Cotidiano

Estou à disposição do Senado, diz Queiroga sobre nova convocação à CPI





- O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que está “à disposição” do Senado para mais uma convocação à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid. O colegiado aprovou a convocação do ministro para falar à CPI pela 3ª vez no dia 18 de outubro.

Sempre estou à disposição. Não só do Senado, mas da Câmara, da Procuradoria da República, do Poder Judiciário, mas sobretudo para o povo brasileiro. Já tive em duas oportunidades [na CPI]”, afirmou em conversa com jornalistas na chegada ao Ministério nesta manhã.

Queiroga disse estar com “consciência tranquila” sobre o trabalho desempenhado pelo governo no combate à pandemia.

Nas duas oportunidades que estive lá, nós tínhamos uma média móvel de mortos superior a 3 mil e hoje como é que está? A campanha de vacinação no Brasil engatinhava e hoje como é que está? Uma das campanhas mais bem sucedidas do mundo. Nós temos a consciência tranquila e sabemos que estamos cumprindo com o nosso dever”, afirmou.

Conitec

Queiroga negou ter interferido no trabalho da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde). O colegiado, que assessora o Ministério da Saúde, adiou na 5ª feira (7.out) a análise de recomendação contra uso do “kit covid”. O tratamento tem ineficácia comprovada contra o coronavírus.

A Conitec retirou de pauta a análise de um relatório com orientação de não usar cloroquina, azitromicina e ivermectina –medicamentos sem eficácia contra o coronavírus, mas defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro.

A CPI deu prazo de 24 horas para o ministro da Saúde esclarecer porque a votação do relatório saiu da pauta de reunião da Conitec. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, atribuiu ao governo o adiamento.

Ao Poder360, o pneumologista Carlos Carvalho negou ter sido pressionado pelo governo para pedir o adiamento da análise do relatório. Ele coordena a elaboração de diretrizes de tratamento da covid-19 para o Ministério da Saúde e afirma que o adiamento foi solicitado para incluir novos estudos sobre possíveis tratamentos.

Eu que incluí na pauta. O professor Carlos Carvalho já falou publicamente. Tenho outras coisas a fazer do que ficar interferindo em comissões do Ministério. Eu tenho que distribuir vacinas para a população”, disse Queiroga.

Nesta 2ª feira, Queiroga afirmou que Bolsonaro “interfere” no Ministério no sentido de estimular o trabalho do órgão.

Temos que trabalhar, é essa a recomendação que recebo do presidente. As pessoas [dizem] ‘ah, o presidente interfere’. O presidente interfere sim, pede que a gente trabalhe, pede que a gente dialogue com a sociedade, faça entregas para a sociedade. Vou continuar fazendo isso. Eu sei que estou no rumo certo”, disse Queiroga.

Confira outras notícias:

- Malafaia ataca ministros de dentro do Palácio contrários à indicação de Mendonça

Considerado o principal apoiador de Bolsonaro entre os evangélicos, um dos últimos redutos eleitorais onde o presidente mantém consistência de aprovação, o pastor Silas Malafaia decidiu esticar a corda na cobrança pela nomeação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em um vídeo postado na manhã desta segunda (11) ele ataca “políticos cujo gabinete está no Palácio do Governo” e que “são contra a indicação de André Mendonça ao Supremo”.

A Casa Civil, que tem por ministro Ciro Nogueira, fica no quarto andar do Palácio do Planalto, bem como a Secretaria de Governo, sob o comando de Flávia Arruda, ambos integrantes do Centrão, ala que abarca, ainda, o ministro das Comunicações Fábio Farias. Todos, políticos licenciados de mandatos no legislativo federal e que nas últimas semanas passaram a defender o nome de Alexandre Cordeiro de Macedo, ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para o STF.

No mesmo vídeo, que começa com o pastor conclamando o “povo abençoado do Brasil”, Malafaia diz que esses mesmos políticos têm jantado com “gente inescrupulosa que quer atingir o presidente” e promete mais um vídeo, onde falará mais sobre os ministros.

A indicação de Mendonça é vista com uma das maiores promessas de Bolsonaro à ala evangélica. Em compensação, o Centrão tem abocanhado espaços cada dia  maiores no governo em troca de um necessário apoio dentro do Congresso para implementação das pautas do governo Bolsonaro e estancagem de um eventual processo de impeachment. O PP, partido de Ciro Nogueira, inclusive, está na lista dos possíveis destinos do presidente, que continua sem sigla para disputar a eleição.

O presidente remeteu o nome do ex-advogado geral da União ao Senado em 13 de julho, mas a nomeação depende de uma sabatina a ser realizada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. A pauta da CCJ, no entanto, está nas mãos do presidente da comissão, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que até o momento não agendou a data da sabatina.

O impasse tem se estendido. As postagens de Malafaia tornaram-se recorrentes desde a semana com adjetivos como “safadeza” e expressões como “jogo sujo” para se referir à demora na definição de uma data.

As cobranças se estenderam ao presidente Bolsonaro que no domingo veio à público lembrar Alcolumbre dos dois anos de apoio que deu ao ex-presidente do Senado. “Quem não está permitindo a sabatina é o Davi Alcolumbre. Teve tudo o que foi possível durante os dois anos comigo e de repente ele não quer o André Mendonça. Quem pode não querer é o plenário do Senado, não é ele. Ele pode votar contra, agora o que ele está fazendo não se faz. A indicação é minha”, disse Bolsonaro no domingo.

André Mendonça é visto como o “terrivelmente evangélico” ideal por Malafaia e outros. Ele é pastor presbiteriano. Em abril, Mendonça valeu-se da bíblia, no STF, para defender decisão política de Bolsonaro de abrir templos religiosos mesmo com a escalada da pandemia. O pastor utilizou a retórica cristã para defender a abertura irrestrita de igrejas, mesmo com o avanço das mortes por covid-19 no país.

- Pauta da Câmara preocupa governistas, apesar de semana mais curta

O feriado de 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, na terça-feira, deve esvaziar a semana política em Brasília. Ainda assim, é aguardada a definição de uma data para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, compareça à Câmara onde será cobrado por explicações sobre a empresa offshore que tem no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. A convocação de Guedes foi aprovada por um largo placar de 310 votos favoráveis contra 142.

A data dessa convocação, no entanto, segue pendente e cabe ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), marcá-la. Caso não compareça, o ministro comete crime de responsabilidade.

Ainda na Câmara, há a possibilidade de o ministro do Desenvolvimento, Rogério Marinho, ir à Comissão de Fiscalização e Controle dar explicações sobre o chamado Orçamento Secreto, as emendas de relator do tipo RP9.

Na semana passada, as emendas do Orçamento secreto sofreram reveses: o Tribunal de Contas da União (TCU) cancelou uma compra de tratores que seria feita pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) com dinheiro das emendas RP9, e o controlador geral da União, Wagner do Rosário, admitiu que o Orçamento secreto está sob investigação.

Enquanto isso, embora ainda não tenha divulgado a agenda do plenário, a expectativa é de que o presidente coloque para votação do plenário o projeto que altera a cobrança do ICMS para combustíveis. Esse é, pelo menos, o desejo de Lira. A proposta é para que o valor do imposto passe a ser calculado a partir da variação do preço dos combustíveis nos dois anos anteriores. Arthur Lira estima que a mudança já possa produzir uma redução de 8% no preço da gasolina, de 7% no preço do álcool e 3,7% no valor do óleo diesel.

Também é aguardada a leitura do relatório do deputado Marcelo Aro (PP-MG) para a MP que cria o Auxílio Brasil, o projeto de ajuda social do governo Bolsonaro que substituirá o Bolsa Família. O Palácio tem feito malabarismos para reajustar o valor do benefício, visto como estratégico para alavancar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro.

- PEC que muda composição do CNMP aumenta poder de Augusto Aras

A possibilidade de promover mudanças significativas na estrutura do Ministério Público Federal (MPF) é o centro do debate na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 5/2021, que foi retirada de pauta na última quinta-feira (7). O texto, apontam especialistas, pode promover uma interferência política inédita no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), órgão de cúpula do MP, e de estruturas estaduais na principal autoridade acusatória do país.

Um trecho do parecer do relator, Paulo Magalhães (PSD-BA), concentra poderes na mão do cargo de procurador-geral, autoridade que, apesar de possuir carreira no MP, é indicado politicamente.

O texto sugere que a composição de cada conselho passe a ter um terço dos representantes eleitos para mandato de dois anos, escolhido dentre integrantes de cada nível, entrância ou categoria da carreira, e outros dois terços escolhidos diretamente pelo procurador-geral, dentre os integrantes do último nível da carreira.

Isso poderia garantir a maioria necessária para que procuradores-gerais evitassem rebeliões nos conselhos que comandam - mas poderia também garantir a maioria necessária para barrar propostas com as quais não concordem. Caso incluído na Constituição, o texto mexerá no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Isso permitiria a Augusto Aras, o atual procurador-geral da República, a manter controle direto sobre oito das 12 cadeiras do Conselho, responsável por punir e regulamentar a atividade nacional do órgão.

Leia a íntegra do parecer de Paulo Magalhães:

A PEC, que foi aprovada em comissão especial em julho, mas que teve novo relatório apresentado pouco antes de ir a Plenário, foi duramente criticada por membros do MP, que enxergam na matéria uma oportunidade da classe política de ferir de morte o poder investigador contra eles próprios. Em nota, subprocuradores da República atacaram a proposta como capaz de ocasionar "a destruição do modelo de Ministério Público como consagrado pela Constituição de 1988, notadamente com a debilitação da independência funcional, que permite a seus membros não se sujeitarem a pressões, interesses políticos e outras injunções". Os subprocuradores ainda dizem que a proposta interfere na atividade-fim do órgão.

O promotor Roberto Livianu, que dirige o Instituto Não Aceito Corrupção e que é procurador do Ministério Público em São Paulo, disse que a proposta faz voltar ao coronelismo que marcou o atraso de desenvolvimento no Brasil. "Esse modelo da PEC 5 é o modelo dos coronéis. Ele colocaria o Brasil no pior padrão, dos países mais desorganizados da África, em termos de combate à corrupção", disse, comparando a situação ao retratado na novela "Saramandaia", exibida em 1976 e que é uma alegoria das antigas oligarquias que comandaram o país.

Livianu também reclama que a proposta original não tratava de mudanças tão drásticas assim. "O relatório não é condizente com a proposição inicial, de aumentar o número inicial de indicados pelo Congresso no CNMP", argumentou.

O texto foi retirado de pauta, e não deve voltar antes de mudanças serem realizadas no parecer do relator. Segundo uma liderança partidária, ouvida de maneira reservada pela reportagem, o texto foi considerado como "muito ruim" pelas lideranças, e só deve ir à votação após grandes mudanças em seu escopo.

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Filhos de Bolsonaro devem constar em relatório final da CPI da Covid

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o documento usará informações de 16 depoimentos prestados à Polícia Federal para tentar indiciar também outras personalidades apoiadoras do presidente que integram o "gabinete do ódio".Otávio Fakhoury Luciano Hangem contrapartida, devem constar como supostos financiadores. Já o assessor da presidência Filipe Martins, como responsável por encabeçar as estratégias dos conteúdos e as deputadas Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF) por compartilharem as publicações em seus perfis, algumas delas já apagadas de suas redes sociais.

O relatório final da comissão também encontrou uma maneira de driblar a Procuradoria Geral da União (PGR) caso o procurador-geral Augusto Aras se recuse a deixar que as denúncias contra o presidente Jair Bolsonaro cheguem ao Supremo Tribunal Federal (STF). A informação é do jornal O Globo.

De acordo com a Constituição, o PGR tem 30 dias para dar encaminhamento ao relatório final da CPI, que será entregue a ele dia 21 de outubro. Se arquivado o relatório, entidades de direito privado, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entrarão com ações diretamente no Supremo em nome das vítimas da covid-19 no país.

“Em caso de eventual desídia do Ministério Público, a parte legítima da ação, ou seja, o público ou  parentes de vítimas, tem a possibilidade de ofertar uma ação direta privada ao STF”, afirma o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

O documento final será entregue no próximo dia 19 de outubro e votado pelos membros da CPI no dia 20. Na mesma data será inaugurado um memorial às vítimas que ficará localizado no espelho d'água em frente ao Congresso Nacional.

 - Defesa de João Lopes nega ameaças contra “Capitã Cloroquina”

Em nota elaborada por sua representação jurídica, o chefe de gabinete do Ministério da Saúde, João Lopes de Araújo Júnior, nega ter feito ameaças à secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Mayra Pinheiro, funcionária do ministério conhecida como ‘Capitã Cloroquina’. O assessor de gabinete acrescenta que fará denúncia às autoridades competentes por comunicação falsa de crime, falsidade ideológica e denunciação caluniosa.

O assessor nega que exista conflito entre os servidores do Ministério da Saúde. “O Ministério da Saúde deve ser visto como uno e sua equipe nunca esteve tão unida quanto este momento em prol da proteção da vida nacional e da saúde de todos”, declara. Acrescenta afirmando que a relação entre João Lopes e Mayra Pinheiro sempre foi fraternal, e que conflitos fazem parte do ofício dentro do Ministério.

A expressão “cuidado, você vai ter a mão de Deus sobre você. Prepare-se”, presente nas mensagens da conversa vazada entre o assessor e a secretária, de acordo com sua defesa, não possui caráter de ameaça. “É um jargão religioso utilizado no âmbito da instituição evangélica frequentada por ambos e até alguns dias atrás, de modo conjunto”, afirma.

As falas em tom acusatório contra Mayra Pinheiro foram, de acordo com a defesa, proferidas a fim de cumprir o dever enquanto chefe de gabinete. “O Sr. João Lopes, (...) sempre velará pela integridade de toda a equipe do Ministério da Saúde e continuará defendendo os interesses do Ministro pelo contínuo progresso da saúde de nosso país, pois, caso assim não o seja, o próprio João Lopes pode acabar cometendo crime de prevaricação por omissão”, declara.

Confira a seguir a nota na íntegra:

Entenda o caso

Mensagens vazadas na última sexta-feira (8) pelo portal G1 entre Mayra Pinheiro e João Lopes revelaram um provável conflito entre os dois. Sem que houvesse revelação do que tenha iniciado a discussão, o chefe de gabinete acusou Mayra Pinheiro de conspirar contra o ministro da saúde Marcelo Queiroga, bem contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. No fim das acusações, Mayra Pinheiro afirmou que denunciaria o assessor na Polícia Federal, e que este responderia criminalmente por todas as suas declarações.

- Denúncia sobre proxalutamida é das mais graves da história da América Latina, diz Unesco

Teste com medicamento teve 200 mortes no Amazonas

A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) considera a denúncia de 200 mortes de voluntários de pesquisa clínica com a proxalutamida feita no Amazonas (Brasil) uma violação aos direitos humanos e uma das infrações éticas mais graves e sérias da história da América Latina.

A declaração foi divulgada neste sábado (9) por meio da Rede Latino-americana e Caribenha de Bioética (Redbioética-Unesco) e se refere à denúncia feita pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) à Procuradoria-Geral da República no mês passado. A entidade é responsável por regular a participação de seres humanos em pesquisas científicas no Brasil.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já defendeu o uso da substância no combate à infecção pelo coronavírus, mas o medicamento não teve eficácia comprovada contra a Covid-19. O uso da substância em pesquisas científicas também foi vetado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no início do mês passado.

Segundo o comunicado da rede de bioética da Unesco, a denúncia da Conep inclui graves violações dos padrões éticos de pesquisa nas diversas etapas do estudo com a proxalutamida.

“É ética e legalmente repreensível, conforme consta do ofício da Conep, que os pesquisadores ocultem e alterem indevidamente informações sobre os centros de pesquisa, participantes, número de voluntários e critérios de inclusão, pacientes falecidos, entre outros.”

“Qualquer alteração em um protocolo de pesquisa deve ser aprovada pelo sistema de ética em pesquisa local”, diz o comunicado.

O estudo clínico no Amazonas foi realizado, segundo a Conep, sob a liderança do endocrinologista Flávio Cadegiani e patrocinado pela rede de hospitais privada Samel.

A proxalutamida consiste em um bloqueador de hormônios masculinos ainda em desenvolvimento pela farmacêutica chinesa Kintour. Antes de ser testada para Covid, a substância era estudada para tumores de mama e próstata.

Para a rede de bioética da Unesco, é igualmente condenável a denúncia de que os pesquisadores, apesar de terem conhecimento dos sucessivos óbitos e dos eventos adversos graves, continuassem com o recrutamento e a execução dos estudos.

Também é considerado gravíssimo, segundo a Unesco, a suspeita de que o comitê científico da pesquisa tenha sido coordenado por pessoas vinculadas aos patrocinadores do estudo, o que configuraria um claro conflito de interesses.

Um comitê independente é uma exigência para a realização de ensaios clínicos e tem a função de supervisionar as condições éticas e de segurança na pesquisa.

“É urgente que, em caso de irregularidades comprovadas, todos os atores sejam responsabilizados, não só de forma ética mas também legalmente, incluindo as equipes de investigação, as instituições e patrocinadores responsáveis, nacionais e estrangeiros.

A organização pede ainda que a comunidade científica nacional e internacional se una para monitorar, divulgar e acompanhar a denúncia da Conep. “É urgente identificar as causas das mortes ocorridas durante os estudos. É inaceitável que esses tipos de eventos, se verificados, estejam acontecendo no ano de 2021.”

Para a Unesco, “nenhuma emergência sanitária, ou contexto político ou econômico, justifica fatos como esses apresentados na denúncia da Conep.

“Acreditamos que o maior interesse deve ser colocado no acompanhamento desta pesquisa, dando suporte ao sistema de revisão ética brasileiro e, principalmente, aos participantes da pesquisa brasileira, bem como aos familiares dos falecidos.”

No relatório encaminhado à PGR, a Conep concluiu que os responsáveis pela pesquisa desrespeitaram quase todo o protocolo aprovado pela comissão em 27 de janeiro.

Houve autorização para a realização da pesquisa com 294 voluntários em Brasília. No entanto, segundo a comissão, o protocolo começou a aplicado no Amazonas em fevereiro sem autorização. No total de 645 pessoas.

O perfil dos voluntários mortos também era incompatível com o perfil clínico dos pacientes registrados na pesquisa. A proxalutamida deveria ter sido administrada em pacientes leves e moderados de Covid, mas os resultados indicaram que os óbitos foram atribuídos a insuficiência renal ou hepática, características de pacientes muito graves.

- Bolsonaro chega à disputa de 2022 com a maior carga eleitoral negativa desde a redemocratização

Índice dos que dizem não votar nele de jeito nenhum é de 59%, 15 pontos percentuais a mais do que em sua eleição, em 2018

A análise das pesquisas de intenção de voto realizadas pelo Datafolha nas oito eleições presidenciais ocorridas desde a redemocratização mostra que Jair Bolsonaro (sem partido) entra na disputa de 2022 com a maior carga eleitoral negativa da história.

O total do eleitorado que declara hoje que não votaria de jeito nenhum a favor da sua reeleição é de 59%, 21 pontos percentuais a mais do que seu principal adversário até agora na disputa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —com 38%.

A atual rejeição a Bolsonaro é, disparada, a maior medida pelo Datafolha na comparação com a dos presidentes que foram eleitos nas oito disputas anteriores, incluindo ele próprio em 2018.

Nunca o eleito, de 1989 a 2014, teve mais do que cerca de um terço do eleitorado declarando não votar nele de jeito nenhum.

Bolsonaro já havia batido esse recorde em 2018. Ele chegou à reta final da campanha com 44% de rejeição, mas conseguiu a vitória no segundo turno. Seu principal oponente, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), também amargava um índice negativo similar, 41%.

No segundo turno, Bolsonaro obteve 55,13% dos votos válidos, contra 44,87% de Haddad.

Se matematicamente a reeleição de Bolsonaro não ocorreria se a eleição fosse hoje, como mostra o Datafolha, resta a tentativa de mudança desse cenário nos 12 meses que ainda faltam para a disputa.

Também aí o histórico é majoritariamente desanimador para as pretensões do mandatário, embora em 2018 Bolsonaro tenha sido eleito sem contar com vários dos mecanismos até então imprescindíveis para uma eleição —partido, palanques regionais, tempo de propaganda na TV e rádio, marqueteiro e cofre de campanha robustos.

De 1989 —quando Fernando Collor foi o primeiro presidente eleito pelo voto direto após o fim da ditadura militar (1964-1985)— a 2018, só dois candidatos conseguiram reduzir de forma significativa, em torno de 10 pontos percentuais, a rejeição alta que tinham no início.

Foram eles Ulysses Guimarães (MDB) e Paulo Maluf (PDS), em 1989, mas isso de nada adiantou. O chamado "Senhor Diretas", apelido alusivo à sua fundamental participação na campanha Diretas Já, e o principal político vinculado à época à ditadura ficaram em sétimo e quinto lugares, respectivamente.

Apesar desse retrospecto, o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, afirma que essa alta e inédita rejeição tem como ser revertida, especialmente se houver uma percepção de melhora de vida entre os mais pobres.

"É um segmento numeroso, responsável numérico pela vitória de Bolsonaro em 2018, mas que foi abandonando essa opção e voltando para Lula ao longo da pandemia e das posturas do presidente. Esses eleitores são os mais pragmáticos. Se chegar algum dinheiro no bolso e comida na mesa, podem voltar a simpatizar com Bolsonaro", afirma Paulino.

O diretor do Datafolha lembra que por ora Lula está "muito tranquilo e confortável" por não sofrer grandes contraposições, mas mantém uma rejeição alta e consolidada (38%), devendo perder pontos quando a campanha se aproximar e os ataques dos adversários tomarem força,

A campanha eleitoral oficial só começa em meados de agosto do ano que vem, mas, na prática, já está a todo vapor no meio político. O primeiro turno das eleições ocorrerá em 2 de outubro de 2022.

De acordo com a última pesquisa do Datafolha, realizada nos dias 13, 14 e 15 de setembro, Lula estava na liderança da disputa, com 42% a 46% das intenções de voto, dependendo do cenário pesquisado, com Bolsonaro marcando 25%/26%, em segundo lugar. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

"Bolsonaro tem um caminho difícil pela frente e conta apenas com o exército das fake news e com o poder do Estado. Terá que mudar muito o comportamento e adotar medidas econômicas populares para reverter o quadro negativo atual", acrescenta Mauro Paulino.

De acordo com ele, uma possível terceira via precisaria de um posicionamento claro contra Lula e Bolsonaro que chegue à população mais pobre de forma convincente.

"Para isso precisa de um líder que concorra com o poder de comunicação e carisma que Lula e Bolsonaro demonstram diante de seus seguidores. O brasileiro vota pela emoção, preponderantemente. É preciso aplicar a linguagem popular sem parecer falso. Não vejo ninguém com esse convencimento natural entre os nomes colocados."

Márcia Cavallari, CEO do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), diz que o fato de Lula e Bolsonaro serem muito conhecidos torna muito mais difícil mudar a rejeição, porque ela é mais consolidada.

Ela ressalta que nas disputas estaduais e municipais essas oscilações são muito mais frequentes.

"Não é raro vermos governantes diminuindo a sua rejeição ao longo da campanha para governador e prefeito. Durante a campanha eleitoral, com a comunicação, eles conseguem mostrar as suas obras, as medidas adotadas, e com isso a rejeição diminui", afirma. "Nas eleições para prefeito de 2020 tivemos vários que diminuíram rejeição e melhoraram a avaliação ao longo da campanha e acabaram reeleitos."

Em junho, o Ipec pesquisou o potencial de voto e rejeição para cada possível candidato à Presidência em 2022, individualmente. Bolsonaro tinha 33% de potencial de voto (22% disseram que votariam nele com certeza e 11%, que poderiam votar) e 62% de rejeição.

Lula tinha um cenário inverso —61% de potencial de voto (48% com certeza e 13% dizendo que poderiam votar) e 36% de rejeição.

Em 1989, Collor, o então desconhecido governador de Alagoas, começou com uma rejeição baixíssima, de 11%, mas chegou às urnas com 30%. Mesmo assim conseguiu derrotar Lula no segundo turno.

Nas demais eleições, a maior rejeição numérica de um presidente eleito antes de Bolsonaro foi de Dilma em 2014, que chegou à reta final com 33% dos eleitores declarando que não votariam para sua reeleição de jeito nenhum.

Veja a rejeição durante a campanha dos presidentes eleitos

  • 1989 - Fernando Collor (PRN) - 11% a 30% (de junho a novembro de 1989)
  • 1994 - FHC (PSDB) - 12% a 17% (maio a setembro de 1994)
  • 1998 - FHC (PSDB) - 25% a 21% (março a setembro de 1998)
  • 2002 - Lula (PT) - 30% a 29% (nov.2001 a set.2002)
  • 2006 - Lula (PT) - 30% (out.2005 a set.2006)
  • 2010 - Dilma (PT) - 21% a 27% (dez.2009 a set.2010)
  • 2014 - Dilma (PT) - 27% a 33% (out.2013 a set.2014)
  • 2018 - Bolsonaro (PSL) - 33% a 44% (set.2017 a out.2018)

- TSE abre testes de sistema de segurança das urnas eletrônicas

Grupo formado por 39 especialistas irá se aprofundar no código-fonte das urnas e apresentar plano de ataque ao sistema eleitoral com o objetivo de indicar melhorias

Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abre nesta segunda-feira (11) a edição de 2021 do Teste Público de Segurança (TPS) do Sistema Eletrônico de Votação. Essa é mais uma rodada de testes para garantir a segurança das urnas nas eleições do próximo ano.

O assunto esteve no centro das discussões e conflitos recentes entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso.

A etapa atual de testes, iniciada na semana semana passada, começou com a abertura dos códigos-fonte dos sistemas eleitorais.

A partir de agora, 39 especialistas inscritos vão se aprofundar no código-fonte para apresentar um plano de ataque ao sistema eleitoral. O objetivo é testar e encontrar eventuais vulnerabilidades no sistema de votação brasileiro para “fortalecer a confiabilidade, transparência e segurança” do processo eleitoral, segundo o TSE.

O grupo de especialistas é formado por profissionais de Tecnologia da Informação (TI) e da segurança pública. Os participantes incluem desde acadêmicos a integrantes de órgãos públicos.

O TSE afirma que há 25 anos, desde que o sistema de votação eletrônico foi implementado no Brasil, nenhum tipo de fraude foi constatada. Desde 2009, é realizado o procedimento de teste das urnas com um ano de antecedência das eleições.

- “Não conseguirão criar intriga entre mim e Arthur Lira”, diz Marcelo Ramos

O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou nesta 2ª feira (11.out.2021) que se mantém leal e respeitando a atuação de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. Segundo o deputado, não há “afastamento do dever de lealdade” ao atuar como substituto na Câmara.

“Não conseguirão criar intrigas entre mim e o presidente Arthur Lira. É ele o legitimado pelos deputados para gerir a Câmara. Como vice, quando em substituição, jamais me afastarei do dever de lealdade com as orientações do presidente. Além disso, há entre nós uma amizade fraterna”, disse Ramos.

O deputado afirmou ainda que seu mandato é independente e crítico ao governo Bolsonaro. “Exerço meu mandato de forma independente e crítica ao governo e assim seguirei. No exercício da presidência estarei sempre vinculado às orientações dos líderes, da Mesa e do presidente”, disse.

- Fachin cobra de Aras processo que está há mais de 5 meses parado na PGR

O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), cobrou do procurador-geral da República, Augusto Aras, que devolva para a Corte um processo que está nas mãos dele há mais de 5 meses. Na última quinta-feira, Fachin escreveu que o tribunal disponibilizou vista do processo à PGR (Procuradoria-Geral da República) em 29 de abril. "Desde então, os autos não retornaram conclusos ao gabinete para deliberação".

Fachin alegou que precisa ser respeitado o "valor constitucional da duração razoável do processo". Também lembrou que as causas criminais detêm a prioridade de julgamento, segundo o Regimento Interno do STF. Diante disso, o ministro pediu para que Aras seja oficiado imediatamente para entregar logo um parecer sobre o processo.

O caso chegou ao Supremo em outubro de 2016. Trata da delação premiada celebrada entra a PGR e Rodrigo Ferreira Lopes da Silva. O colaborador teria se envolvido na prática de crimes relacionados à licitação, contratação e execução de obras para construção das ferrovias Norte-Sul, Integração Oeste-Leste, na qualidade de representante da empresa Andrade Gutierrez Engenharia S/A.

Neste ano, têm sido comuns as cobranças de ministro do Supremo em relação a Aras. Antes do caso mais recente, os ministro Rosa Weber, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes se aborreceram com o procurador-geral. Primeiro, Rosa Weber rejeitou pedido da PGR para aguardar a conclusão da CPI da Covid antes de decidir sobre possível investigação contra Bolsonaro por prevaricação. A ministra criticou a atitude da PGR e disse que o órgão não pode ser mero "espectador das ações dos Poderes da República".

Depois, Cármen Lúcia cobrou um posicionamento de Aras sobre fato que considerou grave: o uso de TV pública por parte do presidente para atacar a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro.

Por fim, Aras não apresentou no prazo determinado por Alexandre de Moraes um parecer sobre a prisão do presidente do PTB, Roberto Jefferson. O ministro divulgou nota ressaltando a falha da PGR.

- Guedes viaja a Washington para participar de reunião do FMI e do Banco Mundial

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, embarcou na manhã desta 2ª feira (11.out.2021) aos Estados Unidos. Vai para Washington, capital do país. Participará da reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial.

 

Guedes terá reuniões com ministros e presidentes de bancos centrais do G20, que reúne as maiores economias do globo. A previsão é de retorno ao Brasil na 5ª feira (14.out).

 

A viagem do ministro é realizada no momento em que ele é pressionado por congressistas a explicar a offshore que mantém em paraíso fiscal, mas a data do depoimento não foi definida.

 

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deve tomar uma decisão na 3ª feira (12.out), quando chega a Brasília depois de viagem à Itália. A ida de Guedes à Casa pode ficar para a 2ª quinzena de outubro.

 

Guedes tem uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe, com US$ 9,5 milhões (cerca de R$ 50 milhões). A cifra foi revelada em reportagem do Poder360 e do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos).

 

O ministro alega que a empresa foi declarada à Receita Federal e às autoridades competentes quando entrou no governo Bolsonaro. Argumenta que não enviou e nem trouxe recurso do exterior nos últimos anos.

 

A gestora da offshore divulgou na 6ª feira (8.out.2021) um documento em que informa que o economista deixou o quadro de diretores da firma em dezembro de 2018. Ainda não foi explicado:

 

  1. se Guedes continuou como sócio;
  2. se a filha e/ou a mulher (ambas no comando da offshore) do ministro fizeram investimentos depois de ele assumir o cargo mais importante da economia do país.

- Bolsonaro passeia de moto e volta a provocar aglomeração no Guarujá (SP)

O presidente Jair Bolsonaro fez nesta 2ª feira (11.out.2021) passeio de moto pelo Guarujá (SP), onde cumprimentou apoiadores que se aglomeraram para vê-lo. Sem máscara, o chefe do Executivo conversou e tirou fotos com grupos apoiadores.

Bolsonaro chegou à cidade na 6ª feira (8.out) e está hospedado no Forte dos Andradas. Em conversa com a imprensa no domingo (10.out), o presidente negou que estivesse de “férias” e afirmou que o objetivo da viagem era “dar uma arejada na cabeça”. O chefe do Executivo não tem compromissos oficiais previstos até 3ª feira (12.out).

Estou aqui, não é férias, né, a gente sempre está fazendo alguma coisa. É para dar uma refrigerada, uma arejada na cabeça”, disse no domingo. Bolsonaro também afirmou que costuma andar por locais públicos para “conversar com as pessoas” e ouvir quais são os problemas do povo.

O pessoal reclama [do] preço de combustíveis, preço de alimentos, energia, absorventes também está na moda. A gente conversa com o povo. Não tenho problema de conversar com eles, ouvir críticas, elogios, faz parte da minha atividade”, declarou.

Em Peruíbe no sábado (9.out), Bolsonaro também causou aglomeração quando parou para comer um pastel e tomar caldo de cana em uma banca. Depois, ele almoçou em um restaurante. A prefeitura da cidade multou o chefe do Executivo por não usar máscara.

Acompanham o presidente na viagem o deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ), o filho Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e a filha Laura, de 10 anos, além de assessores da Presidência.

Fonte: UOL - Poder360