulada é de 2,27% e, nos últimos 12 meses, de 3,93%.

O centro da meta para a inflação, medida pelo IPCA, este ano é de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

O grupo que mais pressionou o índice foi de alimentos e bebidas, que subiram 0,62% na comparação com abril, influenciados, sobretudo, pela alta dos tubérculos, raízes e legumes (6,33%).

Dentro deste grupo, o IBGE chama a atenção para a batata-inglesa, que registrou um aumento de 20,61%, sendo o maior impacto individual sobre o índice geral.

Além da batata-inglesa, a cebola (7,94%), o leite longa vida (5,36%) e o café moído (3,42%) também subiram em maio.

Outro destaque que influenciou no resultado geral foi o grupo de habitação (0,67%), com a alta da energia elétrica residencial (0,94%), o terceiro item de maior impacto individual sobre o índice geral.

Já a variação de saúde e cuidados pessoais (0,69%) foi a maior entre os nove grupos investigados pela pesquisa. No grupo dos transportes (0,44%), a passagem aérea registrou a primeira alta do ano (5,91%) e foi o quarto item individual de maior impacto na inflação do país.

A inflação de serviços passou a subir 0,40% em maio, de 0,05% no mês anterior, acumulando em 12 meses alta de 5,09%.

O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, manteve-se em maio em 57%,

A potencial pressão sobre a inflação dos salários em um mercado de trabalho aquecido vem sendo apontado pelo Banco Central como um fator de preocupação.

Os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre divulgados na semana passada mostraram que o consumo das famílias foi um dos pilares do crescimento de 0,8% no período.

É diante desse pano de fundo que o Banco Central volta a se reunir na próxima semana para deliberar sobre a taxa básica de juros Selic, atualmente em 10,5%, com expectativas de um novo corte de 0,25 ponto percentual que pode ser o último do ano, segundo analistas.

Chuvas no Rio Grande do Sul

Com as enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul, a capital gaúcha, Porto Alegre, foi a área de abrangência investigada pela pesquisa com maior variação do IPCA em maio, segundo o IBGE.

“A situação de calamidade acabou afetando a alta dos preços de alguns produtos e serviços. Em maio, as principais altas foram da batata-inglesa (23,94%), do gás de botijão (7,39%) e da gasolina (1,80%)”, explica o gerente da pesquisa, André Almeida.

De acordo com o instituto, dos 16 locais pesquisados, apenas Goiânia (-0,06%) teve deflação. Esse resultado foi relacionado ao recuo de preços da gasolina (-3,61%) e do etanol (-6,57%) no município.

 

-Preço do azeite de oliva está quase 50% mais caro do que no ano passado e não deve baratear

Altas temperaturas e seca na Europa, onde estão os maiores produtores de oliveiras, fazem árvores produzir menos azeitonas, que são matéria-prima do produto.

O calor e a seca que atingem a Europa continuam afetando o preço do azeite no Brasil, que encareceu quase 50% nos últimos 12 meses até maio, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Os principais países que cultivam azeitonas, matéria-prima para o azeite, estão na Europa. O ranking é liderado pela Espanha, responsável por 42% da produção mundial, seguida pela Itália (9,7%) e Grécia (8,2%), aponta o Conselho Oleícola Internacional (COI). Além disso, o azeite é fundamental para a economia de Portugal. 

No caso da Espanha, já é a 4° quebra de safra consecutiva das oliveiras. 

O Brasil importa a maior parte do azeite que consome. O principal fornecedor é Portugal, que envia 53% de gorduras e óleos vegetas ao Brasil, aponta o Comex Stat, sistema do governo para extração das estatísticas do comércio exterior brasileiro. O levantamento não separa o azeite dos demais óleos. 

O segundo maior fornecedor para o Brasil é a Espanha (15%), seguida do Paraguai (9,7%), da Argentina (7,1%), da Itália (5,3%) e do Chile (5%). 

Entre 2022 e 2023, a produção de azeite caiu 20% na Europa. Mas o continente não é o único que vem tendo dificuldade, a fabricação mundial caiu em torno de 8% entre 2021 e 2022, aponta dados da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq - USP). 

Com este cenário, o Brasil diminuiu as importações, que já caíram 32% entre outubro de 2023 e março de 2024, segundo o COI. 

Em 2023, as temperaturas na Europa ficaram acima da média em 11 meses do ano, incluindo o setembro mais quente já registrado, aponta relatório do Estado do Clima na Europa, divulgado pelo Serviço de Mudanças Climáticas do Copernicus e pela Organização Meteorológica Mundial, da Organização das Nações Unidas (ONU). 

As oliveiras têm origem no Mediterrâneo, por isso são resistentes ao calor, mesmo assim, para gerarem frutos, precisam de temperaturas entre 35°C e 25°C, aponta a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

No ano passado, por exemplo, as temperaturas europeias ultrapassaram 40°C. Com isso, houveram relatos de que as folhas da árvore chegaram a queimar e até mesmo casos de incêndios, que diminuíram a área plantada. 

O período de floração é o mais sensível para o desenvolvimento das azeitonas, de onde o azeite é extraído. 

Em algumas regiões produtoras, as oliveiras, que normalmente desenvolve 80 kg de azeitona por árvore, estão gerando apenas 25 kg.

Além da baixa de frutos das árvores, algumas oliveiras chegaram a morrer por causa do calor e da seca, aponta o professor Carlos Eduardo de Freitas Vian, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Esalq-USP. 

Sem frutos e com o consumo se mantendo alto, os preços não devem baixar. 

Na Espanha, por exemplo, o valor ao produtor, apenas entre 13 e 19 de maio, estava 7,85 euros por kg, um aumento de 32,7% em relação ao mesmo período da safra anterior. 

Já na Itália, o crescimento foi ainda maior: no mesmo período, o azeite extravirgem estava 9,65 euros por kg, um aumento de 52,4% comparado ao mesmo período da última safra. 

Para Vian, não há perspectiva deste cenário melhorar. Isso porque a oliveira é uma cultura perene, o que significa que uma mesma árvore dá frutos por vários anos durante um mesmo período. 

No caso da azeitona, ela é colhida apenas por três meses ao ano, para o fornecimento de azeite pelos 12 meses. 

Dependendo da variedade, uma oliveira recém-plantada pode levar 3 anos para dar frutos. Além disso, para abaixar os preços, seriam necessárias mais de uma safra para repor os estoques.

Para Vian, a única perspectiva de uma estabilização dos preços é se o consumo começar a cair, com a troca do azeite de oliva por outros produtos. Ainda assim, o reflexo demoraria para aparecer nas gôndolas dos supermercados.

 

Fonte: g1 - CNN.