O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta quinta-feira (27) que os autotestes de covid-19 no país, caso aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não serão distribuídos gratuitamente para a população, mas ficarão disponíveis nas farmácias para “a sociedade que tiver interesse em adquirir”.
Segundo o ministro, os autotestes vão facilitar o acesso ao teste de covid-19 e, com isso, será possível “um acompanhamento adicional do ritmo da pandemia”.
No dia 19, a Anvisa decidiu por quatro votos a um adiar a decisão se autoriza ou não o autoteste no país, e pediu mais dados para o Ministério da Saúde. O ministério informou que já foram enviadas as informações. A reunião da diretoria colegiada do órgão para deliberar sobre o assunto está marcada para amanhã (28), às 10h.
O ministro Marcelo Queiroga minimizou uma publicação do Ministério da Saúde que voltou a pedir que os pais "procurem a recomendação prévia de um médico antes da imunização". “Não é uma imposição, é uma recomendação. [A] Campanha de vacinação está indo bem. É uma adesão satisfatória, não só em relação a essa faixa etária, mas em relação as outras”, disse.
Ainda sobre o processo de imunização contra o coronavírus no Brasil, Marcelo Queiroga disse que a pasta quer avançar na aplicação da segunda dose e da dose de reforço da vacina contra a covid-19, “especialmente nas regiões onde a cobertura está mais baixa”.
“O Brasil é um país continental e há uma heterogeneidade de um estado para outro, e é importante que a gente siga de uma maneira mais homogênea para proteger contra a variante”, defendeu Queiroga.
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- ConecteSUS: App tem falha que valida certificados falsos de vacina
O aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde, apresenta uma falha de segurança que permite a validação do certificado de vacina contra a covid-19 através da leitura de qualquer QR Code. O erro abre uma brecha para não imunizados burlarem a emissão do passaporte da vacina, documento que atesta a imunização exigida por diversos estados para permitir a entrada em eventos ou estabelecimentos.
O problema foi descoberto pela agência de notícias "Saiba Mais", e confirmado por Tilt. Em resposta, o Ministério da Saúde informou "que identificou a falha na segunda-feira (24), e com a máxima agilidade efetuou a atualização do componente de validação de QR-Code do aplicativo ConecteSUS".
A pasta acrescentou que a "ferramenta está funcionando normalmente no site e nas lojas de aplicativos Android e iOS". Contudo, Tilt testou o leitor de QR Code novamente durante a manhã de hoje e verificou que o problema ainda persiste, mesmo atualizando o aplicativo.
A reportagem questionou novamente o Ministério da Saúde e aguarda o retorno.
Ao acessar o ConecteSUS, os imunizados podem emitir o "Certificado de Vacinação Covid-19". O documento é composto por um código QR Code, que pode ser escaneado para atestar a sua veracidade.
O problema é que o ConecteSUS valida como verdadeiro qualquer tipo de QR Code, não apenas o gerado pelo próprio aplicativo na emissão do certificado.
Isso abre possibilidade para a falsificação do documento, pois é possível que os não imunizados apresentem passaportes vacinais não originais com qualquer código. E o aplicativo irá validá-lo de toda forma.
No teste feito pela reportagem, usamos o ConecteSUS para ler dois QR Codes. Um gerado pelo WhatsApp Web e outro aleatório de um site de criação de códigos gratuitos.
Em ambos os casos, o aplicativo apresentou a palavra "OK" na leitura, como se realmente fossem códigos de certificados originais de vacinação.
Para Hiago Kin, presidente da Abraseci (Associação Brasileira de Segurança Cibernética), o problema não deve ser resultante de algum tipo de ataque, mas de uma falha de programação do aplicativo.
"Acredito que seja um problema desenvolvimento e testes, sobretudo no mecanismo que responde ao aplicativo e ao resultado do scaner", sugere.
Ele diz que o aplicativo parece validar o QR Code sem consultar a sua base de dados para saber se aquele código realmente é verdadeiro.
"Todo QR Code gera uma informação codificada que, ao ser lida, se descodifica. A partir daí o processo deveria ser de consulta deste código numa base de dados. Com isso, então, deveria haver um retorno sobre o sucesso ou falha da busca. A aplicação parece dar resultado de sucesso sem antes ter consultado na base, mas somente ao ler o QR code", explica.
Pedro Saliba, pesquisador da Associação Data Privacy Brasil, também concorda que que o caso parece envolver um erro de sistema.
"Geralmente os ataques a sistemas da informação por grupos organizados são publicizados, já que isso garante certa honra perante a comunidade", pontua. "Possivelmente é uma falha na programação".
Para Saliba, a descoberta mais uma vez expõe a fragilidade do sistema de segurança da informação do Ministério da Saúde, algo que se tornou recorrente na pandemia.
"O que é importante pontuar é a reiterada insegurança da informação promovida pelo Ministério da Saúde. O ataque que tornou os sistemas indisponíveis em dezembro de 2021 não foi o primeiro: o site foi alterado para expor a fragilidade do sistema em fevereiro de 2021, dados pessoais de pessoas públicas, como Manuela D'Ávila e Átila Iamarino foram alterados, além da exposição dos dados de 243 milhões de pessoas em dezembro de 2020", frisou.
O que fica evidente é uma falta de zelo pelos princípios da segurança da informação: disponibilidade, integralidade, confidencialidade e autenticidade".Pedro Saliba, Data Privacy Brasil.
O aplicativo ConecteSUS chegou a ficar fora do ar por 13 dias depois do ataque hacker que o Ministério da Saúde sofreu no fim de 2021. A ferramenta retornou em 23 de dezembro, com com instabilidade.
A volta normal com todas as suas funcionalidades, inclusive o comprovante de vacina, ocorreu no dia 27 do mesmo mês.
Em 10 de dezembro, o site do Ministério da Saúde amanheceu com um "defacement" (espécie de pichação virtual): um grupo deixou uma mensagem dizendo que tinha apagado dados e exigindo um pagamento para devolver o sistema.
Após o acesso ilegal, a rede de internet do ministério foi desligada. Os atacantes conseguiram ter acessar o serviço de nuvem usado pela pasta, o AWS (da Amazon), e conseguiram apagar e alterar dados da plataforma do ConecteSUS, segundo informou Tales Faria, colunista e chefe da sucursal de Brasília do UOL.
O caso é investigado pela PF (Polícia Federal) e MPF (Ministério Público Federal).
- Estudo detecta sintomas de covid-19 em crianças 3 meses após contágio
Estudo feito no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) identificou sintomas prolongados da covid-19 em 43% crianças e adolescentes três meses após a infecção. A pesquisa, que acompanhou 53 pacientes, foi publicada na revista científica Clinics, mantida pelo hospital.
Os pacientes com idades entre 8 e 18 anos foram monitorados por mais de 4 meses. Dentro do grupo de 53 que tiveram a infecção por covid-19 confirmada, 23 crianças e adolescentes apresentaram sintomas até 3 meses depois de ficarem doentes.
Os sintoma mais presentes foram dores de cabeça, reportadas por 19% do total de pacientes. Dores de cabeça fortes e recorrentes foram a queixa de 9%, mesmo percentual disse ter cansaço. A falta de ar afetou 8% e a dificuldade de concentração, 4%.
Entre as crianças e adolescentes que continuaram manifestando sintomas, 70% tiveram covid-19 considerada leve e 30% ficaram doentes de forma considerada moderada ou grave. Exames indicaram ainda que 11% dos jovens que tiveram a doença apresentaram anemia nos exames de acompanhamento.
Os resultados foram comparados com um grupo de controle com 52 crianças e adolescentes com perfil semelhante que não foram diagnosticadas com a infecção.
Como conclusão, o grupo de pesquisadores responsável pelo trabalho avalia que a maioria das crianças e adolescentes que passam pela infecção têm total recuperação em até quatro meses. “No entanto, pacientes com sintomas persistentes podem ter dificuldades que afetam sua qualidade de vida”, destaca o texto.
Devido às manifestações contínuas, os pesquisadores recomendam que crianças e adolescentes sejam monitoradas de perto por uma equipe clínica após contraírem covid-19. O trabalho foi coordenado pelos pesquisadores Clovis Artur Silva, Maria Fernanda Pereira e pelo grupo de estudos em pós-covid-19 pediátrica do HC da USP.
- Queiroga admite pressão no sistema de saúde: "Ômicron não deve ser menosprezada"
Em meio ao aumento de casos da covid-19 e também da taxa de ocupação de leitos de UTI por pacientes infectados, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a variante ômicron não deve ser menosprezada e reconheceu a pressão no sistema de saúde já sofrida em diversos estados. Ele acredita, no entanto, que o impacto da nova cepa no Brasil será semelhante ao de países da Europa, onde os casos explodiram, mas não houve incremento forte de óbitos.
As declarações foram feitas durante a 1ª Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite do ano de 2022, realizada nesta quinta-feira (27/1). "A variante ômicron rapidamente se disseminou no mundo inteiro e não deve ser menosprezada, apesar de sabermos que alguns casos são menos complexos do que os causados por outras variantes", afirmou no discurso de abertura da reunião.
Para o ministro, o estágio da campanha de vacinação contra a covid-19 é o que pode ajudar o Brasil a diminuir os danos da nova cepa. "Esse perfil de vacinação faz acreditar que o impacto da ômicron no Brasil pode ser parecido com o que está acontecendo no Reino Unido, Portugal e na Espanha, onde os casos também explodiram, mas não houve incremento forte de óbitos", disse.
Esta semana, o Brasil voltou a registrar uma média móvel de mortes por covid-19 acima de 300 óbitos. A última vez em que média móvel superou 300 óbitos foi em 1º de novembro, quando chegou a 303 perdas.
Este patamar voltou a ser atingido depois de o país observar o aumento do número de casos de infecções confirmadas pelo novo coronavírus. O acréscimo visto desde o início do ano já pressiona sistemas de saúde e o próprio ministro reconhece isso.
"Pressão sobre o sistema de saúde já ocorre, como nós conhecemos. Pelo menos uma dezena de estados, nós já temos leitos de terapia intensiva ocupados em um percentual superior a 70%", alertou.
Apesar de ressaltar que o momento exige cuidados, contudo, Queiroga quer por fim ao caráter pandêmico da covid-19 ainda este ano. "2022 é um ano de grandes desafios para todos nós, porque é o ano que — com a colaboração e o empenho de todos —, vamos, com a ajuda de Deus, por fim ao caráter pandêmico da covid-19. Essa é a nossa esperança", disse.
Fonte: UOL - Agência Brasil