Política

Rússia retoma ataques e diz que Ucrânia não quis negociar





O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou o retorno das ofensivas contra a Ucrânia neste sábado (26.fev.2022). Segundo o governo russo, as operações militares tinham sido suspensas depois da sinalização de negociações entre os 2 países.

No entanto, o Kremlin afirma que o governo ucraniano não ficou satisfeito com as condições russas e desistiu de negociar. “Como, de fato, o lado ucraniano se recusou a negociar, esta tarde a promoção das principais forças russas foi retomada de acordo com o plano da operação”, afirmou o secretário de imprensa do governo russo, Dmitry Peskov. A informação é da RIA, agência de notícias estatal da Rússia.

O governo do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky aceitou negociar na 6ª feira (25.fev). Mais cedo no mesmo dia, a Rússia se disse pronta para enviar delegação de negociadores para conversar com o governo ucraniano. A sinalização vem logo depois de Zelensky indicar que o país estaria disposto a aceitar o status neutro.

O status neutro foi uma das duas exigências anunciadas pelo governo russo na 5ª feira (24.fev): o desarmamento do governo ucraniano e o status neutro do país na política internacional. Na ocasião, Peskov não deu maiores explicações do que seria um status neutro.

Mas uma das possíveis interpretações, dado o contexto do conflito no Leste Europeu, é a desistência da Ucrânia de tentar fazer parte da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), já que essa é uma aliança militar liderada pelos Estados Unidos.

No entanto, também na 6ª feira (25.fev), Putin instou soldados ucranianos a tomarem o poder e derrubarem Zelensky. “Peguem o poder com suas próprias mãos, será mais fácil negociar com vocês do que com o bando de viciados em drogas e neonazistas, que estão em Kiev e fazem o povo ucraniano de reféns”, disse o presidente russo.

Zelensky afirma que a Rússia quer “destruir a Ucrânia politicamente destruindo o chefe de Estado”. Os Estados Unidos alertaram para o risco de o presidente ser capturado ou morto pelas Forças russas, segundo o Washington Post. Mas o presidente ucraniano se recusa a deixar seu país.

Há muita informação falsa on-line dizendo que eu pedi ao nosso Exército que depusesse as armas e se retirasse”, disse o Zelensky em um vídeo publicado nas redes sociais neste sábado (26.fev). “Estou aqui. Não vamos baixar as armas. Vamos defender o nosso país”, completou.

3º DIA DE CONFLITO

A Ucrânia enfrenta o 3º dia de conflito com a Rússia. Na madrugada deste sábado (26.fev.2022), a capital Kiev e outras cidades registraram explosões em diversos pontos.

Ao amanhecer, um post no perfil do Facebook das Forças Armadas ucranianas dizia que um “combate ativo” estava em curso nas ruas da capital.

A prefeitura de Kiev ampliou o toque de recolher na capital. A partir deste sábado (26.fev.2022), civis não podem transitar pelas ruas da cidade das 17h da tarde até as 8h da manhã (horário local). Na capital, o metro deixou de funcionar para servir como abrigo contra ataques aéreos. 

Kharkiv, uma das maiores cidades ucranianas, também decretou toque de recolher, das 18h às 6h (horário local), segundo a embaixada brasileira em Kiev.

GUERRA NA UCRÂNIA

Pelo menos 198 ucranianos, incluindo 3 crianças, foram mortos na invasão russa, segundo informações do Ministério da Saúde da Ucrânia à agência de notícias Interfax, neste sábado (26.fev). Os feridos somam 1.115, sendo 33 crianças. O ministério não especificou se as vítimas eram civis.

Em pronunciamento na 6ª feira (25.fev.2022), Zelensky disse que a madrugada de sábado (26.fev) será decisiva na defesa do país.

“Esta noite o inimigo usará todos os meios disponíveis para romper nossa resistência”, disse. “O destino da Ucrânia está sendo decidido neste momento”, frisou.

No discurso de pouco mais de 5 minutos, o presidente ucraniano afirmou que as forças russas “lançarão ataques” em diferentes pontos do país durante a noite, como nas cidades de Chernihiv, Sumy, Kharkiv, a região separatista de Donbass e a capital Kiev.

ENTENDA O CONFLITO

A disputa entre Rússia e Ucrânia começou oficialmente depois de uma invasão russa à península da Crimeia, em 2014. O território foi “transferido” à Ucrânia pelo líder soviético Nikita Khrushchev em 1954 como um “presente” para fortalecer os laços entre as duas nações. Ainda assim, nacionalistas russos aguardavam o retorno da península ao território da Rússia desde a queda da União Soviética, em 1991.

Já independente, a Ucrânia buscou alinhamento com a UE (União Europeia) e Otan enquanto profundas divisões internas separavam a população. De um lado, a maioria dos falantes da língua ucraniana apoiavam a integração com a Europa. De outro, a comunidade de língua russa, ao leste, favorecia o estreitamento de laços com a Rússia.

O conflito propriamente dito começa em 2014, quando Moscou anexou a Crimeia e passou a armar separatistas da região de Donbass, no sudeste. Há registro de mais de 15.000 mortos.

 

- União Europeia reforça sanções contra a Rússia

A União Europeia (UE) anunciou novas sanções contra a Rússia. A medida mais emblemática é o congelamento dos ativos europeus detidos pelo presidente russo, Vladimir Putin, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov.

A UE decidiu também cortar o acesso russo aos principais mercados financeiros. Com essa medida, pretende atingir 70% da banca russa (maiores instituições financeiras do país) e empresas estratégicas controladas pelo Estado.

Os 27 integrantes do bloco avançam também com limitações às exportações e importações. Haverá, por exemplo, restrições à vendas de petróleo e à compra de tecnologia pelas empresas da Rússia.

Além disto, diplomatas, altos funcionários e empresários russos deixarão de ter acesso privilegiado a vistos europeus.

Até agora, no entanto, as sanções não travaram a invasão russa.

Protestos

Milhares de pessoas têm protestado em frente às embaixadas russas em diferentes países. Na Rússia, pelo menos 1.800 manifestantes foram detidos por participarem de protestos contra a guerra.

Comboios sucessivos transportam civis para fora da Ucrânia. Nos trens seguem sobretudo mulheres e crianças, sendo que a maior parte passa noites ao relento para conseguir um lugar.

Milhares de ucranianos procuram segurança nos países vizinhos, particularmente a Polônia e a Romênia.

A Europa está de portas abertas para receber quem foge da guerra. São longas as horas de espera para passar as fronteiras.

Fonte: Poder360 - Agência Brasil