Cultura

Papa aos empresários: Mais dignidade no trabalho, mais qualidade e beleza





“Quanto mais cuidamos da dignidade no trabalho, mais certos estamos de que a qualidade e a beleza do trabalho realizado irão aumentar”. São palavras do Papa Francisco no encontro com os membros da Associação Nacional de Empresas da Construção Civil nesta quinta-feira (20) no Vaticano

Fonte: Jane Nogara - Vatican News

Na manhã desta quinta-feira (20/01) o Papa Francisco recebeu os membros da Associação Nacional de Empresas da Construção Civil. Francisco disse aos presentes que gostaria de compartilhar alguns ensinamentos do Evangelho para ajudá-los em seu trabalho. “É uma leitura cristã dos valores aos quais vocês se inspiram: competição e transparência; responsabilidade e sustentabilidade; ética, legalidade e segurança.

Construir pensando nas adversidades

E recordou que o Evangelho que testemunha Jesus na sua pregação, também usou metáforas das construções para transmitir suas mensagens, e recordando o Evangelho de Lucas disse: “Ele compara os charlatães com os que constroem casas em terreno arenoso sem fundações”, sem pensar nas adversidades. Porém sua parábola mostra também o outro lado da medalha: ‘Quem vem a mim e ouve minhas palavras e as põe em prática, [...] é como um homem que, construindo uma casa, escavou muito fundo e lançou uma fundação sobre a rocha’, recordou o Papa afirmando que “a imagem é ainda mais interessante se pensarmos que tal construtor não só fez a coisa certa no momento presente, mas também defendeu a casa de possíveis adversidades".

Para explicar Francisco disse:

“Na pregação de Jesus, o crente é aquele que não se limita a aparecer externamente cristão, mas age de fato como um cristão”

"E é precisamente esta ‘coerência operacional’ - continuou - que lhe permite edificar-se a si mesmo não apenas nos tempos normais da vida, mas também nos momentos difíceis”. Concluindo: “Isto também significa que a fé não nos protege das intempéries, mas, acompanhada de boas obras, nos fortalece e nos permite resistir a ela".

Concorrência e transparência

Em seguida discorreu sobre a concorrência e a transparência no trabalho dos empresários: “A competição - disse o Papa - deve ser um incentivo para fazer melhor e bem, e não um desejo de dominação e exclusão”. “Isso permite evitar a concorrência desleal, o que nas esferas econômica e trabalhista muitas vezes significa perda de empregos, apoio ao trabalho informal ou mal remunerado. Isso favorece formas de corrupção que se alimentam do assassinato da ilegalidade e da injustiça. Concorreência e transparência: juntas".

Responsabilidade e sustentabilidade

Ao falar sobre responsabilidade e sustentabilidade o Papa disse que “a sustentabilidade tem a ver com a beleza dos lugares e a qualidade dos relacionamentos”. E recordou uma passagem da Laudato si’ na qual escreveu:

“Não basta buscar a beleza no projeto, pois é ainda mais valioso servir a outro tipo de beleza: a qualidade de vida das pessoas, sua harmonia com o meio ambiente, seu encontro e ajuda umas às outras”

Desejando que o trabalho dos presentes possa ajudar “as comunidades a fortalecer os laços de solidariedade, cooperação e ajuda recíproca”.

Ética, legalidade e segurança

Referindo-se a Éticalegalidade e segurança, o Papa advertiu que os acidentes de trabalho são muitos, demais e para não esquecerem que os dados “não são números, mas são pessoas”.  “Infelizmente - continuou - se a segurança no local de trabalho é vista como um custo, parte-se da suposição errada. A verdadeira riqueza são as pessoas: sem elas não há comunidade de trabalho, não há empresa, não há economia”.

“Segurança no local de trabalho significa salvaguardar os recursos humanos, que tem um inestimável valor aos olhos de Deus e também aos olhos do verdadeiro empreendedor”

“Por esta razão – concluiu o Papa - a legalidade deve ser vista como a proteção do patrimônio mais elevado, que são as pessoas. Trabalhar com segurança permite que todos possam expressar o melhor de si mesmos enquanto ganham seu pão de cada dia. Quanto mais cuidamos da dignidade no trabalho, mais certos estamos de que a qualidade e a beleza do trabalho realizado irão aumentar”.

 

Confira outras notícias 

- Bento 16 é criticado em relatório de abusos cometidos por sacerdotes

 

O ex-papa Bento 16 não tomou medidas contra sacerdotes acusados em quatro casos de abuso sexual em sua arquidiocese quando era o arcebispo de Munique, concluiu um relatório na quinta-feira (20). 

 

O escritório jurídico Westpfahl Spilker Wastl (WSW) foi encarregado de investigar as acusações de abuso sexual na Arquidiocese de Munique e Freising entre 1945 e 2019. 

 

O relatório, comissionado pela arquidiocese, disse que há pelo menos 497 vítimas de abuso, a maioria delas jovens do sexo masculino. Muitos outros casos provavelmente não foram reportados, apontaram os advogados. 

 

Um porta-voz do ex-papa não respondeu imediatamente a um pedido por comentários. Bento, que tem hoje 94 anos, vive no Vaticano desde que renunciou como pontífice em 2013. 

 

Os advogados receberam a tarefa de descobrir quem sabia o que, e quais medidas foram tomadas. As atenções se focaram sobre Joseph Ratzinger, posteriormente conhecido como o papa Bento 16, que foi o arcebispo de Munique entre 1977 e 1982. 

 

Ao apresentar o relatório do escritório WSW, o advogado Martin Pusch disse que Ratzinger nada fez contra os abusos em quatro casos. 

 

"Em um total de quatro casos, chegamos a um consenso de que houve um fracasso em agir", disse Pusch, acrescentando que o ex-papa havia recusado "rigorosamente" a responsabilidade pelas acusações. 

 

Fonte: Agência Brasil