Fonte: Jane Nogara – Vatican News
Na manhã desta segunda-feira (28/06) o Papa Francisco recebeu a Delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla por ocasião da Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo. Depois de agradecer as saudações do Metropolita Emmanuel de Calcedônia, chefe da Delegação, Francisco recordou aos presentes que a pandemia “foi uma prova que afetou a todos e a tudo. Mais grave do que esta crise é apenas a possibilidade de desperdiçá-la, sem aprender a lição que ela nos dá. É uma lição de humildade, que nos ensina a impossibilidade de viver de modo saudável em um mundo doente e de continuar como antes sem perceber o que estava errado”.
E questiona sobre a nossa atitude como cristãos diante desta situação. “Também nós – continua o Papa - somos seriamente chamados a nos perguntar se queremos voltar a fazer tudo como antes, como se nada tivesse acontecido, ou se queremos aceitar o desafio desta crise. A crise, como revelada pelo significado original da palavra, implica um julgamento, uma separação entre o que é bom e o que é ruim”. E completa:
“A crise nos pede, portanto, que façamos uma seleção, que discirnamos, que paremos e consideremos o que, de tudo o que fazemos, permanece e o que passa”
E o Papa afirma que como cristãos sabemos que o que nos resta para sempre é o amor! E explica: “Certamente não estamos falando de amor romântico, centrado em si mesmo (...) estamos falando de amor concreto, vivido no caminho de Jesus. É o amor pela semente que dá vida ao morrer na terra, que dá frutos ao quebrar. É o amor que ‘não busca seu próprio interesse", que "desculpa tudo, espera tudo, suporta tudo’. Em outras palavras”, continua, “o Evangelho assegura frutos abundantes não para os que acumulam para si mesmos, não para os que olham para seu próprio benefício, mas para os que compartilham abertamente com os outros, semeando com abundância e gratuitamente, em um humilde espírito de serviço”.
E o Papa sugere:
“Queridos irmãos e irmãs, não chegou o momento, com a ajuda do Espírito, de dar um novo impulso ao nosso caminho para abater velhos preconceitos e superar definitivamente as rivalidades prejudiciais?”. E segue questionando: “Sem ignorar as diferenças que terão de ser superadas através do diálogo, da caridade e da verdade, não poderemos inaugurar uma nova fase nas relações entre nossas Igrejas, caracterizada por caminhar mais juntas, por querer dar verdadeiros passos em frente, por nos sentirmos verdadeiramente co-responsáveis umas pelas outras?” E conclui:
“Se formos dóceis ao amor, o Espírito Santo que é o amor criativo de Deus e traz harmonia à diversidade, abrirá o caminho para uma fraternidade renovada”
Por fim Francisco recorda ainda que “o testemunho da crescente comunhão entre nós cristãos será também um sinal de esperança para muitos homens e mulheres, que se sentirão encorajados a promover uma fraternidade mais universal e uma reconciliação capaz de corrigir as injustiças do passado. Esta é a única maneira de abrir um futuro de paz”.
Na conclusão o Papa enviou suas saudações ao Patriarca Bartolomeu e recordou o encontro previsto para outubro deste ano no 30° aniversário da sua eleição. No Angelus de 29 de junho de 2020 o Papa tinha evidenciado a ausência do Patriarca:
"Segundo a tradição, nesta comemoração uma delegação do Patriarcado Ecum|enico de Constantinopla vem a Roma, mas este ano não foi possível por causa da pandemia. Por conseguinte, envio um abraço espiritual ao meu querido irmão Patriarca Bartolomeu, na esperança de podermos retomar o mais depressa possível as nossas visitas recíprocas".