Política

Bolsonaro pré-candidato: Será a luta do bem contra o mal





Em clima de campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro participou do evento do Partido Liberal neste domingo (27), em Brasília.  Antes mesmo de Bolsonaro começar a discursar, o locutor de rodeios Cuiabano Lima deu o tom que provavelmente deverá marcar a campanha de reeleição. “Estamos vivendo uma batalha que não é somente política, é espiritual”, disse Cuiabano. E passou, então, a chamar Bolsonaro somente pelo seu nome do meio, “Messias”, que quer dizer “o escolhido”, a forma como Jesus Cristo era chamado.

As trajetórias de Bolsonaro e de Jesus Cristo começaram, então, a ser misturadas pelo locutor de rodeios. “Tentaram matar o Messias”, disse, referindo-se ao atentado a faca que Bolsonaro sofreu no final da campanha de 2018. “Soltaram o Barrabás”, referindo-se não ao criminoso que foi solto no lugar de Cristo no momento da crucificação, mas da liberação do principal adversário de Bolsonaro na corrida eleitoral deste ano, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. “Da mesma forma como Pôncio Pilatos, vieram os tribunais”. Continuou. E apontou para Bolsonaro: “Este homem é o escolhido. Deus não escolhe os capacitados. Deus capacita os escolhidos”. Em seguida, Cuiabano pediu a todos os presentes que rezassem um Pai Nosso. 

No canto direito da plateia, Marilena dos Santos, 52 anos, levantava contrita nas mãos uma pequena Bíblia. “Eu vim de Unaí só para ver o escolhido”, dizia a evangélica, adepta da Igreja Mundial do Poder de Deus. Em alguns momentos, Marilena pulava, empolgada, com a Bíblia nas mãos.

O clima que misturava política e religião foi confirmado logo depois por Bolsonaro no seu discurso. “Não é uma luta da esquerda contra a direita. É uma luta do bem contra o mal”.

Filia Brasil

Bolsonaro chegou ao Centro Internacional de Convenções às 10h10 para o que oficialmente foi chamado de um ato para filiação de novos militantes ao PL, batizado de “Filia Brasil”. Inicialmente, o evento chegou a ser classificado como o lançamento da pré-candidatura de Bolsonaro a reeleição. Alertado por advogados, o PL mudou o caráter do evento como um ato de filiação. E, de fato, novas filiações ao PL aconteceram. Mas não houve qualquer dúvida de que Bolsonaro era o centro de todas as atenções. E que o evento marcava o tom que se pretenderá dar à campanha. O próprio Bolsonaro assim o tratou um dia antes.

Faixas retratavam Bolsonaro como “O Capitão do Brasil”, indicando que esse pode ser o slogan da campanha. “Pelas mãos de Deus, levamos adiante o grande dom da liberdade”, aparecia no telão montado atrás do palco. Entre os presentes, o ex-piloto de Fórmula Um Nelson Piquet e ministros do governo, como Ciro Nogueira (Casa Civil), Damares Alves (Mulher), Augusto Heleno (Segurança Institucional), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e João Roma (Cidadania). E políticos como o senador Fernando Collor (Pros-AL).

“Agradeço a Deus pela minha vida e pela missão de estar no Executivo federal pelas mãos de pelo menos 58 milhões de brasileiros”, disse Bolsonaro, no início do seu discurso. “O Brasil vive um momento difícil”, prosseguiu, emendando, então, uma passagem bíblica: “Nada temeis, nem mesmo a morte, a não ser a morte eterna”.

“Quando partirmos, o nosso passaporte será a vida de todos nós”, afirmou, para lançar, em seguida, um desafio: “Não queiram a minha cabeça”.

“A minha vida não pertence a mim, pertence a vocês. Juro dar minha vida pela nossa liberdade”. E Bolsonaro, então, enviou recados a seus adversários. “Todo poder emana do povo, mas nós temos que ter lideranças sérias. Para defender a democracia, tomarei a decisão que for necessária, a quem quer que seja”.

E acrescentou: “Para isso, tenho um exército ao meu lado. E vocês sabem do que estou falando”.

“Me embrulha o estômago jogar dentro das quatro linhas, mas a Constituição me obriga a isso”, disse o presidente, alegando que os demais poderes é que não respeitariam as tais quatro linhas. “Geralmente as ditaduras começam no Poder Executivo”, comentou, afirmando que, no Brasil, neste momento, não seria isso o que estaria acontecendo, especialmente pelos atos do Poder Judiciário.

Por volta das 11h, o ato começou a se encerrar. O público estimado pela Polícia Militar, segundo a organização do evento, foi de sete mil pessoas. Ao final, Cuiabano puxou um “parabéns a você” para Michelle Bolsonaro. A mulher do presidente fez aniversário no dia 22 de março.

 

- Bolsonaro diz que “pesquisa mentirosa” não ganhará a eleição

O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo (27.mar.2022) que “uma pesquisa mentirosa” não ganhará a eleição. Em discurso durante evento do lançamento de sua pré-candidatura pelo PL, o presidente disse que o inimigo do Brasil é interno e que a disputa não é “esquerda contra direita” e sim do “bem contra o mal”.

“Uma pesquisa mentirosa publicada mil vezes não fará um presidente da república”, declarou.

“O nosso inimigo não é externo, é interno. Não é uma luta da esquerda contra a direita, é uma luta do bem contra o mal. E nós vamos vencer essa luta. Porque eu estarei sempre na frente de vocês. Vocês nos fortalecem.”

Depois de gradualmente reduzir a vantagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas simulações de 1º turno, Jair Bolsonaro (PL) estacionou na rodada do PoderData realizada de 13 a 15 de março de 2022.

Agora, o petista tem 40% contra 30% do atual presidente (há duas semanas, o placar era de 40% a 32%). A variação está dentro da margem de erro, de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Em janeiro, a distância entre Lula e Bolsonaro era de 14 pontos na simulação de 1º turno. Essa vantagem vinha caindo a cada 15 dias, conforme mostrou o PoderData, única empresa de pesquisas do Brasil que faz levantamentos nacionais quinzenais. Estava em 9 pontos há 1 mês.

Ao longo da fala de quase 30 minutos, o presidente relembrou quando começou a viajar pelo Brasil em 2014. Citou da facada que levou em 2018 durante a campanha e pediu que seus eleitores mais velhos mostrem aos jovens como era o país antes de seu governo.

 “O nosso inimigo não é externo, é interno. Não é uma luta da esquerda contra a direita, é uma luta do bem contra o mal. E nós vamos vencer essa luta. Porque eu estarei sempre na frente de vocês. Vocês nos fortalecem”, afirmou. 

Ao lado do general Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Bolsonaro disse que pretende entregar o governo “só bem lá na frente”, mas bem melhor do que recebeu em 2019.

“O que nós queremos, juntamente com muitos dos que estão aqui, é deixar, entregar o comando desse país la na frente, bem lá na frente, por um processo democrático transparente é um país bem melhor do que recebemos em 2019.”

 

Michelle mostra desconforto em estreia no palanque de Bolsonaro

A primeira-dama Michelle Bolsonaro demonstrou desconforto em alguns momentos durante o evento de filiações ao PL e lançamento da pré-candidatura de Jair Bolsonaro neste domingo (27.mar.2022). Ela acompanhou o chefe do Executivo junto de demais autoridades no palco do evento, que estava lotado.

Em determinado momento, a primeira-dama ensaiou deixar o palco, mas foi contida por gesto do presidente que segurou seu braço. Com expressão impaciente, se dirigiu à ministra Flávia Arruda (Secretaria de Governo). Não é possível ouvir o que Michelle fala no momento. 

O presidente fez questão de que Michelle falasse ao microfone. Em breve discurso, ela afirmou acreditar que Deus será “fiel” novamente ao indicar que Bolsonaro pode ser reeleito.

Hoje é um novo ciclo que se inicia. Mil coisas passam nas nossas cabeças. Mas, Deus está no controle de todas as coisas. Eu sei que assim como ele foi fiel em 2019, ele será em 2022”, declarou.

No evento, Bolsonaro afirmou que dedicaria pelo menos 1 minuto às mulheres e também chamou a ministra Tereza Cristina (Agricultura) para discursar. O chefe do Executivo tem investido no destaque para mulheres em seu governo como forma de se aproximar desse eleitorado, em que enfrenta resistência.

Em março, em suas lives semanais, o presidente convidou secretárias e ministras para participarem da transmissão ao vivo. Em evento no Planalto em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, Bolsonaro afirmou que as mulheres estão “praticamente integradas à sociedade”.

Naquele meu tempo, é história: a mulher era professora ou dona de casa. Hoje em dia, as mulheres estão praticamente integradas à sociedade. Nós a auxiliamos, estamos sempre ao lado delas. Não podemos mais viver sem elas”, disse na 3ª feira (8.mar).

Avaliação

Pesquisa PoderData, realizada de 13 a 15 de março de 2022, mostrou que no recorte por sexo, 59% das mulheres consideram o trabalho de Bolsonaro “ruim” ou “péssimo”, enquanto a taxa é de 43% entre os homens.

Na avaliação geral, são 57% os brasileiros que dizem desaprovar a atual administração federal, enquanto 35% aprovam e 8% não sabem.

Além de Michelle, também participaram do evento deste domingo ministros e congressistas aliados do presidente. O evento foi aberto ao público. O ato foi inicialmente divulgado como o lançamento da pré-candidatura de Bolsonaro nas eleições, mas foi reformulado por recomendação jurídica.

Com a mudança, passou a ser anunciado como um encontro nacional do partido para filiações, com o lançamento do Movimento Filia Brasil.

Fonte: Congresso em Foco - Poder360