Política

Rússia ataca Kharkiv; satélite mostra comboio de tanques na cidade





Imagens de satélite coletadas e analisadas pela empresa americana MaxarTechnologies mostram um comboio militar de cerca de 13 quilômetros de comprimento indo em direção à cidade de Velkyi Burluk, a leste de Kharkiv. As imagens foram registradas em 8 de abril e divulgadas hoje pela companhia.

Segundo a empresa, a coluna é composta por "veículos blindados, caminhões com artilharia rebocada e equipamentos de apoio".

A divulgação das imagens ocorre no mesmo dia em que a Rússia fez novos ataques à região de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia. A informação foi confirmada em comunicado do Ministério da Defesa russo.

Segundo o porta-voz da pasta, general Igor Konashenkov, mísseis de alta precisão foram lançados no aeródromo militar de Chuhuiv, que fica nas proximidades do município.

O governador regional da região de KharkivOleh Synyehubov, informou que duas pessoas foram mortas e várias outras ficaram feridas na cidade de Derhachy. Segundo ele, as forças russas lançaram 66 ataques de artilharia em várias regiões ucranianas.

"Como você pode ver, o exército russo continua a 'lutar' com a população civil, porque não tem vitórias no front", disse.

Ofensivas em Dnipro e Mykolaiv

O governo da Rússia também confirmou que foram efetuados ataques às regiões de Dnipro e Mykolaiv.

"Durante a noite na vila de Zvonetske —região de Dnipropetrovsk— mísseis marítimos de alta precisão destruíram a sede e a base do batalhão nacionalista de Dnipro, onde chegaram reforços de mercenários estrangeiros no outro dia", disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.

Segundo o general, mísseis de alta precisão também foram lançados na área do assentamento de Stara Bohdanivka, em Mykolaiv.

Hoje mais cedo, o chefe da administração militar regional de Dnipropetrovsk, Valentyn Reznichenko, disse que havia "sirenes quase todas as horas" e que um ataque russo à capital regional de Dnipro havia destruído infraestruturas. "E, infelizmente, há projéteis chegando em diferentes áreas", acrescentou.

De acordo com Reznichenko, os socorristas trabalharam por horas para extinguir um incêndio e uma pessoa ficou ferida.

No distrito de Pavlohrad, a leste de Dnipro, um foguete atingiu uma instalação industrial, destruindo as instalações e também causando um incêndio. O aeroporto de Dnipro voltou a ser bombardeado hoje pela Rússia e ficou "destruído", informou o governador regional.

Dnipro é uma cidade industrial de um milhão de habitantes, atravessada pelo rio Dnieper —Dnipro, em ucraniano—, que marca o limite das regiões leste do país. Até agora, tinha sido relativamente pouco afetada pelo avanço das forças russas.

Otan planeja presença maior no leste da Ucrânia

Com a ofensiva russa aumentando principalmente no leste da Ucrânia, a Otan começou a fazer um planejamento para ter presença militar permanente em regiões de fronteira.

Em entrevista ao jornal britânico The Telegraph, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que a Otan —uma aliança militar com 30 países— está "no meio de uma transformação muito fundamental" que refletirá "as consequências de longo prazo" das ações do presidente russo, Vladimir Putin.

"O que vemos agora é uma nova realidade, um novo normal para a segurança europeia. Portanto, agora pedimos aos nossos comandantes militares que forneçam opções para o que chamamos de redefinição, uma adaptação de longo prazo da Otan", disse Stoltenberg. As definições deverão ser tomadas na cúpula do grupo que acontecerá em junho.

Movimentos

Para o Ministério da Defesa da Ucrânia, o exército russo "está tentando romper as defesas" ucranianas na área da cidade de Izyum e estabelecer controle total sobre a cidade de Mariupol. "Além disso, os ocupantes tentam melhorar a posição tática das divisões na direção de Mykolaiv."

Sobre Mariupol, cidade portuária, considerada estratégica para a Rússia no sul do país, o ministério ucraniano disse que, com ataques aéreos, os russos tentam capturar a parte central. Praticamente desde o início da invasão, a cidade está cercada.

Para o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, "Mariupol é o coração desta guerra hoje". "Está batendo. Estamos lutando. Somos fortes. E, se parar de bater, estaremos em uma posição mais fraca. Eles [defensores da cidade] são pessoas que estão distraindo uma grande parte das forças inimigas", disse Zelensky, em entrevista à agência AP.

Roubo em Chernobyl

As forças russas que ocuparam Chernobyl roubaram substâncias radioativasdos laboratórios que poderiam ser letais, informou, neste domingo (10), a agência estatal de gestão da zona de exclusão que rodeia a antiga usina nuclear. Segundo as autoridades, eles entraram em uma zona de armazenamento e roubaram 133 substâncias altamente radioativas.

As forças russas ocuparam a central de Chernobyl no primeiro dia da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, e permaneceram mais de um mês nesta zona altamente radioativa, antes de se retirarem em 31 de março. A usina de Chernobyl foi o local onde ocorreu a pior catástrofe nuclear do mundo, em 1986.

'Gente de ferro'

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse, em vídeo divulgado neste domingo (10), um dia depois de sua visita surpresa a Kiev, ter viajado de trem da Polônia à capital ucraniana, e prestou homenagem à "gente de ferro".

"Bom dia, sou Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, viajo a bordo de um trem fantástico da companhia ferroviária ucraniana da Polônia a Kiev", anuncia no vídeo, no qual aparece de pé a bordo de uma composição, vestindo camisa branca e suéter azul marinho.

"Aqui dizem 'gente de ferro'. É em relação à sua profissão, mas também reflete sua mentalidade, uma verdadeira mentalidade que os ucranianos demonstram ao resistirem à horrível agressão russa", prosseguiu Johnson.

Ele também apresentou suas condolências aos ferroviários, vítimas de um míssil disparado na sexta-feira contra uma estação de trem em Kramatorsk, no leste da Ucrânia, que deixou 52 mortos, entre eles cinco crianças, que tentavam fugir do conflito.

Boris Johnson fez uma visita inesperada a Kiev no sábado, na qual prometeu novas armas à Ucrânia. Esta visita não foi anunciada publicamente por nenhuma das duas partes. Foi a primeira vez desde o início da invasão russa que um dirigente do G7 viaja à Ucrânia.

 

- Otan pensa em presença militar permanente no Leste europeu

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, disse que a aliança atlântica considera o estabelecimento de presença militar permanente no Leste europeu para conter possível invasão russa.

"Independentemente de quando e como termine a guerra na Ucrânia, ela já teve consequências de longo prazo para a nossa segurança", disse Stoltenberg ao jornal britânico The Telegraph.

Em entrevista divulgada nesse sábado (9), o secretário disse que "a organização precisa adaptar-se a essa nova realidade. E é exatamente isso que estamos fazendo".

A Otan está "no meio de uma transformação fundamental", que tomará decisões sobre um destacamento permanente no Leste europeu, na cúpula da aliança, agendada para 29 e 30 de junho em Madri, afirmou.

Para ele, a Otan é a aliança mais bem-sucedida da história por duas razões. "Uma é que conseguimos unir a Europa e a América do Norte. A outra é que conseguimos mudar quando o mundo está mudando".

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, a organização mobilizou 40 mil, incluindo tropas portuguesas, para o flanco Leste, que se estende do Báltico ao Mar Negro.

Em 25 de março, Stoltenberg defendeu o reforço da presença militar da Otan no Ártico como resposta à maior atividade russa na região, que considerou de importância estratégica.

A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre eles 197 menores, segundo dados recentes da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). As Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções econômicas e políticas a Moscou.

 

-Zelenskiy considera que agressão russa não se limita ao seu país

Presidente falou aos ucranianos na noite desse sábado

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, considera que a Rússia está atacando toda a Europa com a agressão ao seu país. Ele disse que impedir a invasão da Ucrânia é essencial para a segurança de todas as democracias.

Em discurso aos ucranianos, na noite desse sábado (9), Volodymyr Zelenskiy afirmou que a agressão russa "não se destinava a ser limitada apenas à Ucrânia" e que "todo o projeto europeu é um alvo para a Rússia".

"É por isso que não é apenas dever moral de todas as democracias, de todas as forças europeias, apoiar o desejo de paz na Ucrânia", disse, acrescentando que "isso é, na realidade, a estratégia de defesa para todos os Estados civilizados".

O discurso do Presidente da Ucrânia foi divulgado enquanto, na zona leste do país, civis continuavam a fugir perante a iminência de um ataque russo, e os bombeiros procuravam sobreviventes numa cidade no Norte, de onde as forças russas saíram.

No pronunciamento, Zelenskiy agradeceu aos primeiros-ministros do Reino Unido e da Áustria suas visitas, nesse sábado, a Kiev as promessas de mais apoio.

A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre eles 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). As Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento à Ucrânia e o reforço de sanções econômicas e políticas a Moscou.

Fonte: UOL com informações da Reuters e AFP - Agência Brasil