Cotidiano

Sem proposta, sindicato do BC diz que intensificará greve





O Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central) disse que a reunião dos funcionários públicos com o Ministério da Economia nesta 3ª feira (5.abr.2022) terminou sem proposta de reajuste salarial. Afirmou que a resposta será a “manutenção e intensificação da greve”.

O comunicado foi publicado depois do encontro. Eis a íntegra da nota (17 KB).

O texto disse que a entidade espera a adesão de mais de 60% dos funcionários públicos. O Sinal afirmou que a greve afetará ainda mais o funcionamento do Pix –o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central– e outros serviços da autoridade monetária, como a divulgação do Boletim Focus e os índices financeiros.

A reunião foi com Leonardo Sultani, secretário de Gestão de Pessoas do Ministério da Economia. O Sinal disse que não houve proposta oficial do governo e que irá intensificar a greve.

O sindicato afirmou ainda que 725 comissionados entregaram os cargos até esta 3ª feira (5.abr.2022), e há expectativa de novos atos. O presidente do Sinal, Fábio Faiad, disse no comunicado que a greve dos funcionários públicos do BC será feita de forma responsável, respeitando a lei dos serviços essenciais.

 

- CAE aprova indicados ao Banco Central e Cade

A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado aprovou nesta 3ª feira (5.abr.2022) o nome dos indicados à diretoria do BC (Banco Central) e ao Cade(Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Se aprovado pelo plenário do Senado, em votação que será feita ainda nesta 3ª feira (5.abr), Diogo Abry Guillen assumirá a Diretoria de Política Econômica do BC. Ele era economista-chefe da Itaú Asset Management e professor vinculado ao Insper. Substituirá Fabio Kanczuk.

Em discurso, Diogo Guillen defendeu o monitoramento constante e atento da inflação para reduzir os riscos futuros e proporcionar uma redução estrutural da taxa de juros. Disse que quer contribuir para o bem-estar econômico da sociedade, suavizando as flutuações do nível de atividade econômica e fomentando o pleno emprego.

Guillen afirmou que o regime de metas de inflação é adotado em outros países, e se mostra eficaz. Disse que o câmbio é flutuante e atua como 1ª linha de defesa para o país em períodos de volatilidade.

O economista afirmou que o Banco Central foi uma das primeiras autoridades monetárias a subir juros em 2021 para controlar a inflação, e de forma mais “agressiva”.

Sobre as reservas internacionais, declarou que há um entendimento geral de que há um nível “ótimo” de volume de recursos, mas disse que o nível está apropriado em comparação com a experiência internacional. Afirmou que a reserva em moeda estrangeira é importante para momentos de disfunções no mercado.

Para o Cade, Alexandre Barreto (superintendente-geral) e Victor Fernandes (conselho do tribunal antitruste) foram aprovados pelos congressistas.

Já Renato Dias de Brito Gomes comandará a Diretoria de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, no lugar de João Manoel Pinho de Mello. Eis o resumo dos votos:

  • Renato Dias (22 favoráveis);
  • Diogo Guillen (20 favoráveis e 2 contrários);
  • Alexandre Barreto (20 favoráveis e 2 contrários);
  • Victor Oliveira (22 favoráveis).

Os 4 nomes foram aprovados para os cargos.

RENATO DIAS ELOGIA PIX E OPEN BANKING

Renato Dias elogiou o Pix e o Open Banking –sistema de troca de informações bancárias. Leia a íntegra do discurso (152 KB).

“O Brasil […] encontra-se num momento de recuperação após a crise sanitária, que ceifou a vida e subtraiu o pão de tantos brasileiros. Vários fatores determinarão o nosso êxito. Um deles é o bom funcionamento da intermediação financeira, ou seja, os mercados de crédito, pagamentos e de capitais”, disse Renato Dias.

Também afirmou que o lançamento do Pix deve ampliar os ganhos de eficiência e de inclusão financeira. “Efeito similar espera-se do open banking, ou sistema financeiro aberto, no qual cada cliente tem a opção de compartilhar seus dados com instituições financeiras, podendo assim escolher, dentre várias, a oferta de crédito mais vantajosa.”

LUCRO DOS GRANDES BANCOS E CONCORRÊNCIA

Renato Dias se classificou como “empático” sobre o tema de lucro das instituições financeiras e da competitividade do sistema financeiro nacional.

Diferenciou concentração bancária de competição. “É verdade que o Brasil tem 4 grandes bancos, mas, se nós analisarmos medidas de concentração, e o principal da literatura é o índice de herfindahl, nós vemos que o sistema financeiro brasileiro tem instituições grandes e várias menores. E o resultado de equilíbrio de mercado é semelhante a de uma economia de em torno de 6 ou 7 instituições financeiras simétricas competindo”, afirmou.

Dias declarou que o nível de concentração é moderado, em comparação com outros países. “Agora, o fato de nós termos um nível moderado de concentração não quer dizer que o mercado seja muito competitivo”, disse.

O economista declarou que o nível de informação assimétrica de consumidores disponível no setor financeiro é um problema grande. E, segundo ele, o tema limita a competição.

Defendeu o Open Banking, que é uma plataforma que permite ao cliente –com consentimento– o compartilhamento de dados entre o sistema financeiro.

“Vai permitir que haja muito mais concorrência, não obstante os níveis de concentração permanecerem como estão”, disse Dias. Afirmou, no entanto, que o Banco Central está empenhado em fomentar as fintechs –startups do sistema financeiro– para reduzir a concentração.

Renato Dias afirmou que a rentabilidade dos bancos brasileiros é maior do que a de economias desenvolvidas, como França, Alemanha e Estados Unidos. Disse que é menor que outros países em desenvolvimento, como a Índia, África do Sul e Turquia.

“Eu acho que existem várias iniciativas que vão incentivar a competição no mercado bancário, de pagamentos e de crédito”, declarou.

VAREJO BRASILEIRO E E-COMMERCE

Renato Dias disse que é “lastimável” para o país que plataformas estrangeiras tenham acesso ao mercado brasileiro “basicamente sem tributação”.

Ele afirmou que há mais brechas tributárias do que um problema de pagamento. “Eu acho que certamente as instituições de pagamento podem auxiliar na consecução dos benefícios tributários, mas tributar pagamentos é uma ideia não tão boa, porque vai gerar distorções e vai atrasar uma agenda tão importante para o Banco Central”, disse o sabatinado.

CRIPTOATIVOS

Renato Dias citou o projeto de lei que determina que haja regulação das corretoras de criptomoedas. Disse que não foi definido que o trabalho seja feito pelo Banco Central, mas definido pelo governo federal.

“Em sendo o Banco Central, é da minha opinião que a política com relação às corretoras de criptoativos tem que se balizar por 3 eixos principais: prevenção à lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo […], regulação prudencial […] e educação financeira”, disse.

O economista afirmou que as operações de compra e venda das criptomoedas têm que ter rastreabilidade. Dias disse que muitos dos criptoativos não têm “base e, nem sequer, fundamentos”“São muito voláteis, cuja trajetória de preços é dificílima de entender, mesmo para os especialistas”, disse.

Sobre a educação financeira, Dias disse que as criptomoedas são ativos perigosos que não são seguros para as oscilações de renda.

Fonte: Poder360