Cultura

A oração abre o céu, diz Papa Francisco no Angelus





Comentando o Batismo de Jesus no rio Jordão, o Papa destacou a atitude de Cristo sempre em oração. “Rezar é a forma de deixar Deus agir em nós, de compreender o que Ele quer comunicar-nos mesmo nas situações mais difíceis, para ter a força para continuar.”

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

Como vai a minha oração? Esta foi a pergunta que o Papa dirigiu aos milhares de fiéis presentes na Praça São Pedro para a oração do Angelus dominical.

O Evangelho da liturgia de hoje fala do início da vida pública de Jesus, que começa com o Batismo no rio Jordão.

Francisco convidou os fiéis a se deterem num ponto específico, quando o Evangelho de Lucas relata que naquele momento Jesus “estava em oração" (Lc 3,21).

E isso se repete inúmeras vezes: no início de cada dia, muitas vezes à noite, antes de tomar decisões importantes Cristo está sempre em oração – o que revela uma relação íntima com o Pai.

Para Francisco, se trata de um grande ensinamento para nós, pois estamos todos imersos nos problemas da vida e em muitas situações emaranhadas, chamados a enfrentar momentos e escolhas difíceis que nos puxam para baixo.

Mas se não quisermos ser esmagados, precisamos elevar tudo para o alto. E é precisamente isto que a oração faz, que não é uma via de fuga nem um ritual mágico ou uma repetição de cânticos aprendidos de cor.

“Rezar é a forma de deixar Deus agir em nós, de compreender o que Ele quer comunicar-nos mesmo nas situações mais difíceis, para ter a força para continuar.”

Oração: diálogo, silêncio e grito

A oração, continuou Francisco, nos ajuda porque nos une a Deus, abre-nos a um encontro com Ele. “Sim, a oração é a chave que abre o coração ao Senhor.” É dialogar com Deus, é ouvir a sua Palavra, é adorar: ficar em silêncio e confiar-Lhe o que estamos vivendo. E por vezes é também gritar a Ele como Jó, para desabafar com Deus. "Ele nos entende bem, jamais fica bravo conosco."

Caros irmãos e irmãs, a oração - para usar uma bela imagem do Evangelho de hoje - "abre o céu": dá oxigênio à vida, respiro mesmo no meio dos afãs, e faz-nos ver as coisas de modo mais amplo.

Acima de tudo, permite-nos fazer a mesma experiência de Jesus no Jordão: faz-nos sentir como crianças amadas pelo Pai. Por isso, é importante saber a data do batismo, disse o Papa, convidando os fiéis a se informarem a respeito e refletirem:

“E hoje perguntemo-nos: como vai a minha oração? Será que rezo por hábito, sem querer, apenas recitando fórmulas? Ou será que cultivo a intimidade com Deus, diálogo com Ele, escuto a Sua Palavra?”

Entre as muitas coisas que fazemos, concluiu o Papa, não negligenciemos a oração: “Dediquemos tempo a ela, utilizemos invocações curtas para repetir com frequência, leiamos o Evangelho todos os dias”.

- Francisco: paz e diálogo para o Cazaquistão

Após a oração do Angelus o Papa Francisco recordou as vítimas nas manifestações no Cazaquistão e pediu para não nos esquecermos a data do nosso Batismo.

Após a oração do Angelus neste domingo (09/01) o Papa Francisco disse que recebeu com tristeza a notícia que houve vítimas durante os protestos que eclodiram nos dias passados no Cazaquistão.

“Rezo por eles e pelas suas famílias, disse o Papa, e espero que a harmonia social seja restaurada o mais depressa possível através da busca do diálogo, da justiça e do bem comum".

O Papa então confiou o povo do Cazaquistão à proteção de Nossa Senhora Rainha da Paz de Oziornoje".

Pelo menos 164 pessoas morreram em tumultos no Cazaquistão nesta semana, incluindo 103 na capital econômica Almaty, segundo informações dos meios de comunicação social neste domingo, citando o ministério da saúde.

O número de mortos, que não pôde ser verificado de forma independente, aumentou significativamente. As autoridades tinham anteriormente relatado que 26 manifestantes e 16 membros das forças de segurança tinham perdido a vida e que mais de 2.000 pessoas ficaram feridas.

Batismo de crianças

O Papa Francisco recordou ainda que na manhã deste domingo, como é costume no Domingo do Batismo do Senhor, batizou alguns filhos de funcionários do Vaticano.

“Desejo agora estender a minha oração e bênção a todas as crianças que receberam ou irão receber o Batismo durante este período. Que o Senhor as abençoe e que Nossa Senhora as proteja”.

Em seguida o Santo Padre disse: “E a todos vocês, recomendo-me: aprendam a data do seu batismo. Quando fui batizado? Quando fui baptizada? Isto não deve ser esquecido e lembre-se desse dia como um dia de festa”.

Enfim o Papa desejou a todos um bom domingo e pediu mais uma vez para que, não se esqueçam de rezar por ele.

Silvonei José – Vatican News

 

Confira outras notícias 

Papa batiza 16 crianças: com a alma "descalça" para receber a força de Jesus

A Capela Sistina voltou a abrigar uma das celebrações mais sugestivas do ano, que não foi realizada no ano passado devido à pandemia. O Papa Francisco batizou 16 recém-nascidos, que recebem assim "a força de Jesus" para ir avante na vida.

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

Choros, fraldas e chupetas em meio à obra-prima dos afrescos da Capela Sistina: assim foi a missa presidida pelo Papa Francisco na festa do Batismo do Senhor.

Os protagonistas da cerimônia, como disse o Pontífice na homilia, foram os dezesseis recém-nascidos, filhos de funcionários do Vaticano, que receberam o Sacramento da iniciação cristã.

Nesta ocasião, Francisco faz sua reflexão sem um texto pré-escrito e neste domingo se inspirou num hino litúrgico que fala que o povo de Israel ia ao Jordão com os pés e a alma “descalços”, isto é, uma alma que desejava ser banhada por Deus, que não tinha nenhuma riqueza, que necessitava de Deus.

“Essas crianças hoje vêm aqui também com a alma descalça para receber a justificação de Deus, a força de Jesus, a força de ir avante na vida, receber a identidade cristã. É isto, simplesmente.”

Cabe aos pais e padrinhos proteger esta identidade, prosseguiu Francisco, esta é a tarefa de toda a vida e de todos os dias: “Fazê-los crescer com a luz que hoje receberão”.

“Esta é a mensagem de hoje: custodiar a identidade cristã.”

"Espírito de grupo"

Depois, como sempre faz nesta cerimônia, o Santo Padre deixou os pais à vontade para acudir os bebês. “Se tiverem fome, amamentem tranquilamente aqui, diante do Senhor”, disse às mães. “Não há problema.”

E se chorarem, “deixem gritar”, porque as crianças têm um espírito de comunidade, podemos dizer um “espírito de grupo”, brincou o Papa. Basta que um comece a chorar para que a orquestra dos demais acompanhe.

“E assim, com esta paz, vamos em frente nesta cerimônia e não esqueçam: receberão a identidade cristã e sua tarefa será custodiar esta identidade cristã.”

- Os Batismos na Capela Sistina, o rito onde o "sermão" é das crianças

No domingo 9 de janeiro, por ocasião da Festa do Batismo do Senhor, o Papa preside à celebração da Missa com o Batismo de 16 recém-nascidos.

Amedeo Lomonaco – Vatican News

Na Capela Sistina, as pinturas, como imagens de um livro, tornam as verdades expressas nas Sagradas Escrituras mais compreensíveis. Neste local, inaugurado pelo Papa Júlio II em 1512, realiza-se o Conclave e o Papa é eleito. Neste extraordinário cenário renascentista, mais de cinco milhões de pessoas admiram todos os anos - com exceção deste período pandêmico - obras-primas artísticas que se baseiam na Bíblia. Em particular, os nove painéis centrais retratam histórias do livro do Gênesis, incluindo o Dilúvio e o subsequente renascimento da humanidade com a família de Noé. Esta cena está provavelmente interligada com a primeira carta de Pedro, onde a água do Batismo é vista como um sinal profético da água do Batismo, da qual emerge uma nova humanidade.

Neste cenário extraordinário, sob a abóboda da Capela Sistina, onde o olhar é capturado pelo afresco do Juízo Final de Michelangelo, neste ano serão batizadas 16 crianças, filhos de funcionários do Vaticano ou da Santa Sé. No ano passado, o Pontífice não batizou nenhuma criança por causa da pandemia. O costume de batizar filhos de funcionários da Santa Sé foi instituído por S. João Paulo II em 11 de janeiro de 1981 com uma missa presidida na Capela Paulina do Palácio Apostólico. Em 1983, o Papa Wojtyła presidiu pela primeira vez à Missa com o rito do batismo a algumas crianças dentro da Capela Sistina.

Desenvolvimento da celebração

A Santa Missa com o rito do batismo tem início no domingo, 9 de janeiro, com a procissão em direção ao altar. Após a saudação inicial, começa o diálogo com os pais, padrinhos e madrinhas. Depois tem início o rito do "Sinal da Cruz na testa das crianças" e, após a introdução do Santo Padre, a música com o órgão. Os pais com os seus filhos aproximam-se do Papa que, de pé com a sua mitra, marca cada criança com o Sinal da Cruz. O gesto do Papa é seguido, com o mesmo gesto, por parte dos dois pais, primeiro a mãe e depois o pai. As leituras são então proclamadas por alguns dos fiéis e uma vez terminada a homilia, a Capela Sistina é o cenário para a oração dos fiéis.

O rito do Batismo

Após a invocação dos Santos, começa a "oração de exorcismo e unção pré-batismal". Soa o órgão até o Papa chegar perto da pia batismal. Entretanto, os dois bispos concelebrantes aproximam-se das crianças para as ungir com óleo. Após a "Renúncia a Satanás" e a "Profissão de Fé", o Pontífice remove o báculo, enquanto os pais, juntamente com as crianças, se aproximam da fonte para o Batismo. O som do órgão acompanha o rito do Batismo com o qual são colocados os fundamentos de novas vidas cristãs.

Ungir com o Crisma

Depois do Batismo, os dois bispos concelebrantes, juntamente com os dois diáconos, ungem as crianças com o Crisma. O Santo Padre introduz então o rito de "Entrega da veste branca e da vela acesa". Os pais das crianças batizadas são então acompanhados até o círio Pascal para acender a vela. O órgão soa até que a última vela seja acesa. Após o "Rito da Éfeta", a Santa Missa continua "como habitual". Durante a "Agnus Dei", os sacerdotes que distribuem a Sagrada Comunhão tiram as patenas do altar e são acompanhados pelo mestre de cerimônias para os lugares indicados.

Deixem as crianças chorar

Na Capela Sistina, por ocasião dos Batismos, as obras excepcionais aí conservadas envolvem o extraordinário dom da vida. Em 12 de janeiro de 2020, na Festa do Batismo do Senhor, o Papa Francisco disse aos pais para "deixarem as crianças chorar e gritar".

Não se assustem, deixem os bebês chorar e gritar. Mas, se o seu bebê chorar e gritar, talvez seja porque está muito quente: tire alguma coisa; ou porque tem fome: alimente-o, aqui, sim, sempre em paz. Uma coisa que também disse no ano passado: elas têm uma dimensão "coral": basta que uma dê o "Lá" e todas começam, e o concerto tem lugar. Não se assustem. É um belo sermão quando uma criança chora na igreja. Faça que se sinta bem e siga em frente.

Este choro provavelmente será repetido neste domingo. Como os primeiros vagidos, acompanhará os primeiros momentos de uma nova vida e ecoará entre os tesouros da Capela Sistina.

Fonte: Vatican News