Cotidiano

União Europeia mira petróleo e gás russos com novas sanções; região de Lviv é atacada





A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse nesta quarta-feira (6) que a União Europeia vai impor mais sanções contra a Rússia além do último pacote já anunciado nesta semana, provavelmente incluindo medidas contra as importações de petróleo russo.

“Essas sanções não serão nossas últimas sanções”, disse ela ao Parlamento Europeu em uma apresentação do mais recente pacote de sanções que inclui a proibição de compra de carvão russo.

“Agora temos que analisar o petróleo e as receitas que a Rússia obtém dos combustíveis fósseis”, afirmou von der Leyen.

Nas redes sociais, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, agradeceu as novas sanções da UE planejadas contra a Rússia, mas disse que um embargo ao gás e petróleo russos é necessário “para deter” o presidente Vladimir Putin.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que não pode tolerar qualquer indecisão dos países ocidentais sobre a imposição de novas sanções à Rússia, em um discurso ao parlamento da Irlanda na quarta-feira.

“Quando estamos ouvindo nova retórica sobre sanções… não posso tolerar nenhuma indecisão depois de tudo o que as tropas russas fizeram”, disse ele em uma rara sessão conjunta de ambas as casas do parlamento por videoconferência, pedindo à Irlanda que convença os parceiros europeus a introduzirem sanções mais rígidas.

Ataques em Lviv

Explosões foram relatadas nesta terça-feira (6) na área de Radekhiv, na região de Lviv, no oeste da Ucrânia, segundo autoridades ucranianas.

“Nossas forças de defesa aérea derrubaram dois mísseis de cruzeiro inimigos sobre Radekhiv”, disse Maksym Kozytskyi, chefe da administração militar regional, na quarta-feira pelo Telegram.

O Comando Aéreo Oeste da Força Aérea Ucraniana também divulgou um comunicado na quarta-feira dizendo que dois mísseis de cruzeiro russos foram derrubados na noite de terça-feira na região de Lviv.

“Na noite passada, os caças dos ocupantes que voavam de Belarus atingiram o território da Ucrânia com mísseis de cruzeiro”, dizia o comunicado.

A Rússia ainda não se manifestou sobre o ocorrido.

Ocupação russa em Borodiamka

Borodianka era o lar de 13.000 pessoas antes da guerra, mas a maioria fugiu após a invasão da Rússia. O que restava da cidade, depois de intensos bombardeios e ataques aéreos devastadores, foi então ocupado pelas forças russas, que chegaram em 28 de fevereiro.

A ocupação russa de um mês deixou uma marca devastadora na cidade. Não só foi quase totalmente destruída por ataques de longo alcance – com edifícios reduzidos a meras pilhas de escombros – mas as forças russas usaram algumas das casas como seu próprio quartel.

A letra “V”, abreviação de Vostok (que significa ‘leste’ em russo) – e um símbolo usado pelo distrito militar oriental da Rússia em conjunto com a letra “Z”, um emblema da chamada “operação militar especial” de Moscou – foi pintado em edifícios, veículos e postos de controle.

 

- Zelensky diz que indecisão sobre novas sanções é “intolerável”

Falando ao parlamento irlandês, presidente ucraniano cobrou que União Europeia aumente a pressão econômica sobre a Rússia

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que não pode tolerar qualquer indecisão dos países ocidentais sobre a imposição de novas sanções à Rússia, em um discurso ao parlamento da Irlanda nesta quarta-feira (6).

“Quando estamos ouvindo nova retórica sobre sanções… não posso tolerar nenhuma indecisão depois de tudo o que as tropas russas fizeram”, disse ele em uma rara sessão conjunta de ambas as casas do parlamento por videoconferência, pedindo à Irlanda que convença a União Europeia e parceiros a aplicarem sanções mais rígidas aos russos.

Falando por meio de um intérprete, Zelensky disse que a infraestrutura civil da Ucrânia, incluindo um depósito de combustível, foi atingida por mísseis russos durante a noite e acusou Moscou de provocar deliberadamente uma crise alimentar usando a fome como “arma”.

A Rússia negou atacar civis no que chama de “operação militar especial” na Ucrânia.

 

- Kremlin: conversações de paz com Ucrânia não avançam com rapidez

O Kremlin disse nesta quarta-feira (6) que as negociações de paz entre Moscou e Kiev não estão progredindo com a velocidade ou a energia que se esperava.

Em teleconferência, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que os trabalhos para estabelecer nova rodada de conversações estão em andamento, mas que ainda há longo caminho a percorrer para alcançar qualquer progresso.

Sergei Lavrov

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, acusou o Ocidente, nessa terça-feira (5), de tentar atrapalhar as negociações entre Rússia e Ucrânia ao alimentar uma "histeria" sobre supostos crimes de guerra cometidos pelas forças de Moscou.

Kiev e o Ocidente dizem que há evidências - incluindo imagens e depoimentos de testemunhas coletados pela Reuters e por outras organizações de imprensa - de que a Rússia cometeu crimes de guerra na cidade ucraniana de Bucha. Moscou nega a acusação, que chama  de "monstruosamente forjada".

Lavrov afirmou, sem apresentar provas, que Moscou acredita que as acusações foram feitas para arruinar o processo de negociação após o que descreveu como progresso, depois que representantes ucranianos e russos se reuniram na Turquia na semana passada. 

"Estamos inclinados a pensar que a razão é o desejo de encontrar pretexto para que as negociações conduzidas sejam interrompidas", disse Lavrov em vídeo divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores da Rússia.

 

- EUA e aliados vão proibir novos investimentos na Rússia

Os Estados Unidos (EUA) e aliados ocidentais vão impor sanções adicionais ao Kremlin, incluindo a proibição de qualquer novo investimento na Rússia, após denúncias de crimes de guerra na Ucrânia, informou a Casa Branca.

Entre as medidas tomadas estão  ampliação de sanções contra instituições financeiras e empresas estatais russas e contra funcionários do governo e familiares, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

"A meta é forçá-los a fazer uma escolha. A maior parte do nosso objetivo aqui é esgotar os recursos que [o presidente russo, Vladimir] Putin tem para continuar sua guerra contra a Ucrânia".

As sanções visam a aumentar o "isolamento" econômico, financeiro e tecnológico da Rússia, como forma de penalização pelos ataques a civis na Ucrânia, afirmou Jen Psaki.

Segundo a porta-voz,  as imagens de massacres na cidade de Bucha, nos arredores de Kiev, são apenas "a ponta do iceberg". Para ela, "provavelmente" as forças russas "também cometeram atrocidades" em outras partes da Ucrânia.

Psaki disse ainda que o governo avalia "medidas adicionais", acrescentando que o presidente norte-americano Joe Biden não pensa em nenhuma ação militar na Ucrânia.

Também nessa terça-feira, o Departamento do Tesouro norte-americano decidiu bloquear quaisquer pagamentos da dívida do governo russo com dólares americanos, provenientes de contas em instituições financeiras dos EUA, dificultando o cumprimento das obrigações financeiras por parte da Rússia.

Ajuda militar

Os EUA anunciaram ajuda militar adicional à Ucrânia, no valor de US$ 100 milhões, para combater a invasão russa.

Em comunicado, o porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse que a medida é para atender à urgente necessidade que a Ucrânia tem por mais sistemas antitanque Javeli. Esses sistemas já foram fornecidos pelos Estados Unidos à Ucrânia e têm sido usados de forma eficaz para defender o país.

A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU. A organização alerta para a possibilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). As Nações Unidas estimam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela comunidade internacional, que respondeu com o envio de armas à Ucrânia e o reforço de sanções econômicas e políticas a Moscou.

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil