Fonte: Raimundo de Lima – Vatican News
“Acolhamos o ardente desejo de Jesus que nos quer «um só» (Jo 17, 21) e, com a sua graça, caminhemos rumo à plena unidade!”: foi a exortação do Papa Francisco ao presidir na Basílica romana de São Paulo Fora dos Muros, a celebração das Segundas Vésperas na tarde desta terça-feira, 25 de janeiro, Solenidade da Conversão de São Paulo, concluindo assim a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos sobre o tema “Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.
Tendo agradecido a presença de representantes do Patriarcado Ecumênico, do Arcebispo de Cantuária e de outras Comunidades cristãs, Francisco destacou que neste caminho rumo à plena unidade servem-nos de ajuda os Magos, cujo itinerário tem três etapas: parte do Oriente, passa por Jerusalém e, finalmente, chega a Belém.
Os Magos partem do Oriente. “Estes sábios não se contentam com os seus conhecimentos e tradições, mas anseiam por mais”. Por isso, disse o Santo Padre, enfrentam uma viagem arriscada, animados pela inquietação da busca de Deus.
Queridos irmãos e irmãs, sigamos também nós a estrela de Jesus! Não nos deixemos distrair pelos fulgores do mundo, estrelas cintilantes mas cadentes. Não sigamos as modas passageiras, meteoros que se apagam; não cedamos à tentação de brilhar com luz própria, ou seja, de nos fechar no nosso grupo para nos autoconservarmos. Mas, que o nosso olhar esteja fixo no Céu, na estrela de Jesus.
“Sigamos a Ele, ao seu Evangelho, ao seu convite à unidade, sem nos preocuparmos de quão longa e cansativa possa ser a viagem para a alcançar plenamente. Aspiremos e caminhemos juntos, apoiando-nos mutuamente, como fizeram os Magos”, exortou o Pontífice.
Francisco afirmou que o Oriente leva-nos a pensar também nos cristãos que lá habitam em várias regiões devastadas pela guerra e a violência. “Aqueles nossos irmãos e irmãs enfrentam tantos desafios difíceis e no entanto, com o seu testemunho, dão-nos esperança: lembram-nos não só que a estrela de Cristo resplandece nas trevas e não conhece ocaso, mas também que, do Alto, o Senhor acompanha e anima os nossos passos.”
Do Oriente, os Magos chegam a Jerusalém com o desejo de Deus no coração, dizendo: «Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo». Mas, do desejo do Céu, veem-se reconduzidos à dura realidade da terra. “Na Cidade Santa, os Magos, em vez de ver refletida a luz da estrela, experimentam a resistência das forças tenebrosas do mundo”, frisou o Papa.
Também ao longo do nosso caminho rumo à unidade, pode acontecer que nos detenhamos pelo mesmo motivo que paralisou aquela gente: a perturbação, o medo. É o temor da novidade que faz alterar os costumes e as certezas adquiridas; é o medo de que o outro desnorteie as minhas tradições e esquemas consolidados. Mas, na raiz, está o medo que habita o coração do homem e do qual nos quer libertar o Senhor Ressuscitado. Deixemos ressoar no nosso caminho de comunhão a sua exortação pascal: «Não temais!»
Os Magos chegam à última etapa: Belém. Aí entram na casa, prostram-se e adoram o Menino. Deste modo termina a sua viagem: juntos, na mesma casa, em adoração. Os Magos antecipam-se assim aos discípulos de Jesus que, diversos mas unidos, no final do Evangelho se prostram diante do Ressuscitado no monte da Galileia.
Também para nós, a unidade plena, na mesma casa, só pode chegar através da adoração do Senhor. Queridos irmãos e irmãs, a etapa decisiva do caminho rumo à plena comunhão requer uma oração mais intensa, a adoração de Deus.
Entretanto, observou o Papa Francisco, os Magos lembram-nos que, para adorar, há um passo a realizar: primeiro é preciso prostrar-se. Este é o caminho, inclinar-se para o chão, pôr de lado as próprias pretensões para deixar no centro apenas o Senhor. “Quantas vezes o orgulho foi o verdadeiro obstáculo à comunhão!”, enfatizou.
O Santo Padre concluiu sua homilia em forma de oração: “nesta tarde, peçamos a Deus esta coragem, a coragem da humildade, único caminho para chegar a adorar a Deus na mesma casa, ao redor do mesmo altar”.
E como os Magos, pediu-nos a coragem de trocar a estrada: “Dai-nos, Senhor, a coragem de trocar estrada, converter-nos, seguir a vossa vontade e não as nossas comodidades; a coragem de avançar juntos, para Vós, que com o vosso Espírito quereis fazer de nós um só”.