Fonte: Andressa Collet - Vatican News
Saiu na primeira página da edição desta quinta-feira (1), do L’Osservatore Romano, a entrevista inédita com o Papa Francisco, um presente pelos 160 anos do jornal diário do Vaticano. Os leitores ainda foram contemplados com um editorial do diretor Andrea Monda e, até a próxima segunda-feira (5), com cinco suplementos especiais com artigos de editores dos principais jornais italianos e internacionais, inclusive da Folha de São Paulo.
As palavras do Pontífice foram extraídas de uma entrevista concedida ao diretor Francesco Zippel, que está produzindo um documentário dedicado ao aniversário do “jornal dos Papas”. Segundo a definição do próprio Francisco, um “jornal de rua”, ou seja, "um jornal que sabe ir pra fora, pelas ruas, para ver a história, tocar a história e refletir sobre a história. Aquela de hoje, aquela de ontem".
“Sei que a expressão é um pouco ambígua, mas gosto de chamar L'Osservatore Romano de ‘o jornal de partido’. Eu o leio todos os dias e, quando não sai no domingo, sinto falta de algo. Não apenas hoje. Mesmo na Argentina, a edição semanal em espanhol, eu lia toda porque sei que é um vínculo com a Santa Sé, com o magistério e com a vida da Igreja, com a história da Igreja.”
Um hábito que o Papa perpetua desde a Argentina, então, quando lia tudo “do começo ao fim. Porque eu precisava entender”. Atualmente, no Vaticano, segue o mesmo “protocolo”, “a menos que eu tenha algum interesse especial, procuro primeiro. Mas normalmente leio da primeira à última página e, quando termina, digo, 'que coisa, terminou'. Eu leio à noite”, revela o Pontífice.
Ao recordar Paulo VI, que definia o jornal como uma publicação “de formação”, o Papa Francisco insiste em citar a edição do L’Osservatore Romano dedicada ao Dia da Memória que “foi uma catequese”, sobretudo para os jovens de hoje que não viveram o período do nazismo e do sofrimento dos campos de concentração. Uma publicação para “formar as pessoas” com “elementos de recordação, de memória e históricos para olhar o mundo com essa chave. Portanto, sim, um jornal de formação”.
Além disso, acrescentou Francisco na entrevista, o jornal exerce a função de evangelização e também diplomática “para a difusão do magistério do Papa”. O Pontífice então fez referência a Pio XII que falou sobre todos os temas possíveis: “ele fez escola e ensinou a doutrina através do L'Osservatore Romano. Penso em Pio XII porque penso que tenha sido revolucionário nisso: o seu magistério foi difundido pela Igreja através do L'Osservatore Romano”.
E, ao projetar o seu “jornal de partido” no futuro, o Papa afirmou:
“Como será o L'Osservatore Romano daqui a 200 anos? Ainda não pensei nisso, ainda não me fiz a pergunta. Espero que seja sempre atual.”