Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Foi divulgada esta segunda-feira, festa de São Francisco de Sales (padroeiro dos comunicadores), a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que este ano será celebrado em 29 de maio.
Depois de dedicar a mensagem precedente aos verbos “ir e ver”, o Papa escolheu outro verbo decisivo na gramática da comunicação: “escutar”. De que modo? Com o ouvido do coração.
O avanço da tecnologia comunicativa colocou à disposição podcasts e áudios em aplicativos, que demonstram que a escuta continua sendo essencial para a comunicação humana, condição para um autêntico diálogo. Entre os cinco sentidos, Deus parece privilegiar a audição. São Paulo dizia que “a fé vem da escuta”.
“A escuta corresponde ao estilo humilde de Deus”, escreve o Papa. É essa ação que permite que Deus se revele como Aquele que, ao falar, cria o homem à sua imagem, e ao ouvi-lo, o reconhece como seu interlocutor. “No fundo, ouvir é uma dimensão do amor”, mesmo se às vezes o homem tende a “tapar os ouvidos”.
“Existe de fato uma surdez interior, pior do que a física. Ouvir, com efeito, não diz respeito apenas ao sentido da audição, mas à pessoa toda.”
O verdadeiro órgão da audição, portanto, é o coração, ali sentimos o desejo de estar em relação com os outros e com o Outro. “Não somos feitos para viver como átomos, mas juntos.”
Todavia, Francisco alerta para o oposto da ação de escutar, que é “espreitar”, “bisbilhotar”, sobretudo em tempos de redes sociais. Ao invés de nos escutarmos uns aos outros, “falamos uns sobre os outros”. Ao invés de procurarmos a verdade e o bem, procuramos o consenso, buscamos audiência. Estamos simplesmente à espera que a outra pessoa acabe de falar, a fim de impor o nosso ponto de vista.
“A boa comunicação, ao contrário, não procura impressionar o público com uma piada de impacto, com a finalidade de ridicularizar o interlocutor, mas presta atenção às razões do outro e procura compreender a complexidade da realidade. É triste quando, até na Igreja, se formam alinhamentos ideológicos, a escuta desaparece e dá lugar a uma oposição estéril.”
Na verdadeira comunicação, acrescenta o Papa, o “eu” e o “tu” estão ambos “em saída”, inclinados um para o outro. Portanto, a escuta é o primeiro ingrediente indispensável do diálogo e da boa comunicação. “Não há bom jornalismo sem a capacidade de ouvir.” Aliás, este é um dos aprendizados basilares do jornalista: ouvir várias fontes.
Na Igreja, esse preceito se transforma em “ouvir várias vozes”, que permite exercer a arte do discernimento e se orientar numa sinfonia de vozes.
Francisco cita o cardeal Agostino Casaroli, que falava de “martírio da paciência” em seu trabalho como diplomata, necessário para ouvir e ser ouvido.
Para o Papa, a capacidade de ouvir é mais valiosa do que nunca. De fato, este tempo “ferido pela longa pandemia” levou à “infodemia”, isto é, ao grande fluxo de informações sobre um tema específico – neste caso sobre a Covid – nem sempre fundadas e críveis, gerando desconfiança na sociedade.
Outro exemplo citado pelo Pontífice sobre a “arte de ouvir” vem do desafio representado pela migração forçada. Ouvir as experiências dos migrantes significa dar um nome e uma história a cada um deles. “Ouçamos estas histórias!”, exclama Francisco, encorajando os jornalistas a contá-las.
O Papa conclui a mensagem analisando a dimensão da escuta dentro da Igreja. “Quem não sabe escutar o irmão, em breve já não será capaz de ouvir nem sequer Deus.”
Na ação pastoral, a obra mais importante é o “apostolado do ouvido”, aponta Francisco. “Dar gratuitamente um pouco do seu tempo para ouvir as pessoas é o primeiro gesto de caridade.”
A dimensão da escuta é ainda mais essencial no processo sinodal há pouco iniciado. “Rezemos para que seja uma grande oportunidade de escuta recíproca.”
“Na consciência de que participamos numa comunhão que nos precede e nos inclui, possamos redescobrir uma Igreja sinfónica, na qual cada pessoa é capaz de cantar com a própria voz, acolhendo como um dom as dos outros, para manifestar a harmonia do conjunto que o Espírito Santo compõe.”
- Papa às religiosas: o desafio da educação integral dos jovens
Jane Nogara - Vatican News
Na manhã desta segunda-feira (24) o Papa recebeu as religiosas participantes do Capítulo Geral da Congregação de Nossa Senhora, Cônegas de Santo Agostinho dedicadas particularmente à educação. Francisco iniciou seu discurso expressando sua proximidade espiritual a todas as Irmãs da Congregação presentes em vários países. E ao falar sobre o carisma educacional a serviço das novas gerações e famílias disse: “Hoje, estamos diante do desafio da formação e educação da pessoa humana. Em fidelidade às intuições evangélicas de seus fundadores, São Pedro Fourrier e a Beata Alix Le Clerc, vocês estão comprometidas com a educação popular, uma educação na fé, uma educação à justiça e proximidade com os pobres”. Encorajando-as disse:
“Nos vários países que vocês trabalham encorajo-as a serem discípulas missionárias e comunidades de esperança e alegria”
Ao falar sobre o tema do Capítulo o Papa disse: "O Pacto Educativo da Congregação de Nossa Senhora, é um forte convite para refletir sobre as novas maneiras possíveis de alcançar os jovens em sua vida diária, a fim de contribuir para seu desenvolvimento integral”. Recordando as palavras da Fratelli tutticontinuou “diante dos desafios e perigos que assolam os jovens, espero que seu compromisso e entusiasmo, forjados no poder do Evangelho, lhes devolva o gosto pela vida e o desejo de construir uma sociedade digna desse nome”.
Incentivando as irmãs afirmou:
“Conto com vocês e confio em vocês, a Igreja confia em vocês. Com suas palavras, suas ações e seu testemunho, vocês enviam uma forte mensagem ao mundo que rejeita os vulneráveis”
“Graças ao seu carisma – continuou Francisco - que visa fazer cada pessoa descobrir o amor de Cristo, vocês contribuem para abrir novos horizontes e criar espaços de fraternidade”. Concluindo “de fato, educar é sempre um ato de esperança que nos convida a co-participar e a transformar a lógica estéril e paralisante da indiferença em uma lógica diferente, capaz de acolher nossa pertença comum".
Por fim o Papa disse às religiosas para não esquecerem das pessoas particularmente dos jovens que se encontram em isolamento por causa da pandemia. Recordando que “deve ser privilegiada a linguagem da proximidade, a linguagem do amor desinteressado, relacional e existencial que toca o coração, alcança a vida, desperta esperança e desejos".
Fonte: Vatican News
Confira outras notícias
- Bento XVI admite erro em depoimento sobre casos de abusos na Alemanha
O ex-papa Bento XVI reconheceu, nesta segunda-feira (24), que estava presente à reunião, em 1980, sobre caso de abuso sexual quando era arcebispo de Munique. Ele disse que, equivocadamente, contou a investigadores alemães que não havia comparecido.
Relatório publicado na semana passada sobre abusos na arquidiocese entre 1945 e 2019 diz que o então cardeal Joseph Ratzinger não agiu contra clérigos em quatro casos de acusações de abuso, quando era arcebispo entre 1977 e 1982.
Em entrevista coletiva quinta-feira (20) em Munique, advogados que investigaram o abuso questionaram afirmação de Bento, em comunicado de 82 páginas, de que não se lembrava de ter comparecido à reunião em 1980 para discutir o caso de padre acusado de abuso. Eles disseram que a afirmação contradiz documentos que têm em mãos.
Em nota hoje, o secretário pessoal do ex-papa, o arcebispo George Ganswein, afirmou que Bento compareceu à reunião, mas que a omissão foi "resultado de descuido na edição do comunicado" e não foi feita "de má fé".
"Ele [o ex-papa] sente muito por esse erro e pede para ser desculpado", disse Ganswein.
O secretário afirmou ainda que Bento pretende explicar como o erro aconteceu após examinar o relatório, de quase 2 mil páginas, enviado eletronicamente na última quinta-feira.
O ex-papa, que está com 94 anos e tem enfrentado problemas de saúde, continua vivendo no Vaticano após renunciar ao cargo em 2013.
- Papa Francisco retribui presente e dá camisa autografada de clube do Vaticano para Messi
Após estrear em 2022, o craque Lionel Messi recebeu uma camisa especial para sua grande coleção. O argentino foi presenteado com o uniforme da Athletica Vaticana, o clube esportivo oficial da Santa Sé, autografada e abençoada pelo Papa Francisco.
O Sumo Pontífice retribuiu um presente dado pelo camisa 30 do PSG em outubro do ano passado. A entrega da camisa para Messi foi feita pelo Monsenhor Emmanuel Gobilliard, bispo auxiliar de Lyon e encarregado da Conferência Episcopal Francesa para os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Neymar também prestigiou o momento.
– Homem de fé, Leo Messi me contou o quanto essa abordagem foi importante para ele. Nós oramos juntos. Neymar nos deu a alegria de uma visitinha surpresa! – publicou Gobilliard.
Argentino, o Papa Francisco é fanático por futebol e torcedor do San Lorenzo. Lionel Messi voltou a atuar pelo PSG após um mês afastado recuperando-se da Covid-19. Ele atuou por 30 minutos na goleada por 4 a 0 contra o Reims e deu uma assistência na partida.
O craque argentino não foi convocado pelo técnico Lionel Scaloni para os jogos contra Chile e Colômbia pelas eliminatórias e vai ser poupado. Ele só deve voltar a campo contra o Lille, no próximo dia 6 de fevereiro, pelo Campeonato Francês.
Messi recebe camisa da Athletica Vaticana autografada pelo Papa Francisco — Foto: Reprodução/Instagram
Fonte: Agência Brasil - Globp Esporte