Jane Nogara - Vatican News
No encontro com os jovens, o último compromisso do Papa Francisco neste seu terceiro dia de Viagem, o Papa foi recebido por milhares de jovens no Estádio Lokomotiva em Košice. Suas palavras foram respostas a perguntas dos jovens. O Papa respondeu às perguntas feitas por eles, iniciando com o amor no casal, afirmando que “o amor é o maior sonho da vida, mas custa”. E explicou aos jovens: “O amor não é ter tudo e súbito, não obedece à lógica do usa e lança fora. O amor é fidelidade, dom, responsabilidade”.
“Hoje a verdadeira originalidade, a verdadeira revolução é rebelar-se contra a cultura do provisório, é ir além do instinto e do instante, é amar por toda a vida e com todo o próprio ser”
Depois de recordar que nas grandes histórias sempre estão presentes o amor, a aventura e o heroísmo afirmou: “Para tornar grande a vida, precisamos de ambos: amor e heroísmo. Fixemos Jesus, contemplemos o Crucifixo: estão presentes os dois, um amor sem limites e a coragem de dar a vida até ao fim, sem meias medidas".
E o Papa sugere aos jovens:
“Sonhem uma beleza que vá para além da aparência, para além das tendências da moda. Sem medo, sonhem formar uma família, gerar e educar filhos, passar uma vida inteira partilhando tudo com outra pessoa, sem sentir vergonha das próprias fragilidades, porque existe ele, ou ela, que as acolhe e ama, que te ama tal como és”
Em seguida adverte os jovens sobre os que vendem ilusões como bens de consumo considerando-os “manipuladores de felicidade”. “Não se vive sentado no banco de suplentes, à espera de substituir qualquer outro. Não! Cada um é único aos olhos de Deus. Não se deixem ‘homogeneizar’: não somos feitos em série, somos únicos e livres, e estamos no mundo para viver uma história de amor com Deus, para ter a ousadia de decisões grandes, para nos aventurarmos no risco maravilhoso de amar”.
E Francisco dá outro conselho: “Para que o amor dê fruto, não esqueçam de suas raízes. Quais são as suas raízes? Os pais e sobretudo os avós: eles prepararam o terreno para vocês. Reguem suas raízes, vão ao encontro de seus avós: fará muito bem a vocês. Façam perguntas a eles, reservem tempo para ouvir as suas histórias. Hoje há o perigo de crescer desenraizados”. Mais uma vez o Papa alerta os jovens ao falar do mundo virtual em que muitos vivem:
“Desligar-nos da vida real, fantasiar no vazio, não faz bem; é uma tentação do maligno. Deus quer-nos bem assentes na terra, ligados à vida; nunca fechados, mas sempre abertos a todos”
Assim como alerta para o pensamento de que “cada um só pensa em si mesmo”, advertindo sobre o perigo do pessimismo, negatividade que são provenientes dos profissionais de lamentações: “Não deem ouvidos a eles, porque a lamentação e o pessimismo não são cristãos; o Senhor detesta a tristeza e o fazer-se de vítima. Não fomos feitos para fixar a face na terra, mas para levantar o olhar ao céu”.
E respondendo a outra pergunta sobre o que fazer quando nos sentimos tristes Francisco sugere, a Confissão. “Mas – pergunto a vocês – são verdadeiramente os pecados o centro da Confissão?”. “Não vamos confessar-nos como pessoas castigadas que se devem humilhar, mas como filhos que correm para receber o abraço do Pai. E o Pai levanta-nos em qualquer situação, perdoa-nos todos os pecados”. E também recorda que “é importante que os padres sejam misericordiosos. Nunca curiosos, nunca inquisidores, por favor, mas irmãos que dão o perdão do Pai”.
Francisco responde ainda a mais uma dúvida dos jovens: “Não consigo perdoar-me, pelo que nem sequer Deus poderá perdoar-me, pois cairei sempre nos mesmos pecados. Ouça! Mas Deus, quando é que Se ofende? Quando vamos pedir Seu perdão? Não! Nunca Se ofende… Deus sofre quando pensamos que Ele não pode perdoar-nos, pois é como se disséssemos a Ele: ‘És fraco no amor’. Ao contrário, Deus alegra-Se em nos perdoar, todas as vezes”.
Por fim a pergunta sobre como encorajar os jovens para não terem medo de abraçar a cruz. “Abraçar – afirma o Papa - é um verbo significativo. Abraçar ajuda a vencer o medo. Quando somos abraçados, readquirimos confiança em nós mesmos e na vida. Então deixemo-nos abraçar por Jesus, pois, quando abraçamos Jesus, reabraçamos a esperança. A cruz, não se pode abraçar por si só; o sofrimento não salva ninguém. É o amor que transforma o sofrimento. Portanto, é com Jesus que se abraça a cruz; nunca sozinho! Se se abraça Jesus, renasce a alegria. E a alegria de Jesus, no sofrimento, transforma-se em paz”.
O Papa Francisco encontrou-se com a Comunidade Cigana, no bairro Luník IX, em Košice, na Eslováquia, na tarde de terça-feira (14/09).
"Na Igreja, ninguém deve se sentir estranho nem marginalizado. E não se trata apenas dum modo de dizer, mas é o modo de ser da Igreja. Pois ser Igreja é viver como convocado por Deus, sentir-se eleito na vida, fazer parte da mesma equipe", disse Francisco no início de sua saudação.
"A Igreja é uma família de irmãos e irmãs com o mesmo Pai, que nos deu Jesus como irmão para compreendermos quanto Ele ame a fraternidade. E deseja que a humanidade inteira se torne uma família universal. Vocês nutrem um grande amor e respeito pela família, e olham a Igreja a partir desta experiência. Sim, a Igreja é casa, é casa de vocês. Sejam bem-vindos! Sintam-se sempre de casa na Igreja e nunca tenham medo de habitar nela. Que ninguém afaste vocês ou qualquer outra pessoa da Igreja", disse o Papa à Comunidade Cigana.
O Evangelho nos diz para «Não julgar». "O Evangelho não deve ser atenuado, não deve ser aguado". Jesus nos diz para não julgar, mas "quantas vezes não só falamos sem provas ou por ouvir dizer, mas consideramos também ter razão quando somos juízes implacáveis dos outros. Indulgentes conosco mesmos, inflexíveis com os outros. Quantas vezes os juízos não passam realmente de preconceitos, quantas vezes adjetivamos! Deste modo desfiguramos com as palavras a beleza dos filhos de Deus, que são nossos irmãos. Não se pode reduzir a realidade do outro aos próprios modelos pré-concebidos, não se pode rotular as pessoas. Antes de mais nada, para conhecê-los realmente, é preciso reconhecê-los: reconhecer que cada um traz em si a beleza incancelável de filho de Deus, no qual se espelha o Criador."
“Queridos irmãos e irmãs, muitas vezes vocês foram objeto de preconceitos e juízos cruéis, estereótipos discriminatórios, palavras e gestos difamatórios. Com isso, todos ficamos mais pobres, pobres em humanidade. O que precisamos para recuperar a dignidade é passar dos preconceitos ao diálogo, dos fechamentos à integração.”
"Juízos e preconceitos só aumentam as distâncias. Contrastes e palavras duras não ajudam. Colocar as pessoas em guetos não resolve nada. Quando se cultiva o fechamento, mais cedo ou mais tarde acaba por explodir a raiva", disse ainda Francisco, reiterando que "o caminho para uma convivência pacífica é a integração. É um processo orgânico, lento e vital, que começa com o conhecimento mútuo, prossegue com a paciência e estende o olhar para o futuro".
E a quem pertence o futuro? Às crianças. São elas que nos orientam: os seus grandes sonhos não podem esfacelar-se contra as nossas barreiras. Querem crescer juntas com os outros, sem obstáculos nem restrições. Merecem uma vida integrada e livre. São elas que motivam opções clarividentes; não buscam o consenso imediato, mas olham para o futuro de todos. Pelos filhos, tomam-se decisões corajosas: pela sua dignidade, pela sua educação, para crescerem bem enraizados nas suas origens, sem ao mesmo tempo lhes ser vedada qualquer possibilidade.
O Papa agradeceu às pessoas que "realizam este trabalho de integração que, além de exigir não pouca fadiga, por vezes é objeto também de incompreensão e ingratidão, até mesmo da Igreja". Agradeceu também aos sacerdotes, religiosos e leigos que dedicam o seu tempo oferecendo um desenvolvimento integral aos irmãos e irmãs, e "por todo trabalho com os marginalizados", refugiados e presos. "A estes, em particular, e a todas as pessoas no mundo carcerário expresso a minha proximidade", concluiu Francisco.
Fonte: Vatican News