Cultura

O Papa: a oração ao Espírito Santo é espontânea, deve vir do coração





Na Audiência Geral desta quarta-feira, Francisco disse que devemos aprender a "invocar o Espírito Santo com mais frequência". Vem, Espírito Santo, "porque estou em dificuldade, vem porque estou na escuridão, no escuro; vem porque não sei o que fazer; vem porque estou prestes a cair. Vem. É a palavra do Espírito".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

"A palavra de Deus é uma fonte inesgotável", disse o Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (10/11), no final das catequeses sobre a Carta aos Gálatas, ressaltando que o Apóstolo Paulo, nesta Carta, "nos falou como evangelizador, teólogo e pastor".  

Segundo o Papa, Paulo "foi um verdadeiro teólogo, que contemplava o mistério de Cristo e o transmitia com a sua inteligência criativa. E foi também capaz de exercer a sua missão pastoral a uma comunidade desorientada e confusa. Ele fez isto com métodos diferentes: usou ironia, rigor e mansidão. Reivindicou a própria autoridade como apóstolo, mas ao mesmo tempo não escondeu as fraquezas do seu caráter. O poder do Espírito realmente escavou no seu coração: o encontro com Cristo Ressuscitado conquistou e transformou toda a sua vida, e ele dedicou-a inteiramente ao serviço do Evangelho".

A verdadeira lei tem a sua plenitude na vida no Espírito

O Apóstolo dos Gentios "estava convencido de que tinha recebido um chamado ao qual só ele podia responder; e queria explicar aos Gálatas que também eles foram chamados a essa liberdade, que os aliviava de todas as formas de escravidão, porque os tornou herdeiros da antiga promessa e, em Cristo, filhos de Deus".

"Consciente dos riscos que este conceito de liberdade comportava", Paulo "nunca minimizou as consequências". Ele "colocou a liberdade na sombra do amor e estabeleceu o seu exercício coerente ao serviço da caridade. Toda esta visão foi colocada no horizonte da vida de acordo com o Espírito Santo".

Existe sempre a tentação de voltar atrás. Uma definição de cristãos que se encontra na Escritura diz que nós cristãos não somos pessoas que voltam atrás. Uma definição bonita! A tentação de voltar atrás porque é mais seguro. Voltar à lei transcurando a vida nova no Espírito. Paulo nos ensina que a verdadeira lei tem a sua plenitude na vida no Espírito que Jesus nos doou e esta vida no Espírito só pode ser vida na liberdade, na liberdade cristã.

Despertar Cristo dentro de nós

"No final deste itinerário de catequese, parece-me que possa surgir em nós uma atitude dupla", disse ainda Francisco. "Por um lado, o ensinamento do Apóstolo gera entusiasmo em nós; sentimo-nos impelidos a seguir imediatamente o caminho da liberdade, a «caminhar segundo o Espírito». Por outro, estamos conscientes das nossas limitações, pois sentimos todos os dias como é difícil ser dócil ao Espírito, para seguir a sua ação benéfica. Pode então surgir o cansaço que diminui o entusiasmo. Sentimo-nos desanimados, fracos, por vezes marginalizados em relação ao estilo de vida da mentalidade mundana".

Nos momentos de dificuldades estamos, como diz Santo Agostinho, no barco, que é o momento da tempestade. O que os Apóstolos fizeram? Acordaram Cristo. Acordar Cristo que dorme e você está na tempestade, mas Ele está presente. A única coisa que podemos fazer nos momentos ruins é despertar Cristo que está dentro de nós, mas dorme como no barco. Devemos despertar Cristo no nosso coração e só então poderemos contemplar as coisas com o seu olhar, porque Ele vê para além da tempestade. Através desse seu olhar sereno, podemos ver um panorama que, por nós mesmos, nem sequer é possível divisar.

A oração ao Espírito Santo é espontânea

Segundo o Papa, "neste caminho desafiador, mas fascinante, o Apóstolo nos lembra que não nos podemos dar ao luxo de nos cansarmos de fazer o bem. Devemos confiar que o Espírito vem sempre em auxílio da nossa fraqueza e nos concede o apoio de que necessitamos".

Qual é a oração do Espírito Santo"? A oração ao Espírito Santo é espontânea: ela deve vir de seu coração. Você deve pedir nos momentos de dificuldade: "Espírito Santo, vem". A palavra-chave é esta: vem. Vem. Você deve dizê-la com sua linguagem, com as suas palavras. Vem porque estou em dificuldade, vem porque estou na escuridão, no escuro; vem porque não sei o que fazer; vem porque estou prestes a cair. Vem. Vem. É a palavra do Espírito. Invocar o Espírito. Aprendamos a invocar o Espírito Santo com mais frequência.

O Papa concluiu, dizendo que nos fará bem rezar esta "oração com frequência. Vem, Espírito Santo. Com a presença do Espírito, salvaguardemos a liberdade. Seremos livres, cristãos livres, não apegados ao passado no sentido ruim da palavra, não acorrentados a práticas. A liberdade cristã nos faz amadurecer. Esta oração nos ajudará a caminhar no Espírito, na liberdade e na alegria, porque quando o Espírito Santo vem, vem a alegria, a verdadeira alegria".

 

- Mensagem da CNBB por ocasião da COP26

A Igreja Católica no Brasil, no horizonte da Doutrina Social da Igreja e em comunhão com o Papa Francisco, reafirma o seu compromisso com a justiça socioambiental, na perspectiva da Ecologia Integral – reconhecendo a dignidade da pessoa humana, o destino universal dos bens e o direito inegociável à vida para as presentes e futuras gerações.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pastorais e organismos da Igreja do Brasil divulgam nesta quarta-feira, 10 de novembro, uma mensagem por ocasião da COP26, a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas que acontece em Glasgow, na Escócia. A mensagem foi apresentada e referendada pela presidência da CNBB durante a reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep), realizada na manhã desta quarta-feira (10).

No texto, os bispos pedem que os organismos internacionais, governos e todos os segmentos da sociedade civil “combatam as mudanças climáticas e garantam a continuidade de todas as formas de vida, investindo na vida - dom maior e inviolável”. 

MENSAGEM DA CNBB POR OCASIÃO DA COP26

Estamos atentos aos debates, acordos e deliberações da Conferência da ONU (COP26), realizada em Glasgow, na Escócia. A COP26 se apresenta ao mundo como esperança. Espera-se que os organismos internacionais, governos e todos os segmentos da sociedade civil, no atual contexto socioambiental que demanda ações urgentes, audaciosas e eficazes, combatam as mudanças climáticas e garantam a continuidade de todas as formas de vida, investindo na Vida - dom maior e inviolável. Essa Conferência do Clima desafia o mundo inteiro e precisa interpelar particularmente o Brasil, que tem territórios e biomas ameaçados. O mais recente informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que o aumento da emissão de gases de efeito estufa provoca irreversíveis transformações no Brasil, principalmente no Semiárido, no Cerrado e na Amazônia, com consequências diretas no regime climático de outras regiões do país e da América Latina. Com a aceleração do desmatamento e das queimadas, o Brasil contribui também com o aquecimento do planeta - contaminando a atmosfera em cerca de 2,17 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, segundo dados de 2019, apresentados pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

As previsões do IPCC indicam que o Nordeste brasileiro, o Centro-Oeste e a região Norte se tornarão mais secos e quentes nas próximas décadas, caso a emissão de carbono não seja zerada ainda na atual década. Tal cenário agravará ainda mais a aguda crise socioambiental em que estamos imersos, com a ampliação de desigualdades sociais, degradação de territórios, fazendo desaparecer espécies animais e vegetais. A humanidade poderá ter de conviver com ambientes inóspitos que ameaçam a continuidade da vida.

A Igreja Católica no Brasil, no horizonte da Doutrina Social da Igreja e em comunhão com o Papa Francisco, reafirma o seu compromisso com a justiça socioambiental, na perspectiva da Ecologia Integral – reconhecendo a dignidade da pessoa humana, o destino universal dos bens e o direito inegociável à vida para as presentes e futuras gerações.

Preocupa-nos que, diante das ameaças aos povos tradicionais e seus territórios, estes mesmos estejam alijados dos espaços e processos de reflexão e deliberação sobre suas vidas. A humanidade ainda carece de processos capazes de levá-la à reflexão sobre a sua própria existência. É ilusório acreditar que apenas as tecnologias conseguirão solucionar a catástrofe ambiental em curso, ou que as estratégias de mercado bastem para proteger e garantir um meio ambiente justo e sustentável para todas as pessoas, desconsiderando as indicações de organizações e instituições com presença histórica junto às comunidades do campo e da cidade.

A COP26 é, assim, decisiva, pelo dever ético de oferecer aos governos inspirações para suas políticas locais no enfrentamento das mudanças do clima, bem como o fortalecimento da solidariedade internacional, porque as crises experimentadas com o aquecimento global devem ser solucionadas coletivamente. Além disso, por seus acordos e deliberações, permitirá acompanhar e saber quais os organismos, governos, empresas e organizações estão dispostos a promover rupturas, transformar radicalmente estruturas de produção, consumo e priorizar nas suas agendas a defesa dos pobres e da Casa Comum, adotando medidas fortes.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, organismos eclesiais e outras instituições católicas, em sintonia com instituições e organizações da sociedade civil, continuarão acompanhando as agendas socioambientais no Brasil, promovendo a dignidade da pessoa humana, o cuidado com a Casa Comum, no horizonte de uma Ecologia Integral.

Inspirados pela Mãe de Deus e nossa, discípula exemplar, acompanharemos e exigiremos o cumprimento das deliberações da COP26, comprometidos com a justiça, dignidade e direitos aos povos e respeito à Casa Comum.

Brasília – DF, 10 de novembro de 2021.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo Presidente da CNBB

Cardeal Dom Cláudio Hummes Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia - CNBB

Dom Sebastião Lima Duarte Presidente da Comissão Episcopal Especial para a Ecologia Integral e Mineração - CNBB Dom José Valdeci Santos Mendes Presidente da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora - CNBB Presidente do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP)

Dom Erwin Kräutler Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil)

Dom Mário Antônio da Silva Presidente da Cáritas Brasileira

Dom Roque Paloschi Presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI)

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira Presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

 

- Cardeal Barreto na COP26: "Nossa terra clama por causa do uso e abuso dos bens"

O cardeal Pedro Barreto SJ, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica - REPAM, se dirigiu a COP26, num discurso que expressou "três sentimentos que esmagam aqueles de nós que estamos comprometidos com a Rede Eclesial Pan-Amazônica: indignação, fortaleza e esperança".

Padre Modino - CELAM

Dentro dos diferentes encontros que estão acontecendo em torno da COP26, que está sendo realizada em Glasgow (Reino Unido), de 31 de outubro a 12 de novembro, nesta terça-feira, 9 de novembro, aconteceu a Assembleia Mundial sobre a Amazônia e a Crise Climática, animada pelos povos indígenas e organizações sociais.

O cardeal Pedro Barreto SJ, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica - REPAM, se dirigiu a eles, num discurso que iniciou expressando "três sentimentos que esmagam aqueles de nós que estamos comprometidos com a Rede Eclesial Pan-Amazônica: indignação, fortaleza e esperança".

Ele passou a explicar as razões destes sentimentos: "indignação, porque muitos líderes indígenas foram assassinados por defenderem a Amazônia contra a exploração irracional dos recursos naturais e o desmatamento", insistindo que estes assassinatos mostram "que a vida humana está ameaçada e que a Amazônia está sendo dilapidada pelos interesses mesquinhos dos grupos".

A fortaleza vem do caminho comum entre a REPAM e os povos indígenas e comunidades tradicionais, "os principais interlocutores e sujeitos de ação no território". Com aqueles que ele chama de "guardiões da Amazônia", a REPAM atua "em defesa dos direitos humanos e da natureza, em busca do Bem Viver e da Justiça Socioambiental".

A esperança nasce da experiência do Sínodo para a Amazônia, um processo que "colocou a Amazônia e os povos originários no centro das atenções da Igreja Católica e também de uma parte significativa da opinião pública mundial". Um caminho em que o cardeal peruano destaca "o apoio e a proximidade do Papa Francisco ao longo de todo o processo".

O arcebispo de Huancayo expressou o compromisso da Igreja de "cuidar do planeta, nossa casa comum". Segundo o cardeal Barreto, "a crise da Amazônia, da pandemia e do clima só pode ser respondida com uma mudança no modelo de desenvolvimento global, fruto de uma conversão radical, uma revolução cultural", lembrando as palavras de Laudato Si', citadas na mensagem do Papa à COP26, onde ele chama a não permanecer no meio-termo.

Seu presidente lembrou "o acompanhamento de várias ações de formação e intercâmbio entre os povos à luz das intuições do Sínodo Amazônico e da Exortação Apostólica Querida Amazônia", por parte da REPAM, citando alguns exemplos deste trabalho.

O cardeal insistiu que "nossa terra grita, por causa do uso e abuso dos bens que Deus colocou nela", o que "se torna um grito tumultuoso que exige que mudemos para um novo paradigma, o paradigma do cuidado, que nos pede uma nova maneira de nos relacionarmos com a natureza, que é nossa casa comum".

Finalmente, ele ressaltou que "para que a vida seja possível, devemos assumir o compromisso de viver um estilo de vida sóbrio, cuidando e respeitando nossa Casa Comum para nós mesmos e para as gerações futuras", ressaltando que "Nosso compromisso é agora!” Ele pediu: "Vamos caminhar juntos, tecendo redes com iniciativas de força e esperança diante da adversidade e da indiferença!”.

 

- Cardeal Grech inaugura ano acadêmico no Tribunal da Rota Romana

A Escola Superior Especialização Forense do Tribunal da Rota Romana inaugura suas atividades para 2021-2022 com um discurso do Secretário Geral do Sínodo dos Bispos. O decano da Rota Romana, Dom Arellano Cedillo afirma: depois do lockdown esta inauguração tem o valor e o significado de um novo lançamento para o futuro.

Federico Piana – Vatican News

As atividades do Curso trienal de “Studium Rotale” terão início oficialmente nesta quarta-feira (10/11) com um solene ato acadêmico presidido pelo Decano da Rota Romana, Dom Alejandro Arellano Cedillo no Palácio da Chancelaria, em Roma. Após as saudações iniciais e um discurso introdutório do Decano, o Cardeal Mario Grech, Secretário Geral do Sínodo dos Bispos, fará o discurso de abertura. No final, será feito o juramento de rito dos estudantes do próximo triênio. Para o solene Ato Acadêmico foram convidados membros da Cúria Romana, embaixadores junto à Santa Sé, reitores e decanos de universidades pontifícias. O evento pode ser acompanhado em streaming no endereço: https://www.youtube.com/watch?v=OdLizi7Nz0U

Para o Cardeal Grech, Secretário Geral do Sínodo, o lançamento dos Cursos da Rota chama a atenção para os "elementos de analogia" que criam um vínculo entre o ius dicere dos processos judiciais e o sentire cum Ecclesia: "Nos processos judiciais - observa - o ius dicere assume o papel do sentire cum Ecclesia do processo sinodal, pois neste caso trata-se de ouvir e aceitar o que o Espírito diz às Igrejas. Os processos judiciais visam a verdade do ius dicere, ou seja, a justiça; o "caminhar juntos" enquanto que a "reunião em assembleia" do processo sinodal visam a caridade do povo de Deus a serviço do Reino".

Dom Cedillo: novo ímpeto para o futuro

"Diante do duro teste da pandemia que atingiu a 'aldeia global' e causou tanta dor e morte, acrescentando ao sofrimento o desconcerto de tantas solidões forçadas, este encontro fala à nossa história e a cada um de nós: acima de tudo nos diz que não estamos sozinhos", afirma Dom Alejandro Arellano Cedillo. O decano da Rota Romana explica "que a inauguração de um novo ano acadêmico do Curso da Rota, nunca antes como nesta ocasião, tem o valor e o significado de um novo impulso em direção ao futuro: um futuro que é colocado acima de tudo nas mãos das novas gerações de advogados da Rota Romana e, talvez, dos que virão depois de nós".

A serviço da justiça desde 1909

O “Studium Rotale” do Tribunal da Rota Romana é uma escola superior de estudos avançados e de especialização jurídica que existe desde 1909. Reorganizado em 8 de junho de 1945 pelo Papa Pio XII com o decreto Nihil Antiquius, hoje, como explicam os responsáveis, "o Studium Rotale se apresenta como um instrumento precioso e eficaz para a formação dos futuros ministros da justiça nos tribunais da Igreja, no que diz respeito à jurisprudência do Tribunal Apostólico da Rota Romana".

Fonte: Vatican News