Cotidiano

Para maioria dos brasileiros, pandemia acaba quando 3/4 da população for vacinada





A pergunta mais famosa dos últimos meses "Quando a pandemia vai acabar?" não tem uma resposta exata, mas pesquisa realizada globalmente mostra que não há consenso de opiniões

Quando a pandemia vai acabar? Essa pergunta está presente no cotidiano de todos os moradores do planeta desde quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a infecção tempestuosa da covid-19 como uma pandemia, em março de 2020. Até aqui, não há uma resposta exata, mas há palpites diversos. Para a maioria dos brasileiros (24%), por exemplo, o maior indicador de que a pandemia está no fim é a vacinação completa de 75% da população do Brasil.

Esse também é o indicador mais confiável para sinalizar o fim da pandemia para a maioria dos 22.033 adultos (20%) de 33 países entrevistados pela pesquisa Covid-19: A pandemia um dia acabará?, realizada entre 22 de outubro e 5 de novembro — no Brasil foram 1 mil entrevistados. O estudo, realizado pelo Instituto Ipsos, foi publicado nesta sexta-feira (10/12).

Os entrevistados tiveram que escolher entre oito opções para responder a pergunta “Quais indicadores você pensa ser os melhores para mostrar que a pandemia da covid está terminando e as principais restrições podem ser suspensas no seu país?”.

Além de cinco hipóteses, os participantes também poderiam optar por “outro”, se a pessoa pensasse em uma nova forma de indicador; ou também dizer que “a pandemia já está no fim”. Ou, ainda, afirmar que não sabe — e não concorda com os outros indicadores apresentados.

O resultado foi de que não há um consenso majoritário sobre a resposta. Ao contrário, as escolhas são divididas quase que proporcionalmente. A bandeira verde mais bem vista, de que a pandemia estará perto do fim quando 75% da população estiver vacinada, foi mais apontada por cidadãos de sete países: Peru (37%), Turquia (35%), Suíça (32%), Colômbia (31%), Romênia (31%), Argentina (29%) e Índia (28%).

O segundo indicador com maior credibilidade para os entrevistados é o interrompimento completo da transmissão do novo coronavírus (19%); afirmação mais acreditada pela China (30%) e pela Itália (27%). O Brasil também apresenta alto índice de confiança neste indicador: 24% dos participantes apontaram ele como o sinalizador ideal.

Já a normalização do funcionamento de hospitais é o indicador mais confiável para 17% dos entrevistados. Para eles, a volta das rotinas hospitalares regulares, sem escassez de profissionais ou equipamentos de saúde, por pelo menos um mês, é o verdadeiro sinal de que a pandemia está no fim.

Suécia (29%), Holanda (28%) e Cingapura (27%) são os três países que acreditaram nessa afirmação acima da média das outras nações.

O registro de menos de 10 novos casos por dia para cada 1 milhão de pessoas (12%) e de menos de duas mortes por covid por 1 milhão de pessoas por semana (7%) são os outros indicadores mais confiáveis.

“Não sei” e “A pandemia já está no fim” apresentam alto índice de engajamento global

Uma das opções de resposta à pergunta sobre os possíveis indicadores do fim da pandemia registrou um alto índice de engajamento e pode explicar porque alguns dos países que mais apontaram essa afirmação estão, no momento, com uma nova onda de casos de covid-19.

Cerca de 14% dos entrevistados não souberam dizer qual seria um indicador que revelaria a vitória sobre a pandemia. Em cinco nações do globo, a média de escolha dessa resposta foi mais alta que as outras: França (28%), EUA (23%), Alemanha (22%), Grã-Bretanha (22%) e Canadá (24%).

Na contramão da maioria dos cidadãos do globo, esses 14% não acreditam que o alto índice de vacinação, o interrompimento da transmissão do vírus e a normalização do funcionamento dos hospitais são bons indicadores de que a pandemia está prestes a acabar.

Deve ser por isso que três dos cinco países dessa lista enfrentam momentos de tensão. A França, por exemplo, registrou, em 1º de dezembro, o maior número diário de casos da doença desde abril: 47,17 mil infecções em 24 horas. O governo local informou que o número de não vacinados internados nos hospitais franceses era dez vezes maior do que o de vacinados.

O mesmo ocorre com a Alemanha, que, nesta quarta-feira (8/12), teve o maior número de mortes diárias pela doença desde fevereiro. A multidão de negacionistas que se recusaram a se vacinar contra a covid-19 levou ao governo alemão a instituir um lockdown nacional para esta parte da população. Nos próximos meses, não vacinados estarão proibidos de acessar todos os negócios e estabelecimentos do país, exceto o que for estritamente essencial.

Os Estados Unidos também vive momentos de tensão: na quarta-feira (8/12), registrou a maior média desde setembro deste ano, com 117 mil casos nos últimos sete dias. Foram constatadas, também, 1.066 mortes neste período. Em julho, a média sera de 200 óbitos. 

Apesar de ter um alto índice de vacinados com duas doses (60,4%), o país norte-americano enfrenta forte resistência de negacionistas e pessoas de extrema-direita, que se recusam a tomar qualquer dose do imunizante.

 

- Pandemia reduz em 53% transporte de passageiros em 2020

Ao longo de 2020, voos regulares transportaram 44,14 milhões de passageiros no Brasil e pouco mais de 282 mil toneladas de carga foram movimentadas entre aeroportos. Entretanto, o transporte de passageiros foi o mais afetado pela pandemia de covid-19 no ano passado, com redução de 53%, enquanto a queda na movimentação aérea de cargas foi de 29,6%. Em 2019, antes da pandemia, 93,87 milhões de passageiros e mais de 400 mil toneladas de carga foram transportados.

Medidas de distanciamento social foram adotadas por todo país para combater a transmissão do novo coronavírus, o que impactou a circulação de pessoas e produtos.

As informações constam do estudo Redes e Fluxos Territoriais: Ligações Aéreas 2019-2020, divulgado hoje (10), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a pesquisa, apenas 46 cidades brasileiras tiveram pelo menos um voo regular de passageiros por mês em 2020 ante 96 municípios no ano anterior. O principal fluxo aéreo do país - São Paulo-Rio de Janeiro - teve queda de 55,6% no total de passagens comercializadas no ano passado.

Os maiores recuos registrados de passagens comercializadas em 2020 foram no trajeto Uberlândia (MG)-São Paulo, com -69,6%, e São Paulo-Curitiba, com -60,9%. Já as menores quedas na comercialização de passagens ao público em geral foram São Paulo-Natal (-19%) e Fortaleza-Brasília (-24,1%).

São Paulo é o grande hub (entroncamento) aéreo nacional, seja como destino, origem ou ponto intermediário de conexão para passageiros e cargas. No ano passado, movimentou mais de 22 milhões de passageiros e mais de 147 mil toneladas de carga.

Brasília e o Nordeste

“Por sua vez, Brasília é outra cidade que aumenta sua posição na malha ao intensificar seus fluxos de passageiros com as capitais da Região Nordeste, especialmente Natal, João Pessoa e Maceió. Isso reflete o aumento de relações que, por um lado, reforçam a posição das cidades litorâneas enquanto destino turístico, como também refletem a função intermediadora da capital nacional como hub complementar a São Paulo, aumentando o rol de possibilidades de origens e destinos destas cidades com o resto do país” enfatiza a pesquisa.

As cidades de São Paulo, Manaus, Brasília e Campinas concentraram mais de 85% de toda carga aérea movimentada em 2019.

Segundo o IBGE, outro efeito da pandemia foi a queda das tarifas aéreas e, consequentemente, melhoria das medidas de acessibilidade econômica das principais cidades que ainda permaneceram com o atendimento regular do serviço aéreo de passageiros.

Os destinos do Sul e Sudeste, como São José dos Campos (SP), Joinville (SC) e Vitória (ES), apresentam as tarifas médias ponderadas mais baratas e, portanto, maior acessibilidade econômica.

Três cidades de Rondônia têm as tarifas médias ponderadas mais caras do Brasil: Vilhena, Cacoal e Ji-Paraná.

As quatro cidades com menor acessibilidade geográfica do país são amazonenses: Lábrea, São Gabriel da Cachoeira, Carauari e Parintins.

De acordo com a pesquisa, o transporte aéreo de passageiros e cargas no Brasil é um serviço concentrado, tanto em quantidade movimentada quanto na opção de destinos, no estrato superior da hierarquia urbana brasileira, ou seja, as metrópoles e as capitais regionais. O levantamento aponta “uma notória concentração dos principais fluxos e interações na porção Centro-Sul do país”.

Fonte: Correio Braziliense - Agência Brasil