Política

Senadores da CPI querem quebrar sigilo de mais empresas de dono da Precisa





Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentaram requerimentos na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado para quebrar os sigilos fiscal, bancário, telefônico e de mensagens da 6M Participações e da BSF – Bolsa e Futuro. As duas empresas têm como sócio o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Emerson Maximiano.

Na semana passada, o laboratório Bharat Biotech, fabricante da Covaxin, anunciou o rompimento do memorando de entendimento com a Precisa e a empresa Envixia Pharmaceuticals, que tem sede nos Emirados Árabes Unidos. O acordo tinha o objetivo de viabilizar a exportação e venda da vacina indiana para o Ministério da Saúde.

Internamente, o Bharat Biotech informou à Precisa que os motivos para a rescisão seriam o fato de a empresa brasileira ter se tornado alvo de investigações pela CPI da Covid, pela CGU (Controladoria-Geral da União), pelo MPF (Ministério Público Federal) e pela PF (Polícia Federal).

Relatório de Inteligência Financeira do Coaf (Comitê de Controle de Atividades Financeiras) sobre a Precisa enviado à CPI, a que o Poder360 teve acesso, mostra que a maior parte dos recursos movimentados pela farmacêutica no período de 17 de fevereiro a 14 de junho deste ano ocorreu entre contas da mesma titularidade e com a 6M e a BSF.

Os autores do requerimentos para quebrar os sigilos das duas empresas suspeitam que as movimentações, consideradas atípicas pelo Coaf, possam indicar suposta prática de lavagem de dinheiro.

Os documentos já à disposição desta Comissão indicam altos repasses financeiros da 6M Participações Ltda. para a Precisa Comercialização de Medicamentos Ltda, empresa que representava a Bharat Biotech no Brasil e sobre a qual recaem diversas suspeitas de ilícitos amplamente noticiadas. Esse contexto nebuloso que conecta sociedades empresárias de um mesmo sócio, com repasses significativos entre elas, indica a imprescindibilidade da transferência dos sigilos ora requisitados, de modo a averiguar os exatos termos das transações havidas entre as empresas e esclarecer os indícios de irregularidades vislumbrados por esta Comissão”, escreve Alessandro Vieira em seu pedido sobre a 6M.

Além de Francisco Maximiano, também é sócia da 6M sua mulher, Andrea Cecília Furtado Maximiano. 

O relatório do Coaf mostra que, no período de 29 de junho de 2017 a 4 de maio de 2020, uma das contas da empresa recebeu um total de R$ 14.171.432,00 em créditos, dos quais R$ 3.255.249,25 da Global Gestão em Saúde – outra sócia da Precisa – e R$ 1.799.700,00 da BSF.

No mesmo intervalo de tempo, foram R$ 14.544.014,00 em débitos, dos quais R$ 2.859.260,00 em transferências para contas de mesma titularidade, R$ 1.601.400,00 para a Precisa e R$ 1.161.600,00 para a BSF.

Os requerimentos, que devem ser avaliados no plenário da CPI na retomada dos trabalhos depois do recesso congressual, dão o tom do principal foco do grupo majoritário de senadores independentes e oposicionistas para os próximos 90 dias: “follow the money”, expressão em inglês que prega que investigações devem seguir a trilha do dinheiro.

Ainda nessa frente, integrantes da comissão e senadoras como Simone Tebet (MDB-MS) e Eliziane Gama (Cidadania-MA) se debruçam sobre suspeitas envolvendo aditivos sobre o contrato da operadora logística VTCLOG com o Ministério da Saúde. Essa deve ser outra prioridade da CPI na volta do recesso.

Poder360 pediu comentário à assessoria de imprensa da Precisa sobre os novos requerimentos de quebra de sigilos, mas não obteve retorno até o momento.

Fonte: Poder360