Política

Lula defende investimentos na indústria de defesa para construir paz, não para fazer guerra





Presidente disse que Brasil pode ter "dificuldade de se defender" se não fizer investimentos na área

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu mais investimentos na indústria de defesa porque “um país do tamanho do Brasil não pode ficar dependendo de tecnologias de países inferiores”.

A declaração foi feita durante visita ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), nesta sexta-feira (26).

Temos que criar tudo que for possível criar para, em vez de a gente ser dependente, as pessoas fiquem dependentes de nós. Temos condições de ser uma grande nação na área da defesa para construir a paz, não para fazer guerra

Luiz Inácio Lula da Silva

Ele esteve acompanhado de sua esposa, Janja, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), e de seis ministros:

  • Alexandre Padilha (Relações Institucionais),
  • Fernando Haddad (Fazenda),
  • Camilo Santana (Educação),
  • Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos),
  • Luciana Santos (Ciência e Tecnologia),
  • e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

Após receber uma homenagem do comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Marcelo Damasceno, Lula destacou o papel da defesa para tornar o Brasil um país menos vulnerável.

Tudo isso exige que a gente tenha um pouco de responsabilidade na construção de uma indústria de defesa muito forte. Uma indústria de defesa é para a gente evitar guerra. Não é pra fazer guerra. Uma indústria de defesa é para as pessoas saberem que o Brasil está preparado e que, através dela, a gente pode ter projetos e decisões científicas e tecnológicas para ajudar outros ramos da indústria brasileira

Luiz Inácio Lula da Silva

Lula sustentou seu argumento dizendo que o Brasil tem “a maior reserva florestal do mundo, com 12% da água doce do mundo e 200 milhões de habitantes” e que o país poderia ficar “vulnerável, frágil”, com “dificuldade de se defender”.

No local, Lula visitou o Laboratório de Preparação e Integração do Instituto de Aeronáutica e Espaço, onde conheceu o projeto do motor turbojato TR-5000, turbina a jato 100% nacional, e inaugurou o Bloco 1 do alojamento estudantil H8, com capacidade para 80 estudantes.

A estrutura faz parte do projeto de expansão do Instituto. Estão nos planos do ITA um campus de Fortaleza, o Museu Aeroespacial Paulista e o Parque Aeroespacial na Bahia.

 

- Durante visita de Lula, Embraer anuncia investimentos de R$ 2 bilhões

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou nesta sexta-feira (26) o hangar da fábrica da Embraer, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, onde acompanhou a entrega de um jato comercial modelo 195-E2, produzido pela companhia, para a Azul Linhas Aéreas. A agenda também incluiu uma visita às instalações do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), principal centro de formação aeroespacial do país, na mesma cidade.

"Estamos investindo cerca de R$ 2 bilhões neste ano, e gerando mais de 900 empregos diretos em nossas fábricas no Brasil", anunciou o presidente da empresa, Francisco Gomes Neto. 

A Embraer é a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, líder no segmento de aeronaves com até 130 lugares e jatos executivos. Tem cerca de 19 mil empregados, com presença em todos os continentes. Neto ainda destacou que a empresa contratou 1,5 mil  novos funcionários em pouco mais de um ano, retomando a força de trabalho que tinha antes da pandemia de covid-19.

O presidente Lula destacou a trajetória bem-sucedida da Embraer. "Eu estou numa empresa que sempre foi motivo de orgulho para esse país", afirmou. "É preciso sonhar grande. Se o Ozíres [Silva, fundador da Embraer] não tivesse pensando grande, a gente não tinha a Embraer. Sem o brigadeiro Montenegro [fundador do ITA], a gente não tinha o ITA. As coisas grandes são resultado de muita coragem, não é com covardia. Quero que vocês saibam que esse momento para mim é muito histórico", acrescentou.  

Criada pelo Estado brasileiro em 1969, a Embraer já fabricou e vendeu mais de 8 mil aviões, que transportam cerca de 145 milhões de passageiros por ano em todo o mundo. Apesar de privatizada desde 1994, o governo detém poder final em decisões estratégicas da companhia. Além de fabricar aviões comerciais e de uso privado, a empresa fabrica aeronaves militares, como cargueiro KC-390 e o Super Tucano, além de aviões agrícolas.

Aviação regional

Durante o evento, o CEO da companhia Azul Linhas Aéreas, John Rodgerson, anunciou a compra de 13 novos jatos da Embraer este ano, que vão se somar à frota de 60 aviões comerciais nacionais, especialmente para emprego na aviação regional, onde a companhia é líder. Ao todo, os investimentos somam R$ 3 bilhões.  

"Quando a Azul foi fundada, em 2008, foram 50 milhões de passageiros transportados por todas as empresas no Brasil. Só este ano, a Azul vai transportar 35 milhões", comparou o empresário. A companhia aérea é a principal cliente da Embraer na aviação brasileira, concentrando quase a totalidade das compras no setor.

Segundo a Azul, o E2 da Embraer tem capacidade para 136 passageiros, e é a maior e mais moderna aeronave fabricada no Brasil. "O equipamento é o modelo de corredor único mais eficiente atualmente no mercado, oferecendo uma economia de até 25% de emissões de CO2. A Azul já opera atualmente 20 aeronaves do mesmo modelo.

Expansão

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, defendeu a necessidade de expandir o mercado nacional de fabricação de aviões para outras companhias aéreas.

"Dos 100% da aviação dos EUA, 50% são com aviões da Boeing [empresa norte-americana]. Na França, dos 100% da aviação, 41% são de aviões da Airbus [empresa francesa]. E, no Brasil, dos 100% da aviação brasileira, apenas 12% são de aviões da Embraer", afirmou. Segundo ele, em pouco mais de um ano, o Brasil aumentou em 15% o número de passageiros transportados e prevê que, nos próximos anos, o país possa chegar a 140 milhões de passageiros transportados por ano.  

Ao comentar o potencial do setor, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou sobre os estímulos da reforma tributária para a aviação comercial regional. "A reforma tributária prevê um fortíssimo estímulo para a aviação regional. Temos um país continental e a gente precisa compreender que o Brasil precisa de mais serviços aéreos", comentou.

Agenda

Antes do evento na fábrica da Embraer, Lula visitou um laboratório de pesquisa e desenvolvimento aeroespacial do ITA e esteve com estudantes do instituto, mantido pela Aeronáutica, na inauguração de um alojamento estudantil com capacidade para 80 alunos.

Pela manhã, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, Lula participou da inauguração da fábrica de insulina da empresa Biomm. A unidade terá capacidade de produção do para suprir a demanda nacional do hormônio no país, utilizado no tratamento de diabetes. De São José dos Campos, Lula seguiu para a capital paulista, onde passa o fim de semana. A previsão é que retorne no domingo para Brasília.  

 

- Povo precisa conhecer o Brasil em vez de Louvre ou Disney, diz Lula

Presidente afirma ser preciso que o governo e os políticos incentivem as pessoas a viajar também internamente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta 6ª feira (26.abr.2024) que as pessoas precisam conhecer mais o Brasil em vez de viajarem para o exterior. Em evento de entrega de um avião da Embraer para a Azul, o petista disse que cabe a todos do governo incentivarem mais a aviação regional.

“Ao invés de a gente viajar para ver o Museu do Louvre, em Paris, ao invés de a gente querer viajar para Disney, que é muito importante, era preciso que o nosso povo conhecesse o Brasil”, afirmou.

O presidente afirmou ser preciso que os jovens brasileiros conheçam os biomas do país. Ele elogiou em particular a região Amazônica, com Belém (PA) e sua gastronomia. Também citou Alter do Chão, que também fica no Pará.

“Porque a gente não gosta do Brasil, porque a gente não visita o Brasil, porque a gente prefere ir para fora. É preciso que a gente comece a mudar, inclusive, os discursos da Embratur, do Ministério do Turismo, do Presidente da República, do presidente da Gol, do presidente da Embraer, do ministro da Fazenda”, afirmou.

Segundo Lula, o país precisa de mais voos para cidades com menos habitantes. Para isso, o presidente defendeu a compra de aviões da Embraer, que são menores do que de concorrentes como Airbus e Boeing.

“Eu e o [Geraldo] Alckmin [vice-presidente] assumimos um compromisso de a gente conversar com essa gente [empresas aéreas] e dizer o seguinte: ‘Ô cara, você quer viajar com 20 horas de autonomia, tudo bem, você pode comprar um outro avião, mas o Brasil tem quase 6.000 municípios. O Brasil tem 27 capitais. O Brasil tem cidade de 200 mil habitantes, de 250, de 300′”, afirmou.

Mais aeroportos nacionais

Na mesma cerimônia, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, anunciou que haverá mais aeroportos nas regiões Norte e Nordeste.

“O presidente Lula, no seu governo, vai construir 10 novos aeroportos. Mais de 25 aeroportos na região Norte do país, mais de 20 novos aeroportos na região Nordeste”, afirmou.

Já o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que haverá incentivo para a aviação regional. O setor terá alíquota diferenciada na regulamentação da reforma tributária. Segundo ele, o texto enviado ao Congresso na 4ª feira (24.abr) precisará de mudanças.

“Vamos fazer chegar ao Congresso as sugestões para que a aviação regional que tem alíquota diferenciada na emenda constitucional e, portanto, tem um estímulo adicional passe a fazer parte do dia a dia do brasileiro”, declarou Haddad.

Fonte: g1 - Poder360 - Agência Brasil