Em entrevista à CNN na noite desta quinta-feira (15), o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) disse não haver indícios de fraude nas eleições presidenciais de 2014, quando ele disputou e perdeu, no segundo turno, para a então presidente Dilma Rousseff (PT). O resultado foi contestado na época e os votos foram auditados pelo PSDB, que não encontrou provas de irregularidades.
O assunto voltou à tona após declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que as eleições de 2014 e de 2018 teriam sido fraudadas, sem apresentar provas.
À CNN, Aécio afirmou ainda que os crimes em 2014 são de outra natureza daquelas que o Bolsonaro diz terem ocorrido.
“Não tenho nenhum indício que aponte para fraudes naquela eleição. Os crimes ali cometidos foram de outra ordem. Era sobre a utilização sem limites da máquina pública, as fake news, o disparo ilegal de ‘zaps’ dando conta de que, eu eleito, terminaria com todos os programas sociais do governo, a utilização da Caixa, Correios, Banco do Brasil”, disse o deputado.
“Eu lamento que esse debate em relação ao aprimoramento do nosso processo de votação esteja hoje interditado, circunscrito a quem é a favor de Bolsonaro e a quem é contra. Eu não sou a favor de Bolsonaro, mas sou a favor de discutirmos com serenidade aprimoramentos no nosso processo de votação eletrônico.”
Adversário do Partido dos Trabalhadores e, agora, se colocando contra Bolsonaro, Aécio defende uma "terceira via", com a união de todos os partidos que não estão posicionados no atual espectro político de uma suposta polarização.
“Precisamos de uma terceira via que una todos os partidos fora da polarização e que possa impedir que essa eleição seja decida pelo não. Isso é muito pobre para um Brasil com tantos desafios.”
Aécio ainda destaca que o candidato da terceira via deve ser aquele melhor posicionado para vencer as eleições e não, necessariamente, um nome do PSDB. Ele criticou uma possível candidatura para a presidência em 2022 de João Doria.
“Adoraria ter um candidato do PSDB, mas se o candidato em melhor condições estiver fora do partido, temos que ter o desprendimento, a generosidade e o patriotismo de apoiar essa candidatura,” disse Aécio.
“A questão do governador de São Paulo nos levaria ao isolamento absoluto. Sequer o DEM, que foi nosso parceiro permanente desde a fundação do PSDB, estaria aliado a ele. Não quero que o PSDB se transforme em um partido nanico nas próximas eleições. Nós podemos até não vencer nestas eleições presidenciais, mas eu acredito que, depois dessa radicalização, o PSDB irá aparecer como o partido da reinstitucionalização da política.”
Questionado sobre a viabilidade de um processo de impeachment de Bolsonaro, Aécio diz esperar o término da CPI da Pandemia para então começar a pensar no assunto, mas ponderou ser preciso comprovação de crime de responsabilidade e mobilização popular para que o processo ganhe tração.
“Nós temos uma comissão que está investigando para que, no final da comissão, possa haver a compreensão do que ocorreu. Há dois ingredientes que precisam se encontrar para o afastamento do presidente da República. O crime de responsabilidade, claramente apontado, e mobilização popular. Acho que após o trabalho da CPI é que essa análise será feita.”
Fonte: CNN Brasil - Sinara Peixoto