O Santo Padre recebeu na manhã deste sábado (07/5), no Vaticano, os participantes do Capítulo Geral da Ordem de Nossa Senhora das Mercês. Ao agradecer a presença dos sacerdotes e religiosas capitulares, Francisco referiu-se ao tema escolhido pela Assembleia, em plena sintonia com a origem mariana de sua vocação: “Fazei tudo o que Ele vos disser!”. Trata-se de uma escolha significativa - disse – por ser um projeto que está prestes a ser implementado, do ponto de vista do serviço. De fato, os religiosos jamais devem esquecer que não há seguimento sem serviço, nem serviço sem a Cruz.
“Fazei tudo o que Ele vos disser!”
Por isso, disse Francisco, o primeiro pedido que Nossa Senhora faz a vocês, hoje, como membros do Capítulo Geral, é pôr-se à escuta. A situação atual pode ser comparada àquela do Evangelho, durante as Bodas de Caná: “Não têm mais vinho”. E explicou:
“Muitas realidades existentes hoje no mundo, na Igreja, na sua Ordem referem-se a esta falta: falta de esperança, de motivação, de soluções. Por isso, a Virgem os desafia a pôr-se à escuta! Mas, ouvir o que? Ouvir as vozes que só nos falam de modo negativo? As que só propõem soluções fáceis, programas complicados e repletos de erudição ou, talvez, as que nos oferecem soluções para um maior compromisso?”
Porém, o Papa diz que Maria também nos diz outra coisa hoje: "ela pede que seja Jesus a desafiar os nossos corações de modo novo, original, inesperado. Quem sabe se os servos de Caná também estivessem reunidos em capítulo e pensavam o que poderiam fazer. Provavelmente, algumas vozes suscitaram problemas, outras que ofereciam soluções viáveis, embora arriscadas, e ainda outras, talvez, recomendassem dispensar os convidados, diante da própria incapacidade de enfrentar a situação".
No entanto, Jesus não responde a essas perguntas, mas propõe algo que, certamente, nenhum servo tivesse pensado: encher as jarras de purificação e de água. Trata-se de um gesto interessante que o Papa propõe à consideração dos capitulares: Jesus não diz o que eles querem e que jamais teriam imaginado ouvir. Em primeiro lugar, devemos ouvir a Deus que fala através do irmão ou das circunstâncias.
Recomeçar todos os dias
As jarras de purificação, que serviram no início do banquete, nos convidam a retornar ao nosso primeiro amor, à fonte da nossa vida consagrada; requerem atenção diante da necessidade. As jarras esvaziadas devem ser enchidas, novamente, com o mesmo entusiasmo com que foram enchidas antes do banquete começar. O Senhor nos pede para “recomeçar, todos os dias, em todos os projetos, sem cessar e sem desanimar”.
A nossa realidade parece uma longa noite, afirma Francisco, e nosso trabalho cansativo, sem sentido, se não for percebido como uma resposta generosa ao chamado de Jesus, para que nos unamos à obra de evangelização da Igreja.
O Papa conclui seu discurso aos capitulares Mercedários, com a exortação:
“Abramos nossos corações para acolher a surpresa que Jesus nos traz... Escutemos Maria e não nos deixemos surpreender pela voz que nos chama a encher as jarras, a entregar-nos ao serviço concreto e simples, essenciais para reconhecer uma obra, que não é nossa, mas de Deus. Em tudo, devemos “ser” como Ela, ao lado de Cristo aos pés da Cruz, no corpo sofredor dos pobres”
- Papa: o estudo da liturgia deve levar a maior unidade eclesial
No encontro neste sábado (07) com os membros do Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo de Roma, que se dedica ao estudo da liturgia o Papa recordou as três dimensões fundamentais para renovar a vida litúrgica. “Devemos continuar a tarefa de formar à liturgia para sermos formados pela liturgia”
Jane Nogara - Vatican News
Na manhã deste sábado (07) o Papa Francisco recebeu os membros do Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo por ocasião do 60° aniversário de sua fundação, um Instituto que se dedica ao estudo da Liturgia. Uma necessidade, disse o Papa, que encontrou uma motivação iluminadora no Concílio Vaticano II com a constituição litúrgica Sacrosanctum Concilium.
“Deste impulso conciliar – disse o Papa – destacaram-se tres dimensões para renovar a vida litúrgica. A primeira é a participação ativa e fecunda na liturgia; a segunda é a comunhão eclesial animada pela celebração da Eucaristia e dos Sacramentos da Igreja; a terceira é o impulso à missão evangelizadora a partir da vida litúrgica que envolve todos os batizados”. E afirmou que o Pontifício Instituto Litúrgico está ao serviço desta tríplice necessidade.
Participação ativa na vida litúrgica
No que se refere à formação a viver e promover a participação ativa na vida litúrgica Francisco disse: "A chave aqui é educar as pessoas para entrarem no espírito da liturgia. E para saber como fazer isso, é necessário estar impregnado desse espírito”. No seu Instituto, disse ainda, “isto é o que deveria acontecer: estar impregnado do espírito da liturgia, sentir seu mistério, com uma maravilha sempre nova".
“A liturgia não é propriedade, não, não é uma profissão: a liturgia é celebrada. E só se participa ativamente na medida em que se entra em seu espírito. Não é uma questão de ritos, é o mistério de Cristo, que de uma vez por todas revelou e cumpriu o sagrado, o sacrifício e o sacerdócio. O culto em espírito e verdade”
"Sobre este ponto, gostaria de sublinhar o perigo, a tentação do formalismo litúrgico: ir atrás das formas, das formalidades e não da realidade, como vemos hoje naqueles movimentos que tentam retroceder e negar o próprio Concílio Vaticano. Neste caso, a celebração é recitação, é algo sem vida, sem alegria".
Comunhão eclesial
Referindo-se ao segundo aspecto Francisco afirmou que a dedicação ao estudo litúrgico aumenta a comunhão eclesial, ponderando:
“Dar glória a Deus na liturgia se reflete no amor ao próximo, no compromisso de viver como irmãos e irmãs em situações cotidianas, na comunidade em que me encontro, com seus méritos e limitações. Este é o caminho para a verdadeira santificação. Portanto, a formação do Povo de Deus é uma tarefa fundamental para se viver uma vida litúrgica plenamente eclesial”
Missão evangelizadora
Quanto ao terceiro aspecto, que afirma que cada celebração litúrgica se conclui sempre com a missão o Papa recordou aos presentes:
“O que vivemos e celebramos nos leva a sair ao encontro dos outros, ao encontro do mundo ao nosso redor, ao encontro das alegrias e necessidades de tantos que talvez vivam sem conhecer o dom de Deus. A vida litúrgica genuína, especialmente a Eucaristia, sempre nos impele à caridade, que é, antes de tudo, abertura e atenção ao outro”
Em seguida, depois das três dimensões fundamentais dirigindo-se aos presentes disse:
“Sublinho mais uma vez que a vida litúrgica, e o estudo da mesma, deve levar a uma maior unidade eclesial. Não é possível adorar a Deus e, ao mesmo tempo, fazer da liturgia um campo de batalha para questões que não são essenciais”
Recomendando por fim: “Os desafios do nosso mundo e do momento atual são muito fortes. A Igreja precisa hoje como sempre viver da liturgia. Os Padres Conciliares fizeram um grande trabalho para garantir que assim fosse. Devemos continuar esta tarefa de formar à liturgia para sermos formados pela liturgia. A Santíssima Virgem Maria, juntamente com os Apóstolos, rezavam, partiam o Pão e viviam a caridade com todos. Pela sua intercessão, a liturgia da Igreja torne presente hoje e sempre este modelo de vida cristã".
Fonte: Vatican News