Política

À PF, Weintraub diz que foi Lewandowski quem tentou comprar sua casa





O ex-ministro da Educação Abrahan Weintraub disse que o ministro do STF(Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski tentou comprar a casa dele em São Paulo mesmo sem o imóvel estar à venda. A afirmação foi feita em depoimento à Polícia Federal, na tarde de hoje.

A apuração foi aberta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo. O depoimento foi prestado por videoconferência para policiais sediados em Brasília, enquanto Weintraub estava na sede da PF em São Paulo.

Em 17 de janeiro, o ex-ministro da Educação disse em uma entrevista a um podcast que tentaram comprar a casa dele. A justificativa da tentativa de aquisição era que Weintraub não voltaria ao Brasil após ida aos Estados Unidos para assumir a diretoria do Banco Mundial.

"É adequado isso? Esse juiz me negou habeas corpus", afirmou Weintraub, sem citar nomes. O ex-ministro estuda lançar candidatura para o governo de São Paulo nas eleições deste ano.

Depoimento

Durante o depoimento hoje, o ex-ministro disse que não teve intenção de difamar ninguém, e que só citou o caso no podcast ao ser questionado sobre o Supremo. "Nesse momento se recordou da proposta (...) por entender ser um caso curioso, anedótico e que lhe tinha causado mal-estar, pois sequer sua residência estava à venda", disse Weintraub, de acordo com o termo de declarações prestado à PF.

Segundo Weintraub, foi seu advogado, Auro Tanaka, quem lhe informou sobre a proposta de Lewandowski. Ele disse que o interesse foi revelado no segundo semestre de 2021.

Ele acrescentou aos policiais que vai enviar documentos que comprovam a entrada, mais de uma vez, do ministro do STF na sua propriedade.

Dr. Auro disse ao declarante que a proposta foi encaminhada por meio de uma corretora, que não se recorda o nome"Termo de depoimento de Abraham Weintraub

"Possivelmente o nome da corretora estará no registro de entrada do condomínio, que o declarante encaminhará."

O ex-ministro afirmou que o interesse de Lewandowski se deu depois que ele rejeitou um pedido de habeas corpus feito por Weintraub. Nele, o ex-ministro da Educação queria deixar de ser considerado como investigado num inquérito baseado na antiga Lei de Segurança Nacional.

Ex-ministro afirma que não lhe pediram suborno

Weintraub disse que, durante sua passagem no cargo, ninguém lhe ofereceu, prometeu ou pediu "vantagem indevida", termo usado no Código Penal para definir suborno ou propina. O ex-ministro da Educação também negou que algum ministro do STF, servidor do tribunal ou um terceiro tenham lhe pedido "algo em troca" de alguma decisão judicial.

Weintraub disse à polícia que não tinha intenção de imputar crime a Lewandowski. "Se tivesse tal intenção, já teria proposto ação judicial", afirmou o ex-titular da Educação. Ele destacou que sequer citou o nome do magistrado na entrevista.

No início da oitiva, o ex-ministro aproveitou para pedir aos agentes que não especificasse seu endereço nos Estados Unidos pelo fato de o inquérito ser público e também por "estar sofrendo ameaças".

 

Confira outras notícias 

- MP pede bloqueio dos bens de Sergio Moro para investigar suposta sonegação

Medida seria uma garantia para possibilitar investigação a respeito dos pagamentos recebidos pelo ex-ministro e ex-juiz na consultoria Alvarez & Marsal

Em ofício enviado ao ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), o subprocurador-geral do Ministério Público, Lucas Furtado, alega a necessidade de investigação sobre suposta sonegação. Declarar como indisponíveis os bens do ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Lava-Jato, Sergio Moro, seria uma maneira de garantir a apuração.

O pré-candidato do Podemos à Presidência da República seria investigado a respeito dos pagamentos que recebeu da consultoria Alvarez & Marsal, responsável pela administração judicial de empresas condenadas pela Lava-Jato. Moro declarou ter recebido R$ 3,5 milhões por um ano de trabalho na empresa. Para o procurador, “há risco da inviabilização do ressarcimento e do recolhimento de tributos aos cofres públicos”, caso o TCU não investigue as contas do ex-juiz.

O subprocurador relata, no ofício, inconsistência dos documentos comprobatórios apresentados pelo ex-juiz. Além disso, Furtado ressalta a necessidade de se averiguar a existência da Declaração de Saída Definitiva do País, o visto norte-americano para trabalho, a tributação pelo lucro real pela empresa, além de averiguar uma suposta utilização de “pejotização” de Moro para redução de tributação incidente sobre os pagamentos.

Furtado solicita, ainda, que o TCU exija que Moro apresente a íntegra dos dois contratos, um celebrado pela Moro Consultoria com A&M-Brazil-DI e outro celebrado por Sergio Fernando Moro com A&M-US-DI. Segundo ele, essa seria a “única forma de comprovar a remuneração pactuada, uma vez que os recibos isolados (além de inconclusivos no caso dos emitidos nos EUA) provam os valores neles registrados, mas não a inexistência de outros, referentes a verbas da mesma ou de outra natureza”.

Na semana passada, Moro informou em uma live os valores que recebeu, explicou que tudo foi declarado nos Estados Unidos e que será declarado também no imposto de renda do Brasil.

Fonte: UOL - Correio Braziliense