Jane Nogara- Vatican News
O Papa Francisco recebeu na manhã desta quinta-feira (14/10) os representantes da Sociedade Italiana de Farmacêuticos Hospitalares. Francisco iniciou agradecendo e sublinhando a importância do serviço público de saúde nacional considerado “elemento indispensável para garantir o bem comum e o crescimento social de um país”. E tudo isso no contexto da pandemia, que mudou e mudará a maneira como planejamos, organizamos e gerenciamos a saúde e a assistência médica”. Então Francisco indicou três caminhos para continuar o compromisso com a saúde.
"O primeiro é sobre a figura do hospedeiro na parábola do Bom Samaritano: é-lhe pedido que acolha o ferido e cuide dele até o retorno do samaritano (cf. Lc 10,35). Neste caráter podemos ver dois aspectos significativos do trabalho do farmacêutico hospitalar: a rotina diária e o serviço oculto. Estes são aspectos comuns a muitos outros trabalhos, que exigem paciência, constância e precisão, e que não têm a gratificação das aparências, têm pouca visibilidade. Precisamente por esta razão, se forem acompanhadas de oração e amor, elas geram a "santidade da vida diária".
“Porque sem a oração e o amor - como se sabe - esta rotina torna-se árida.”
“O segundo caminho - continua o Pontífice - diz respeito à dimensão específica do farmacêutico hospitalar, ou seja, seu profissionalismo, sua especialização de pós-graduação. Junto com o clínico, é o farmacêutico hospitalar que pesquisa, experimenta, propõe novas rotas; sempre em contato imediato com o paciente”.
Enquanto que o terceiro caminho diz respeito à dimensão ética da profissão, em dois aspectos, explica o Papa: o pessoal e o social.
“Em nível individual, o farmacêutico está sempre a serviço da vida humana”
"E isto pode, em alguns casos, implicar em objeção de consciência, o que não é deslealdade, mas, pelo contrário, fidelidade à sua profissão, se validamente motivada. É também uma denúncia das injustiças cometidas contra a vida inocente e indefesa. Trata-se de um assunto muito delicado, que requer tanto grande competência quanto grande retidão”.
“Recentemente tive ocasião de voltar ao tema do aborto. Vocês sabem que sou muito claro sobre isto: é um assassinato e não é lícito tornar-se cúmplice. Dito isso:
“O nosso dever é a proximidade: estar próximo das situações, especialmente das mulheres, para não se chegue a pensar na solução do aborto, porque na realidade ela não é a solução”
Francisco continua falando sobre os caminhos a serem seguidos, depois da dimensão ética da profissão em nível ético pessoal, disse há o nível de justiça social: "As estratégias de saúde, voltadas para a busca da justiça e do bem comum, devem ser econômica e eticamente sustentáveis". Certamente, no Serviço Nacional de Saúde italiano, é dada grande importância ao acesso universal aos cuidados, mas o farmacêutico - mesmo nas hierarquias de gestão e administração - não é um mero executor. A cultura da rejeição não deve afetar sua profissão. E esta é outra área na qual devemos estar sempre vigilantes. "Deus nosso Pai deu a tarefa de cuidar da terra não para o dinheiro, mas para nós: para os homens e as mulheres". Nós temos esta tarefa! Ao invés disso, homens e mulheres são sacrificados aos ídolos do lucro e do consumo: é a 'cultura do desperdício'". Esta observação, que na sua origem referia-se ao meio ambiente, aplica-se ainda mais à saúde humana.
“Gerenciar recursos e tomar cuidado para não desperdiçar o que é confiado às mãos de cada farmacêutico – continua - assume não apenas significado econômico, mas também ético. Referimo-nos à atenção aos detalhes, na compra e armazenamento dos produtos, no seu uso correto e no seu destino para os em necessidade urgente”.
- O Papa a empresários: o trabalho expressa e alimenta a dignidade do ser humano
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco saudou, nesta quinta-feira (14/10), numa videomensagem, os participantes do 57° Encontro da Fundação Idea, Instituto de Desenvolvimento de Empresas da Argentina, e da União de Trabalhadores da Economia Popular. O evento teve início na última quarta-feira (13/10), em Buenos Aires, na Argentina, e prossegue até sexta-feira dia 15.
Desde 1974, a Fundação Idea promove um colóquio anual de três dias com a participação de líderes empresariais nacionais e internacionais, funcionários do governo, acadêmicos, líderes de Organizações não-governamentais e líderes sindicais, para debater novas ideias e inspirar os líderes a tomarem medidas para transformar a realidade.
"Espero sinceramente que seja um momento de verdadeiro intercâmbio que possa reunir a contribuição inovadora de empresários e trabalhadores que lutam por sua dignidade e por suas famílias", disse Francisco na mensagem de vídeo, recordando que muitas vezes se referiu "à nobre vocação do empresário que criativamente busca produzir riqueza e diversificar a produção, ao mesmo tempo em que torna possível a criação de empregos".
"Não me cansarei de me referir à dignidade do trabalho. É o trabalho que dá dignidade. Quem não tem trabalho, sente que lhe falta algo, falta-lhe aquela dignidade que o trabalho lhe dá, que unge de dignidade", sublinha ainda o Papa.
Francisco reitera que não propõe "uma vida sem esforço ou que despreza a cultura do trabalho". "Imagine se isso pode ser dito de um descendente de piemonteses, que não vieram ao nosso país com vontade de serem mantidos, mas com um enorme desejo de arregaçar as mangas para construir um futuro para as suas famílias. É curioso, os migrantes não colocaram o dinheiro no banco, mas nos tijolos e na terra. A casa, a primeira coisa. Eles olhavam adiante para a família. Investimento familiar. "
O trabalho expressa e alimenta a dignidade do ser humano, permite-lhe desenvolver as capacidades que Deus lhe deu, ajuda-o a construir relações de intercâmbio e ajuda mútua, permite-lhe sentir-se colaborador de Deus para cuidar e desenvolver este mundo, faz com que se sinta útil à sociedade e solidário com seus entes queridos. É por isso que o trabalho, além do cansaço e das dificuldades, é o caminho do amadurecimento, da realização pessoal, que dá asas aos melhores sonhos.
"Sendo assim, é claro que os subsídios só podem ser uma ajuda provisória", reitera o Pontífice.
“Não se pode viver de subsídios, pois o grande objetivo é proporcionar fontes diversificadas de trabalho que permitam a todos construir seu futuro com esforço e engenho.”
Por serem diversificadas, abrem o caminho para que as pessoas encontrem o contexto mais adequado para desenvolver seus próprios dons, já que nem todos têm as mesmas capacidades e inclinações.
O Papa conclui a videomensagem, dizendo "que o diálogo entre empresários e trabalhadores não só é indispensável, mas também fecundo e promissor", e agradece aos promotores do evento por este debate que eles planejaram com um propósito tão nobre.
Fonte: Vatican News