Política

Rússia inicia nova fase de operações na Ucrânia, diz chanceler





O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse nesta terça-feira (19) que Moscou está iniciando nova etapa do que chama de operação militar especial na Ucrânia, com desdobramento significativo.

"Outra etapa da operação (no Leste da Ucrânia) está começando. Estou certo de que será momento muito importante de toda a operação especial", disse Lavrov, em entrevista ao canal de TV India Today.

 Forças russas assumiram o controle da cidade de Kreminna, no Leste, e as tropas ucranianas se retiraram da cidade, disse o governador regional, Serhiy Gaidai. 

"Kreminna está sob controle dos russos. Eles entraram na cidade", afirmou Gaidai.

 

- Rússia está aprendendo com erros cometidos no norte da Ucrânia, avaliam EUA

Forças russas estão implementando novas estratégias em ofensiva no leste ucraniano

Os Estados Unidos acreditam que a Rússia está aprendendo com seus fracassos no norte da Ucrânia, onde não teve a capacidade adequada para sustentar as operações militares, e aplicando essas lições à nova ofensiva no leste e sul do país, de acordo com um alto funcionário da Defesa dos EUA.

“O que vimos nos últimos dias é que eles continuam tentando estabelecer as condições”, disse o alto funcionário da defesa em uma ligação com repórteres na segunda-feira (18). “Nós chamamos isso de operações de modelagem”.

“Parece que eles estão aprendendendo com as lições fracassadas do norte, onde não tiveram capacidade de sustentação adequada na área em que estavam prestes a operar”, disse o funcionário.

O funcionário disse que os EUA viram a Rússia se movendo com “artilharia pesada”, “facilitadores de comando e controle” e “aviação, particularmente apoio de aviação rotativa” como parte dos 11 novos grupos táticos de batalhão que se mudaram para o leste e sul da Ucrânia. “nos últimos dias”.

A Rússia está reunindo tropas e parece perto de tomar a cidade portuária de Mariupol, no sudeste. A CNN informou na segunda que o destino de Mariupol depende de um número desconhecido de defensores que forma sua última resistência em uma usina de ferro e aço.

Andriy Yermak, chefe do Gabinete do Presidente da Ucrânia, disse que a “segunda fase da guerra” começou na região leste de Donbas, em meio a sinais claros de uma ofensiva russa intensificada. Em discurso, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky confirmou que a batalha na área leste “está em andamento”.

“As forças russas começaram a batalha por Donbass para a qual estão se preparando há muito tempo e uma quantidade considerável das forças russas está concentrada e focada nessa ofensiva”, afirmou Zelensky.

“Não importa quantos militares russos eles estejam trazendo para aquela área, continuaremos lutando e defendendo e faremos isso diariamente. Não vamos desistir de nada que seja ucraniano, mas não precisamos de nada que não seja nosso”, disse Zelensky.

“Sou grato a todos os nossos guerreiros, nossos soldados, nossas cidades heróicas e cidades da região que estão resistindo e se mantendo firmes”, disse ele.

A operação desarticulada – e às vezes caótica – da Rússia no norte da Ucrânia foi bem documentada e seus primeiros fracassos militares foram uma surpresa para as autoridades americanas e ocidentais.

Desde que a Rússia lançou seu ataque à Ucrânia em 24 de fevereiro, bombardeou cidades ucranianas com mísseis e artilharia, destruindo apartamentos, hospitais e escolas e deixando dezenas de civis mortos.

Mas sua invasão por terra está em grande parte paralisada e Moscou não conseguiu tomar as principais cidades, incluindo Kiev, em meio à forte resistência dos ucranianos e erros táticos.

Rússia com foco no leste e sul

Os EUA avaliam que a Rússia adicionou 11 grupos táticos de batalhão (BTGs) às suas forças no leste e no sul desde o fim da semana passada, de acordo com o alto funcionário de defesa dos EUA, elevando o número total de BTGs da Rússia para 76.

O funcionário disse que todas as forças terrestres russas estão atualmente concentradas nas regiões da Ucrânia, mas os EUA não conseguem identificar exatamente como os novos BTGs estão espalhados.

Em preparação para um novo tipo de luta nas planícies abertas do sudeste da Ucrânia, os EUA estão fornecendo a Kiev armamentos com capacidades de alta potência. O novo pacote de armas de US$ 800 milhões representa o sinal mais forte até agora de que a guerra na Ucrânia está mudando.

Uma autoridade dos EUA disse à CNN na semana passada que isso foi planejado, argumentando que, como a Rússia, que não conseguiu capturar Kiev, mudou sua estratégia para concentrar forças no leste da Ucrânia, os americanos estão mudando sua própria estratégia.

 

- Batalha de Donbass pode ser maior confronto desde Segunda Guerra; entenda

Pelo menos 90 mil soldados de cada lado devem lutar pelo acesso da Ucrânia ao mar e pela definição do status de uma região que já se encontrava em uma guerra civil

Algumas semanas separaram uma movimentação das tropas russas em direção a Kiev de um aparente “reagrupamento” no leste da Ucrânia — mas as expectativas não contemplavam um recuo russo, e sim uma nova fase da guerra empreendida por Vladimir Putin.

Para os ucranianos, essa etapa já começou e, de acordo com um especialista ouvido pela CNN, pode desencadear o maior conflito entre tropas desde a Segunda Guerra Mundial.

Segundo o comando das Forças Armadas ucranianas, a principal força militar da Rússia se concentra agora em tomar o controle de toda a área das regiões de Donetsk e Luhansk, que compõem a faixa de terra conhecida como Donbass.

“Agora podemos dizer que as forças russas iniciaram a batalha de Donbass, para a qual se prepararam há muito tempo”, disse Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, em um discurso em vídeo na segunda-feira (18) após ataques feitos “ao longo de quase toda a linha de frente das regiões ao leste de Donetsk, Luhansk e Kharkiv”, relatou no mesmo dia o secretário do Conselho de Segurança do país, Oleksiy Danilov.

O exército da Ucrânia está se preparando para um novo ataque russo no lado leste do país desde que Moscou retirou suas forças de perto da capital Kiev e do norte ucraniano no final do mês passado. Além disso, a Rússia também mobilizou um apoio logístico de sua aliada Belarus, segundo relatórios do Reino Unido.

Nesta terça-feira (19), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, confirmou que Moscou está iniciando uma nova etapa do que chamam “operação militar especial”, e disse ter “certeza que este será um momento muito importante” do conflito.

Batalha será violenta devido às “razões táticas”

Em entrevista à CNN nesta terça, o professor do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF e pesquisador de Harvard, Vitelio Brustolin, avaliou que a batalha deverá ser violenta entre os lados principalmente pela diferença estratégica entre os russos e ucranianos.

“A tática é o que acontece no campo de batalha, e nesse caso os soldados ucranianos tem que manter a linha dos russos restrita a Donbass ou avançar. Os russos convertem a defensiva: se não contra-atacarem, eles usam as estruturas das cidades para se proteger — as cidades se transformam em fortalezas tanto para ucranianos quanto para os russos”.

Vitelio Brustolin avaliou ainda que os ucranianos devem ter mais dificuldades em superarem as forças russas do que o contrário. Isso porque, apesar dos apelos de Volodymyr Zelensky, as armas enviadas pelo Ocidente não chegaram ao leste do país — especialmente a artilharia.

” A artilharia não chegou, e isso faz com que os ucranianos estejam ainda em condições inferiores nesse combate. Os russos têm apoio por terra, mar — Ucrânia não tem mais marinha — e tem duas pontes sob o Estreito de Kerch que ajudam na logística russa”, explicou o professor.

Para Brustolin, com a região do Donbass já em guerra civil desde a tomada da Crimeia pelos russos em 2014 — o que não justificaria uma nova guerra “apenas” pela região –, o movimento russo pode também tentar “completar o cerco e tomar Odessa e Kherson”, localizadas no sul ucraniano, o que tiraria o acesso da Ucrânia ao mar. “90% dos países que não têm acesso ao mar são pobres”, observou.

 

- Ex-primeira-ministra da Ucrânia diz que "Europa está em perigo"

A ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko, líder da Revolução Laranja de 2004, afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, "está cruzando muitas linhas vermelhas" na Ucrânia, o que coloca a Europa "em perigo".

"A estratégia de Putin é atacar a cidade mais ocidental. Com a guerra, muitas embaixadas mudaram-se para lá, e ele pretende atingir estrangeiros também. São mísseis apontados para o mundo inteiro, essa é a forte mensagem que está enviar", disse hoje (19), em entrevista ao diário italiano Republica.

Tymoshenko, 61 anos, que foi chefe de governo por dois mandatos, entre 2005 e 2010, sob a presidência de Victor Yushchenko, apoia fortemente o atual presidente, Volodymyr Zelensky, após a invasão russa.

"Putin é um bárbaro e fascista, que incentivou a eliminação de idosos, mulheres e crianças. Alguns pensam que ele é louco, eu não acho. Tem uma mente racional e cínica. Por trás do seu comportamento há um núcleo sombrio, algo que vem da Idade Média mais sombria", disse.

De acordo com Tymoshenko, a missão de Putin "é conquistar a Ucrânia".

"Portanto, este é o momento da verdade: deixá-lo fazer ou detê-lo. Mas a vitória não depende apenas da Ucrânia. Os líderes dos países democráticos devem estar unidos contra ele", enfatizou, lembrando que em 2008, quando era primeira-ministra, Putin atacou a Geórgia.

Segundo Tymoshenko, "Putin quer voltar às antigas fronteiras, não as da União Soviética, mas as do império russo",

"Ele quer aumentar o território e a Ucrânia é apenas o primeiro passo. Ele quer a posse e o controle de uma parte importante do que chamamos de Estados Unidos da Europa", que", no futuro, poderá tornar-se uma prisão"..

A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase 2 mil civis, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 5 milhões para países vizinhos.

A invasão russa foi condenada pela comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento à Ucrânia e o reforço de sanções econômicas e políticas a Moscou.

 

- Rússia denuncia ataque das forças ucranianas em Belgorod

Ação deixou pelo menos um ferido

A Rússia denunciou hoje (19) ataque das forças ucranianas em uma cidade na região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, que causou pelo menos um ferido.

Segundo o governador da região, Viacheslav Gladkov, o ataque foi realizado a partir do território ucraniano.

"Uma mulher que mora na localidade ficou ferida", escreveu Gladkov na rede social Telegram, acrescentando que o incidente também causou danos materiais.

O governador acrescentou que visitará pessoalmente o local para avaliar os danos.

Em 1º de abril, a Rússia já tinha acusado Kiev de um ataque, feito por um helicóptero, a um depósito de combustível em Belgorod, informação que não foi confirmada pelo lado ucraniano.

Belgorod está localizada a cerca de 30 quilômetros (km) da fronteira com a Ucrânia e a cerca de 70 km de Kharkiv, a cidade mais importante do Leste ucraniano que sofre com ataques das tropas russas.

A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, ofensiva militar na Ucrânia, que já matou quase 2 mil civis, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra causou a fuga de cerca de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões para países vizinhos.

A invasão russa foi condenada pela comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento à  Ucrânia e o reforço de sanções econômicas e políticas a Moscou

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil - Reuters