Política

CPI ouve Fabio Wajngarten nesta quarta sobre 'incompetência' do Ministério da Saúde





Ex-secretário de Comunicação do Planalto é o quinto a prestar depoimento. Ele disse em entrevista que 'incompetência' do ministério atrasou compra de vacinas contra Covid.

A CPI da Covid do Senado ouve nesta quarta-feira (12), como testemunha, o empresário Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do Palácio do Planalto. 

Será o quinto dia de depoimentos da comissão parlamentar de inquérito, que apura ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia de Covid e eventual desvio de verbas federais enviadas a estados e municípios. 

Na condição de testemunha, o depoente se compromete a dizer a verdade, sob o risco de incorrer no crime de falso testemunho. 

Até agora, já prestaram depoimento os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich; o atual ministro, Marcelo Queiroga; e o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres (clique no nome para ler detalhes do depoimento). 

Fabio Wajngarten deixou a Secretaria de Comunicação do governo em março deste ano, após quase dois anos no cargo. 

Senadores querem que o empresário explique a declaração dada à revista "Veja" na qual disse que a "incompetência" do Ministério da Saúde causou atraso na compra de vacinas contra a Covid-19. 

A comissão foi criada para apurar ações e omissões do governo federal no combate à pandemia e para fiscalizar a aplicação de recursos federais por estados e municípios contra a Covid. 

'Incompetência' e campanhas

O depoimento de Wajngarten à CPI tem gerado apreensão entre governistas, segundo o colunista do G1 Gerson Camarotti. Isso porque a avaliação é a de que a fala sobre a "incompetência" do Ministério da Saúde colocou todo o governo como alvo da comissão. 

"Incompetência e ineficiência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando uma negociação que envolve cifras milionárias e do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é isso que acontece", declarou Wajngarten à revista. 

Autor de um dos requerimentos de convocação do ex-secretário do Planalto, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também destaca outro trecho da entrevista, no qual Wajngarten disse ter se reunido com representantes da Pfizer em Brasília. 

"[Wajngarten] informa possuir e-mails, registros telefônicos, cópias de minutas do contrato, dentre outras provas para confirmar sua afirmação", diz Randolfe. 

Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que também apresentou pedido de convocação do ex-secretário, vai cobrar esclarecimentos sobre a comunicação do governo em relação ao isolamento social, à vacinação e ao uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid. 

A falta de campanhas do governo durante a pandemia é alvo de críticas de especialistas e parlamentares. Para senadores da oposição, por exemplo, a disseminação do coronavírus no país poderia ter sido reduzida caso houvesse campanhas de estímulo ao distanciamento social; e ao uso de máscaras e álcool em gel. 

Senadores independentes e de oposição articulam a possibilidade de pedir aquebra do sigilo bancário de Wajngarten e também de assessores do Palácio do Planalto suspeitos de integrar o chamado "gabinete de ódio". 

Esse grupo seria responsável por disparar, de dentro da sede do governo Jair Bolsonaro, conteúdos falsos e ataques a adversários do presidente em redes sociais. 

Com a quebra de sigilo, os parlamentares querem saber se houve financiamento para a propagação de fake news sobre a Covid-19, como a divulgação de tratamentos cuja ineficácia é cientificamente comprovada.

Fonte: G1