Economia

Dólar sobe pela 5ª sessão seguida, a R$ 5,708; Bolsa também tem alta





O dólar emendou hoje sua quinta alta seguida, esta de 0,25%, e fechou o dia cotado a R$ 5,708 na venda. É o maior valor em pouco mais de oito meses, desde 13 de abril, quando a moeda americana alcançou os R$ 5,718. Mais cedo, o Banco Central decidiu reforçar a sua atuação no mercado cambial, mas não foi suficiente para impedir uma nova alta.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), subiu 0,63% na sessão, interrompendo uma sequência de duas quedas consecutivas e chegando aos 107.431,18 pontos.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

BC atuou para conter dólar

Com o dólar em alta, o Banco Central decidiu reforçar sua atuação no mercado de câmbio durante a manhã, anunciando um leilão quando a moeda americana atingiu R$ 5,722, às 10h48. Na operação, foram vendidos às instituições financeiras US$ 950 milhões.

A atuação do BC fez o dólar voltar a ser cotado abaixo dos R$ 5,70 por um tempo, mas não foi suficiente para segurá-lo até o fim do dia.

Também durante a manhã, o BC realizou dois outros leilões, já programados, de swaps cambiais — um tipo de contrato cambial negociado com as instituições financeiras. O efeito da venda de swaps é equivalente à negociação de dólares com o mercado, o que também contribui para segurar a cotação da moeda. Nestas duas operações, o BC negociou US$ 1,45 bilhão.

Juros nos EUA...

O principal destaque da sessão foi a reunião de política monetária do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos), que anunciou o encerramento — três meses antes do previsto — de seu programa de compras de ativos para conter a alta da inflação, abrindo a porta para três aumentos das taxas juros de referência, hoje próximos a zero, em 2022.

Juros mais altos nos EUA tornam mais vantajosos os investimentos nos títulos soberanos, considerados o ativo mais seguro do mundo, o que tende a aumentar a entrada de recursos no país e, consequentemente, favorecer o dólar.

"O mercado financeiro e seus investidores tendem a antecipar os movimentos e a perspectiva de menor liquidez gera menos apreensão do que a elevação de juros, dado o passado de 'flight to quality' [busca por segurança] que ocorria sempre que os EUA elevavam juros", explicou em nota Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

... E prévia do PIB no Brasil

Enquanto isso, no Brasil, dados mostraram que o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central-Brasil) — uma espécie de prévia do PIB (Produto Interno Bruto) — caiu 0,4% em outubro em relação a setembro, o que decepcionou o mercado. O número está abaixo da expectativa de baixa de 0,2%, segundo pesquisa da Reuters.

É o mais recente sinal de tropeço da atividade econômica brasileira, após leituras decepcionantes do PIB do terceiro trimestre e dos setores de varejo e serviços.

À Reuters, Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse enxergar um cenário desafiador para o real em 2022, com expectativas de crescimento baixo ou até inexistente somando-se a prováveis aumentos de juros nos EUA e às incertezas políticas impostas pelas eleições presidenciais.

"Eu adotaria posturas bastantes defensivas", opinou, não descartando a possibilidade de o dólar alcançar a casa dos R$ 6 em 2022.

Fonte: UOL com AFP e Reuters