Cotidiano

Ipea revisa previsão do PIB de 2021 e expansão deve ser de 4,5%





Estimativa para 2022 caiu de 1,8% para 1,1%

A projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no país, foi revista para baixo pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os dados divulgados hoje (22) passam a estimativa de PIB de 4,8%, no trimestre terminado em setembro, para 4,5%. Em 2020, o PIB do Brasil caiu 4,1%.

De acordo com a análise trimestral da economia brasileira, feita no documento Visão Geral da Conjuntura, a redução levou em conta os indicadores de atividade econômica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do terceiro trimestre e de outubro, que foram abaixo do esperado.

Os impactos negativos de outubro devem ser atenuados pelos indicadores mensais de novembro. A expectativa do Ipea é que os dados consolidados do mês passado apresentem crescimento de 0,6% na produção industrial; de 0,4% no faturamento real dos serviços; e de 0,3% nas vendas do comércio varejista. Já as vendas do comércio no conceito ampliado, incluindo veículos e materiais de construção, devem ter queda de 0,7% no mês.

Os três principais setores da economia tiveram o crescimento revisto pelo Ipea. A indústria deve crescer 4,9% em 2021 e os serviços 4,5%. Já a agropecuária teve a projeção de crescimento de 1,2% revista para uma queda de 1,2% este ano, justificada pelos problemas climáticos que afetaram a safra e pela piora do desempenho na produção de bovinos, além da forte revisão do crescimento do setor em 2020 nos dados das Contas Nacionais do IBGE.

Cenário para 2022

Para o próximo ano, a projeção do Ipea para o crescimento do PIB foi revista de 1,8% na divulgação anterior para 1,1%. A alteração foi influenciada pela alta da inflação, que impactou o poder de compra das famílias, além do aperto na política monetária decorrente da inflação e da alta dos juros no mercado de crédito, o que pode gerar consequências negativas para a atividade econômica em 2022.

Por outro lado, o instituto indicou que o Auxílio Brasil e a recuperação na população ocupada podem influenciar positivamente a demanda, além de um esperado aumento dos investimentos em infraestrutura. Em 2022 deve ocorrer uma recuperação da agropecuária, com previsão de crescimento de 2,8%, e os serviços estão com alta prevista de 1,3%.

Porém, o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, alertou que ainda há muita incerteza com relação à pandemia de covid-19, que influencia a economia.

“Estamos prevendo que a economia vai crescer no ano que vem, porém, o grau de incerteza aumentou significativamente em função de fatores como a rápida disseminação mundial da nova variante da covid-19 e as possíveis mudanças de política monetária nos países desenvolvidos”, justificou.

O Ipea destaca, ainda, que a inflação têm caracterizado a economia mundial, com os fortes aumentos nos preços de commodities refletindo nos preços ao consumidor de diversos países.

Inflação

O Ipea também reviu as previsões para a inflação. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 passou de 9,8% em novembro para 10,0% em dezembro. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve aumento na taxa projetada de 10,1% para 10,2%.

Para o próximo ano, as projeções do Ipea foram mantidas em 4,9% para o IPCA e em 4,6% para o INPC, baseadas na estimativa de acomodação dos preços do petróleo e das demais commodities, além da menor probabilidade de efeitos climáticos intensos e da projeção de um aumento da safra.

 

 

Confira outras notícias 

- Contas externas têm saldo negativo de US$ 6,5 bilhões em novembro

Investimentos diretos no país somaram US$ 4,6 bilhões no mês passado

As contas externas tiveram saldo negativo de US$ 6,522 bilhões em novembro, informou hoje (22), em Brasília, o Banco Central (BC). No mesmo mês de 2020, o déficit foi de US$ 2,463 bilhões nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países.

A diferença na comparação interanual se deve ao resultado do superávit comercial que reduziu US$ 4,2 bilhões, enquanto o déficit em renda primária (lucros e dividendos) aumentou US$ 193 milhões e o déficit em serviços recuou US$ 183 milhões.

Em 12 meses, encerrados em novembro, o déficit em transações correntes é de US$ 30,842 bilhões, 1,92% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país), ante o saldo negativo de US$ 26,783 bilhões (1,68% do PIB) em outubro de 2021 e déficit de US$ 21,524 bilhões (1,46% do PIB) no período equivalente terminado em novembro de 2020.

A relação déficit-PIB em 12 meses se reduziu muito em razão dos efeitos da pandemia nas atividades. Em 12 meses encerrados em fevereiro de 2020, por exemplo, período pré-pandemia, o déficit em transações foi de US$ 68,802 bilhões ou 3,72% do PIB.

Já no acumulado do ano, o déficit é de US$ 22,384 bilhões, contra saldo negativo de US$ 16,034 bilhões de janeiro a novembro de 2020.

Para dezembro de 2021, a estimativa do BC para o resultado em transações correntes é de déficit de US$ 6,8 bilhões.

Balança comercial e serviços

As exportações de bens totalizaram US$ 20,523 bilhões em novembro, aumento de 17,1% em relação a igual mês de 2020. As importações somaram US$ 23,058 bilhões, incremento de 45,6% na comparação com novembro do ano passado. 

Com esses resultados, a balança comercial fechou com déficit de US$ 2,535 bilhões no mês passado, ante saldo positivo de US$ 1,685 bilhão em novembro de 2020. Isso se deve à retomada do dinamismo da atividade econômica interna, aumentando o déficit em transações correntes.

O déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros) manteve a trajetória de retração com saldo negativo de US$ 1,590 bilhão em novembro, redução de 10,3% ante os US$ 1,773 bilhão em igual mês de 2020.

A rubrica de aluguel de equipamentos foi responsável por parte da redução do déficit da conta de serviços, devido à nacionalização de equipamentos no âmbito do Repetro (regime aduaneiro especial). Com a propriedade na mão de residentes não há mais necessidade de pagar aluguel para estrangeiros. Na comparação interanual, houve redução de 35,9% nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos, de US$ 753 milhões em novembro de 2020 para US$ 483 milhões em novembro de 2021.

O Repetro é o regime aduaneiro especial que suspende a cobrança de tributos federais, de exportação e de importação de bens que se destinam às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural, principalmente as plataformas de exploração.

Em linha com a expansão do volume de comércio exterior, as despesas líquidas de transporte tiveram aumento expressivo na comparação interanual, de US$ 301 milhões em novembro de 2020 para US$ 615 milhões no mês passado.

No caso das viagens internacionais, as receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil chegaram a US$ 320 milhões, enquanto as despesas de brasileiros no exterior ficaram em US$ 618 milhões. Com isso, a conta de viagens fechou o mês com déficit de US$ 298 milhões, ante déficit de US$ 144 milhões em novembro de 2020, contribuindo para elevar o déficit em serviços

De acordo com o BC, esta é uma conta muito afetada pelas restrições impostas pela pandemia e pelas taxas de câmbio, mas vem se recuperando com o avanço da vacinação e reabertura dos países, com média acima de US$ 200 milhões de déficit nos últimos meses. Ainda assim, os valores estão muito abaixo do período pré-pandemia.

Rendas

Em novembro de 2021, o déficit em renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) chegou a US$ 2,679 bilhões, ampliação de 7,8% antes os US$ 2,486 bilhões no mesmo mês de 2020. Normalmente, essa conta é deficitária, já que há mais investimentos de estrangeiros no Brasil, que remetem os lucros para fora do país, do que de brasileiros no exterior.

No caso dos lucros e dividendos associadas aos investimentos direto e em carteira, houve déficit de US$ 1,895 bilhão no mês passado, frente ao observado em novembro de 2020: US$ 1,638 bilhão. As despesas líquidas com juros passaram de US$ 853 milhões para US$ 793 milhões.

Segundo o Banco Central, o volume de receitas e as despesas dessas contas estão crescendo em relação aos patamares muito baixos do ano passado, causados pela pandemia. Isso também aponta para a normalização da atividade econômica e recuperação da lucratividade tanto das empresas estrangeiras no país quanto das subsidiárias brasileiras no exterior.

A conta de renda secundária (gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$ 282 milhões, contra US$ 111 milhões em novembro de 2020.

Investimentos

Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 4,588 bilhões no mês passado, ante US$ 2,332 bilhões em novembro de 2020. A totalidade dos ingressos ocorreu em participação no capital, US$ 4,760 bilhões, como compra de novas empresas e reinvestimentos de lucros. Enquanto isso, as operações intercompanhia (como os empréstimos da matriz no exterior para a filial no Brasil) tiveram déficit de US$ 172 milhões.

Nos 12 meses encerrados em novembro de 2021, o IDP totalizou US$ 51,478 bilhões, correspondendo a 3,20% do PIB, em comparação a US$ 49,223 bilhões (3,09% do PIB) no mês anterior e US$ 39,509 bilhões (2,69% do PIB) em novembro de 2020.

Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser investimentos de longo prazo.

Para dezembro de 2021, a estimativa do Banco Central para o IDP é de ingressos líquidos de US$ 3 bilhões.

O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 367,772 bilhões em novembro de 2021, redução de US$ 155 milhões em comparação ao mês anterior. O resultado decorreu de contribuição negativa das variações por paridades, US$ 1,240 bilhão, compensada parcialmente pelas contribuições positivas de variações por preços, US$ 487 milhões, e receita de juros, US$ 431 milhões. 

 

 

- Economia chinesa deve crescer 8% em 2021 e 5,1% em 2022

Banco Mundial reduziu previsão para este ano em meio ponto percentual

A economia chinesa vai crescer 8% em 2021 e 5,1% em 2022, segundo o Banco Mundial (BM), que reduziu as suas previsões para este ano em 0,5 ponto percentual, em comparação com as projeções anteriores.

De acordo com o último relatório publicado pela instituição, a atividade econômica do gigante asiático sofreu "forte recuperação" no primeiro semestre de 2021, mas "arrefeceu rapidamente" no segundo semestre do ano.

O Produto Interno Bruto (PIB) abrandou no terceiro trimestre, de acordo com dados oficiais, crescendo 4,9% após avanços de 18,3% e 7,9% nos dois primeiros trimestres de 2021.

O Banco Mundial acredita que o arrefecimento se deve a fatores como os surtos recorrentes de covid-19, que "complicaram" a retomada do setor dos serviços, e a crescente regularização por parte das autoridades nos setores imobiliário e financeiro.

"Tudo isso levou a uma pressão descendente sobre o consumo e investimento privados, que foi compensada por exportações mais fortes do que o esperado dada a robusta procura externa". O relatório também cita as falhas de energia como um dos fatores que influenciaram o desempenho econômico em 2021.

O Banco Mundial espera que o PIB da China atinja 8% este ano, menos 0,5 ponto do que nas suas previsões anteriores, e 5,1% em 2022 devido a "um efeito de base menos favorável e a uma menor contribuição para as exportações", ao qual devem ser somados "os esforços de desalavancagem do governo".

A agência indica que o país continuará com a sua política de "casos zero", o que implica a imposição de restrições severas em áreas onde são detectados casos de covid-19 ou a manutenção de fronteiras praticamente fechadas.

"Essa estratégia requer medidas de contenção contínuas, mas esperamos que a procura interna continue a ser retomada gradualmente", afirma o relatório.

A instituição lembra, no entanto, que novas variantes do coronavírus, como a Ômicron, poderiam levar a "mais restrições e maiores perturbações da atividade econômica".

"Além disso, a economia chinesa é vulnerável a perturbações da cadeia de abastecimento, que poderiam ser mais persistentes do que o esperado. Isso contribuiria para maiores pressões inflacionárias", acrescenta o relatório.

 

 

- Comissão Europeia propõe taxa única de imposto para multinacionais

 

A Comissão Europeia apresentou hoje (22) proposta para que os 27 países-membros da União Europeia passem a cobrar de grandes empresas, no mínimo, 15% de impostos sobre os lucros obtidos nas operações efetivadas no âmbito do bloco.

 

A sugestão está em consonância com o acordo de tributação corporativa mínima já aprovado por 137 países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que vem discutindo uma reforma global da estrutura tributária corporativa internacional para fazer frente aos desafios fiscais decorrentes da digitalização da economia e limitar a concorrência entre os países.

 

A União Europeia tem manifestado intenção de estar entre os primeiros a implementar um acordo global de reforma tributária. Se a proposta da Comissão Europeia for aprovada, será aplicada para taxar grandes grupos empresariais, nacionais ou internacionais, que atuem em um dos estados-membros do bloco e obtenham receitas financeiras anuais superiores a 750 milhões de euros.

 

As novas regras tributárias seriam implementadas gradativamente, conforme um conjunto de regras sobre o método de cálculo da taxa efetiva, e não se aplicariam a entidades governamentais, organizações internacionais ou sem fins lucrativos, fundos de pensões ou fundos de investimento que sejam entidades-mãe de um grupo multinacional.

 

A proposta da comissão será apreciada pelos estados-membros, que terão de chegar a um acordo unânime. O Parlamento Europeu e o Comitê Econômico e Social Europeu também terão de ser consultados sobre a iniciativa.

 

No Twitter, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfatizou que o estabelecimento de uma taxa mínima de imposto global é “um grande passo para tornar o sistema tributário global mais justo”.

 

Já o comissário Paolo Gentiloni destacou o potencial da mudança. “Em outubro deste ano, 137 países apoiaram um acordo histórico multilateral para transformar a tributação das sociedades em nível mundial. Apenas dois meses mais tarde, estamos dando o primeiro passo para pôr termo ao nivelamento por baixo dos impostos, [prática] que prejudica a União Europeia e suas economias”, disse Gentiloni, antecipando que a comissão prepara uma segunda proposta, sobre a realocação parcial dos direitos tributários, um segundo eixo em discussão na OCDE.

 

 

Fonte: Agência Brasil