Política

Ministros do STF estão preocupados com manifestações, mas descartam golpe





Entre os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), paira uma grande preocupação com as manifestações de Sete de Setembro. Ainda assim, não há temor em relação a eventual golpe ou ruptura institucional. O foco das atenções é a proporção que os protestos podem adquirir e como isso pode aumentar a polarização política no país.

A polarização hoje já é grande, provocada pelas constantes declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra o STF, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e seus respectivos ministros. O principal alvo era Luís Roberto Barroso, presidente do TSE. Agora, a mira mudou para Alexandre de Moraes, relator de várias investigações que correm contra o presidente no STF.

De um lado, o presidente ataca os ministros. De outro, os tribunais abrem inquéritos contra Bolsonaro. Esse cabo de guerra acabou enfraquecendo o Judiciário e fortalecendo Bolsonaro entre seus militantes mais fiéis. O presidente não deve fazer as pazes com os ministros dos tribunais, em troca de continuar recebendo o apoio de seus seguidores.

Depois do Sete de Setembro, o mais provável é que Bolsonaro se fortaleça para as eleições de 2022. E, em contrapartida, o STF fique enfraquecido perante a opinião pública. Isso geraria ainda mais ataques aos ministros e ao tribunal nas redes sociais.

Alguns ministros, como Barroso e o presidente do STF, Luiz Fux, têm diálogo constante com militares e setores do governo. Entre os interlocutores, estão o vice-presidente, o general Hamilton Mourão, e o ministro da Defesa, o também general Braga Netto. A avaliação é de que não há apoio suficiente para Bolsonaro para sustentar uma ruptura institucional - nem dos militares, nem do governo, nem do mercado, nem da maioria dos brasileiros.

Ainda que não haja terreno para golpe neste momento, ministros do STF temem que o discurso golpista seja fortalecido no Sete de Setembro, a depender do tamanho das manifestações. Seria como plantar uma semente. Com o STF enfraquecido e o discurso golpista em alta, a campanha de 2022 tem tudo para ser um barril de pólvora, com a democracia ameaçada de forma perene.

PF prende bolsonarista que revelou proposta por morte de Alexandre de Moraes

Márcio Giovani Nique, conhecido pelo apelido professor Marcinho, disse que um "empresário grande" teria oferecido prêmio em dinheiro pela cabeça do ministro do STF

O militante bolsonarista Márcio Giovani Nique, mais conhecido por professor Marcinho, foi preso de forma preventiva pela Polícia Federal no domingo (5/9), em Santa Catarina, por conta de ameaças de morte contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Durante uma recente transmissão ao vivo nas redes sociais, Márcio revelou a existência de um esquema criminoso que iria premiar com dinheiro quem conseguisse a cabeça do ministro.

"Não vou falar agora quem é, mas existe. Pode me torturar. Mas tem um empresário grande aí que está oferecendo. Tem até uma grana federal que vai sair o valor pela cabeça do Alexandre de Moraes, vivo ou morto, para quem trazer ele", afirmou Márcio.

O militante foi preso por determinação do próprio ministro, que conduz um inquérito no STF que apura a produção de notícias falsas e ofensas contra magistrados da Corte. O pedido da prisão foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Na mesma transmissão, Márcio disse que faz parte de um "grupamento" que tem como objetivo "caçar ministro, em qualquer lugar que eles estejam". "Portugal, Espanha, China. Onde eles estiverem, tem brasileiro sabendo já", destacou.

Segundo ele, Moraes não é o único com a cabeça a prêmio. "O Brasil demorou, mas aconteceu (sic). Agora, no Brasil, ministro do Supremo vai ser assim. Vai ter prêmio pela cabeça deles".

Márcio também fez ameaças ao Congresso Nacional e disse que o grupo criminoso iria "limpar" o parlamento. "Vai (limpar o Congresso). Todos. A maioria dos políticos do Brasil nós já temos uma ficha, um dossiê guardado. Cara que tem multa de trânsito, pedofilia. Vários processos tramitando nos tribunais", comentou.

"Político corrupto nós vamos começar a caçar. Cada um já tem um grupamento. Nós vamos caçar cada um no seu estado. Desde vereador a prefeito, o pau vai cantar parelho. Não vai ter mais molezinha", acrescentou.

Fonte: UOL - Correio Braziliense