Política

Bolsonaro reforça posição de equilíbrio do Brasil em guerra





O presidente Jair Bolsonaro (PL) reafirmou que o Brasil “continua numa posição de equilíbrio” sobre a guerra na Europa. Segundo ele, essa é a “posição mais sensata” a ser adotada e que é preciso ter “responsabilidade” ao tratar do conflito.

O Brasil continua numa posição de equilíbrio. Nós temos negócios com os 2 países. Não temos a capacidade de resolver esse assunto. Então, o equilíbrio é a posição mais sensata por parte do governo federal”, afirmou em live nas redes sociais.

Bolsonaro também afirmou que torce pelo fim do conflito e que o Brasil é um país da “paz” e de “cristãos”. “Nós torcemos e no que for possível faremos pela paz”, disse.

O presidente conversou por telefone nesta 5ª feira com o primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson sobre a guerra. Os líderes concordaram em exigir um cessar-fogo urgente e que a paz deve prevalecer na região.

A invasão da Rússia à Ucrânia chegou ao seu 8º dia nesta 5ª feira (3.mar). No domingo (27.fev), Bolsonaro anunciou que Brasil não irá “tomar partido” na guerra. Afirmou que a atitude do governo seria de “continuar pela neutralidade” e “equilíbrio”.

Dias antes, em 24 de fevereiro, durante uma live, o presidente desautorizou e criticou fala do vice-presidente Hamilton Mourão, que condenou a invasão feita pela Rússia.

Amazônia

Ao falar sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, o presidente voltou a dizer que recebeu apoio do presidente russo, Vladimir Putin, quando a soberania da Amazônia foi questionada por outros líderes mundiais.

Não é de hoje que tem alguns países de olho na floresta amazônica […] Em pelo menos dois momentos, quando se discutia a questão climática e alguns chefes de Estado conhecidos quiseram discutir a soberania amazônica, um chefe de Estado, no caso o da Rússia, vetou aquela discussão e não se tocou mais no assunto. Ou seja, nós temos parceiros hoje em dia que nos ajudam nessas questões”, disse.

Bolsonaro também afirmou que o Brasil é um “exemplo” na questão ambiental e defendeu o investimento nas Forças Armadas para a inibir interferências. “O Brasil é um exemplo para o mundo e nós sabemos o que temos que fazer para garantir à nossa população a paz, é investir nas Forças Armadas, não há dúvida”, declarou.

O chefe do Executivo também defendeu a produção de fertilizantes nacionais. A maior parte utilizada pelo agronegócio brasileiro é atualmente importada. Bolsonaro esteva acompanhado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na live desta 5ª.

 

- Plano nacional de fertilizantes será lançado este mês, diz ministra

Em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia, que ameaça a oferta de grande parte dos fertilizantes importados pelo Brasil, o governo federal vai lançar este mês um plano nacional para ampliar a produção do insumo no país. A informação é da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. 

Os fertilizantes, especialmente nitrogênio, fósforo e potássio, são largamente utilizados pelo setor agrícola brasileiro, mas 80% deles são importados, e a Rússia e a Bielorússia são dois dos principais fornecedores do produto ao Brasil. No momento, no entanto, em decorrência das sanções econômicas aplicadas contra russos e bielorrussos, por causa da invasão à Ucrânia, o Brasil não tem conseguido trazer os fertilizantes destes países. 

"O Brasil, no passado, não fez um programa nacional para a produção própria de fertilizantes. Fizemos uma opção errada, lá atrás, de ficarmos importando nitrogênio, fósforo e potássio", afirmou a ministra durante a live semanal do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. No caso do fósforo, considerado um dos fertilizantes mais importantes, a dependência externa chega a 93%. 

Segundo a ministra, uma cerimônia de entrega do plano será realizada no final de março, no Palácio do Planalto. Apesar de coincidir com uma crise de abastecimento do produto, o plano vinha sendo pensado há mais tempo.

"Esse plano está pronto, não foi por causa desta crise. Isso nós pensamos lá atrás, no seu governo, de que o Brasil, uma potência agro, não poderia ficar nessa dependência, do resto do mundo, de mais de 80% nos três produtos, de vários países”, disse a ministra durante a live com Bolsonaro.

Um grupo de trabalho chegou a ser formado há quase um ano e envolveu representantes de nove ministérios. 

Segundo Teresa Cristina, o plano trará um diagnóstico sobre a oferta de fertilizantes no Brasil e poderá ter como resultado, por exemplo, propostas legislativas para facilitar a produção de fertilizantes no país, como regras de licenciamento ambiental para exploração de jazidas e até permissão para extração dos minerais em terras indígenas.

Durante coletiva de imprensa, a ministra da Agricultura afirmou que o estoque de fertilizantes para o agronegócio no Brasil está garantido até outubro. Ela garantiu que não há problemas com a safra neste momento, porém, a safra de verão, no final de setembro e outubro, ainda gera preocupação.

 

- Brasil concederá visto temporário a ucranianos

O governo brasileiro decidiu conceder visto temporário e autorização de residência para fins de acolhida humanitária aos ucranianos que deixaram o país natal por causa da guerra. A portaria interministerial, assinada pelos ministros da Justiça, Anderson Torres, e das Relações Exteriores, Carlos França, foi publicada no Diário Oficial da União.

O visto temporário beneficia aos nascidos na Ucrânia e aos apátridas afetados ou deslocados pela situação de conflito armado na Ucrânia. O visto terá validade de 180 dias. Essa providência não inviabiliza outras medidas que possam ser tomadas pelo governo federal em benefício dessas pessoas.

O imigrante apátrida tem em 90 dias após sua chegada no Brasil para iniciar o processo de reconhecimento da condição de apátrida junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). A solicitação do visto depende da apresentação de documento de viagem válido, formulário de solicitação de visto preenchido, comprovante de meio de transporte de entrada no território brasileiro e atestado de antecedentes criminais. Esse último deverá ser expedido na Ucrânia. Caso não seja possível, deve ser feita uma declaração de ausência de antecedentes criminais em qualquer país.

Caso um cidadão ucraniano já esteja no Brasil, independente da guerra que se desenrola em sua terra natal, e queira pedir autorização de residência para acolhida humanitária, poderá fazê-lo junto à Polícia Federal. Nesse caso, o prazo de residência previsto é de dois anos.

As tropas russas continuam avançando em território ucraniano, em direção à capital Kiev. A guerra entre tropas russas e ucranianas já dura oito dias. Mais de um milhão de ucranianos já deixaram o país, o equivalente a 2% da população. Mais da metade deles foi para a Polônia. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), essa é uma crise sem precedentes neste século. O organismo internacional estima que outros 4 milhões de ucranianos ainda podem deixar o país.

Fonte: Poder360 - Agência Brasil