Fonte: Raimundo de Lima - Vatican News
O Santo Padre Francisco recebeu em audiência na manhã desta quinta-feira, 16 de dezembro, no Palácio Apostólico Vaticano, o Presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, que posteriormente se encontrou com o secretário de Estado vaticano, cardeal Pietro Parolin, acompanhado do secretário das Relações com os Estados, dom Paul Richard Gallagher. O chefe de Estado italiano encerra seu mandato de sete anos em fevereiro próximo.
Durante as cordiais conversações na Secretaria de Estado - informa um comunicado da Sala de Imprensa vaticana -, foi expressa satisfação pelas boas relações existentes entre a Santa Sé e a Itália, e foram discutidas várias questões relativas à situação social italiana, com particular referência aos problemas da pandemia e à campanha de vacinação em andamento, à família, ao fenômeno demográfico e à educação dos jovens.
Na prossecução das conversações foram examinadas questões internacionais, com atenção especial para o continente africano, as migrações e o futuro e os valores da democracia na Europa.
Na habitual troca de presentes, Francisco ofereceu ao presidente italiano uma pintura em cerâmica representando a Basílica de São Pedro vista dos Jardins Vaticanos, juntamente com volumes que trazem uma série de documentos papais, incluindo a Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2021, o Documento sobre a Fraternidade Humana assinado em Abu Dhabi e o livro que reúne as mais belas imagens da Statio Orbis, a oração do Pontífice na Praça São Pedro em 27 de março de 2020, no ápice da pandemia. Por sua vez, o presidente da República italiana em fim de mandato retribuiu oferecendo ao Pontífice uma estampa retratando uma vista de Roma a partir do Quirinale, sede da presidência.
- Papa aos jesuítas na Grécia: “Devemos nos habituar à humilhação”
Pe. Bruno Franguelli - Cidade do Vaticano
Como de costume, durante suas viagens apostólicas, o Papa se encontra com seus companheiros jesuítas. Estes encontros são momentos de profundo diálogo e partilha que expressam o carinho e o sentimento de pertença do Papa à Companhia de Jesus. Na sua viagem à Grécia, na tarde do dia 4 de dezembro, o Pontífice recebeu na Nunciatura Apostólica um grupo de sete jesuítas que residem e trabalham em Atenas. O encontro, que durou uma hora, teve seu conteúdo relatado em um texto publicado pelo Pe. Antonio Spadaro, sj. no mais recente número da revista “La Civiltà Cattólica”.
”Após a apresentação de todos os jesuítas presentes na Nunciatura, Francisco pediu que livremente lhe fizessem perguntas. A um jesuíta irmão que logo se apresentou, Francisco afirmou: “Faço uma confissão: quando eu era provincial eu tinha de pedir informações para admitir os jesuítas em formação à ordenação presbiteral e verificava que as melhores informações eram aquelas oferecidas pelos irmãos”. E logo o Papa sublinha a grande capacidade dos irmãos em observar os jovens em formação dizendo: “Recordo-me uma vez: tinha um estudante de teologia que estava concluindo os estudos, que era muito bom, inteligente, simpático. Os irmãos, porém me disseram: ‘Esteja atento, é bom enviá-lo para trabalhar um pouco, antes da ordenação’. “Eles” - conclui o Papa – “podiam ver debaixo da água”.
Ao apresentar-se um jesuíta coreano fundador do instituto “Centro Arrupe” que oferece assistência para crianças refugiadas, e que agora é um simples colaborador, o Papa comentou: “Você fundou uma obra, o ‘Centro Arrupe’. Você é um ‘pai’ fundador. Expressou sua criatividade [...]. Disse-me que não é mais o responsável. Isso é algo muito bom. Quando alguém inicia um processo, deve deixar que se desenvolva, que uma obra cresça, e depois retirar-se.”
Depois de ouvir um jesuíta de 84 anos que se lamentava da diminuição do número de jesuítas, o Papa considerou que lhe chama atenção a diminuição de membros não só na Companhia mas em tantas outras ordens e congregações religiosas. E afirmou ainda que é o Senhor que chama e não depende simplesmente de nós e das nossas “constatações sociológicas”. E considerou ainda: “Creio que o Senhor está dando um ensinamento para a vida religiosa.” Depois de fazer referência à espiritualidade dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, o Papa afirmou que a diminuição do número é sim humilhante, mas ao mesmo tempo esta humilhação pode ser fecunda quando se abraça o terceiro grau de humildade: “devemos nos habituar à humilhação”.
E no que consiste este terceiro grau de humildade presente nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio?
“O terceiro grau de humildade é perfeitíssimo. Encerra os dois primeiros e, além disso, supondo que o louvor e glória da Majestade divina sejam iguais, quer que, para eu imitar mais perfeitamente a Jesus Cristo Nosso Senhor, e me tornar, de fato, mais semelhante a Ele, prefira abraçar a pobreza com Jesus Cristo pobre, antes que as riquezas; os opróbrios com Jesus Cristo deles saturado, antes que as honras; o desejo de ser tido por homem inútil e insensato, por amor de Jesus Cristo, que primeiro foi tido como tal; antes que passar por homem sábio e prudente aos olhos do mundo”.
Ao falar sobre como deve ser a velhice de um jesuíta, mas que serve também para todo cristão, o Papa afirmou: “o fim do jesuíta é chegar à velhice repleto de trabalho, talvez cansado, cheio de contradições, mas com o sorriso, com a alegria de ter doado a vida. [...]. Quando se vê uma velhice sorridente, cansada, mas não amarga, então vocês são um canto de esperança” E conclui: “Tanto na vida como na morte o jesuíta deve dar testemunho do seguimento de Jesus. [...] Uma vida com pecados, sim, mas plena da alegria do serviço a Deus.”