Economia

Ibovespa fecha em alta de 1,24% após melhora em Wall Street; dólar encerra a R$ 5,14





Principal índice da B3 encerrou o dia aos 105.687,64 pontos, enquanto a moeda norte-americana teve leve desvalorização de 0,06%

O Ibovespa fechou em alta de 1,24%, aos 105.687,64 pontos, nesta quinta-feira (12), após reverter queda no começo da tarde, quando Wall Street começou a ganhar terreno com os setores de tecnologia, ainda que a cautela nos mercados internacionais continue diante de temores sobre desaceleração econômica global. O dia é carregado de balanços de empresas locais.

Já o dólar teve uma leve baixa de 0,06%, cotado a R$ 5,142. A cotação chegou a saltar para R$ 5,211 ao longo do dia, alta de 1,27% que atraiu vendedores. Além disso, ao longo do pregão o dólar até superou sua média móvel de 100 dias, quebrando mais uma resistência técnica, mas o movimento não se sustentou, o que reforçou ordens de venda no mercado que ajudaram a tirar a divisa das máximas e fechar na estabilidade.

Porém, Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset, afirmou que, apesar da melhora no comportamento da moeda norte-americana, se comparado com os dias anteriores, o desempenho não foi tão positivo. “O movimento [de hoje] foi uma pequena correção da [forte] alta que teve nos últimos dias”.

Os principais índices em Wall Street operaram sem direção comum. Os investidores seguiram preocupados que uma alta agressiva de juros nos Estados Unidos em meio à elevada inflação leve a economia norte-americana à recessão, o que poderia contaminar o restante do globo.

Adriano Martinez também aponta que o que contribuiu para a alta do principal índice da B3 foram os setores internos, como imobiliário, varejo e financeiro. Os destaques negativos são as companhias que operam com materiais-básicos.

“Mas a volta desse mercado [interno] ocorrerá mesmo quando o BC diminuir os juros… o que não está acontecendo”, declara o especialista. “Assim, o movimento de hoje é algo atípico”.

No começo do dia, o principal índice da B3 foi prejudicado pela aversão a riscos ao redor do mundo e a retirada de investimentos em mercados como o brasileiro. Ao mesmo tempo, o pessimismo favorece ativos vistos como mais seguros, caso da moeda norte-americana, que passou a atrair fluxos de investimentos nas últimas semanas.

Os temores dos investidores estão ligados aos efeitos do ciclo de alta de jurosnos Estados Unidos, dos lockdowns impostos em diversas cidades importantes da China e da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Na quarta-feira (11), o dólar subiu 0,22%, a R$ 5,145. Já o Ibovespa fechou em alta de 1,25%, aos 104.396,90 pontos.

Pessimismo global

O instigador mais recente da aversão global a riscos foi a alta de juros nos Estados Unidos, anunciada pelo Federal Reserve na quarta-feira (4). Apesar de descartar altas de 0,75 p.p. ou um risco de recessão, a autarquia sinalizou ao menos mais duas altas de 0,5 p.p.

Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança, mas prejudica as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

Junto com uma série de elevações de juros pelo mundo, os lockdowns na China para tentar conter a Covid-19 aumentam as projeções de uma forte desaceleração econômica, prejudicando os mercados.

O crescimento das exportações chinesas desacelerou a um dígito, nível mais fraco em quase dois anos, enquanto as importações mal mudaram em abril, ampliando as preocupações econômicas.

Efeitos no real

Retornando aos R$ 5, o dólar reverteu parte dos ganhos que o real obteve nos primeiros meses do ano devido a uma combinação de fatores que influenciaram no fluxo de compra e venda da moeda.

Ao CNN Brasil Business, especialistas associaram essa valorização recente a dois principais fatores: a perspectiva de altas maiores de juros nos Estados Unidos e os temores em relação aos lockdowns estabelecidos em uma série de cidades economicamente relevantes na China.

Os juros norte-americanos maiores tendem a atrair investimentos para o mercado de títulos do Tesouro do país, retirando capital de mercados considerados mais arriscados que o dos Estados Unidos, caso do Brasil.

Já as medidas de controle de disseminação da Covid-19 na China, que afetam cidades como Xangai e Pequim, tendem a reduzir a demanda da segunda maior economia do mundo por commodities, prejudicando seus principais fornecedores, entre eles o Brasil, e influenciando negativamente nos preços desses produtos.

Banco Central fez neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de julho de 2022. A operação do BC pode ajudar a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o BC poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.

Sobe e desce da B3

Veja os principais destaques do pregão desta quinta-feira:

Maiores altas

  • Cogna (COGN3) +10,08%;
  • Qualicorp (QUAL3) +9,82%;
  • Méliuz (CASH3) +8,48%;
  • Magazine Luiza (MGLU3) +6,62%;
  • Banco Inter (BIDI11) +5,91%

Maiores baixas

  • Minerva (BEEF3) -8,30%;
  • CSN (CSNA3) -5,64%;
  • CSN (CMIN3)-3,23%;
  • Totvs (TOTS3) -2,05%;
  • Usiminas (USIM5) -1,83%


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- Bitcoin cai 45% no ano e chega a recuar para casa dos US$ 25 mil

Criptomoeda perdeu US$ 13 mil de valor em oito sessões

O bitcoin atingiu o menor nível desde dezembro de 2020, chegando a US$ 25 mil, uma queda de quase 20% do valor nos últimos cinco dias de negociação e de 45% no acumulado do ano. Só nas últimas oito sessões, a perda foi de US$ 13 mil.

O cenário é exemplo da volatilidade das criptomoedas, que não é novidade para os investidores. No final ano passado, logo depois da fase mais crítica da pandemia, houve uma enxurrada de estímulos governamentais que encheram o mercado de dinheiro — inclusive para os ativos de risco, ou seja, esses que apresentam maior volatilidade.

Em novembro de 2021, por exemplo, o bitcoin estava no patamar de US$ 70 mil, atraindo ainda mais investidores.

O que se vê agora é o movimento oposto: bancos centrais de todo o mundo estão tirando liquidez do mercado para conter os elevados patamares de inflação. Com a subida das taxas de juros, os investidores se tornam mais seletivos e migram dos ativos de risco para a segurança —como títulos de renda fixa, que estão em alta.

Segundo especialistas consultados, como Safiri Felix, conselheiro da associação ABCripto, a expectativa é que o bitcoin mantenha a volatilidade enquanto o mercado estiver neste momento de grande incerteza, causada pelo combo de lockdowns na China, inflações recordes em todo o mundo, impulsionadas pela Guerra na Ucrânia, e subsequentes temores de recessão.

De forma geral, a visão é de que estamos em um momento de “bear market”, ou seja, quando os mercados apresentam queda de mais de 20% desde o pico. Enquanto não voltarem a crescer — o que não deve acontecer em 2022, visto como um ano de queda do mercado acionário —, a volatilidade vai continuar.

Stablecoins

Também chamado de moedas estáveis, as stablecoins são tokens que tentam seguir a estabilidade de um certo ativo tradicional para reduzir os riscos. A TerraUSD, por exemplo, mira na paridade de 1-para-1 com o dólar americano.

Hoje, a TerraUSD caiu para o valor de 0,39 centavos de dólar.

Com a queda, investidores se questionam da função das stablecoins, antes vistas como a grande novidade do mercado de criptomoedas.

A desconfiança se propaga para todos os ativos de risco, o que também tem derrubado o mercado.

Fonte: CNN Brasil com informações da Reuters