Economia

Ibovespa salta mais de 1% e dólar cai a R$ 5,85 após recuo de Trump





Presidente dos EUA suspendeu temporariamente tarifas sobre importações de eletrônicos de alta tecnologia da CHina

dólar fechou em queda ante o real nesta segunda-feira (14), em linha a baixa da divisa norte-americana no exterior, à medida que os investidores continuam atentos a novas notícias sobre a política comercial dos Estados Unidos, que tem sido o maior fator de volatilidade nos mercados nas últimas semanas.

Enquanto isso, ativos globais e, sobretudo, ações do setor de tecnologia nos EUA subiram após Trump recuar no final de semana com algumas de suas tarifas.

Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subiu 1,39% no pregão, a 129.453,91 pontos.

Já o dólar à vista fechou em baixa de 0,3%, a R$ 5,852 na venda.

Na sexta-feira (11), o dólar à vista fechou em baixa de 0,49%, a R$ 5,8698. Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, teve forte alta de 1,05%, a 127.682,40 pontos.

Alívio global

Os mercados de ações globais subiram na segunda-feira após uma suspensão temporária de algumas tarifas sobre importações de eletrônicos de alta tecnologia, muitas das quais vêm da China, pelo governo Trump.

Na Ásia, o índice Hang Seng de Hong Kong subiu 2,4% e o Kospi da Coreia do Sul subiu 1% às 4h10 (horário do leste dos EUA). Na China continental, o Índice Composto de Xangai fechou em alta de 0,8%.

Na Europa, os mercados de ações também subiram após a abertura.

O Stoxx 600, índice de ações de referência da região, estava sendo negociado com alta de 2,48% às 10h50 (horário de Brasília), enquanto o índice DAX da Alemanha e o índice CAC da França subiam 2,72% e 2,32%, respectivamente.

O FTSE 100 de Londres subiu 1,85% no mesmo período.

Os principais índices de Wall Street também subiam nesta segunda, impulsionados por ganhos nas ações de tecnologia.

O Dow Jones fechou em alta de 0,76%. Enquanto isso, o S&P 500 subiu 0,79% e o Nasdaq Composite 0,58%.

Ações de tecnologia avançam

As ações globais de tecnologia subiam nesta segunda depois que os EUA isentaram produtos eletrônicos de suas tarifas recíprocas sobre a China, oferecendo algum alívio a um setor afetado pela incerteza da cadeia de oferta.

As ações das grandes empresas de tecnologia caíram nas últimas duas semanas, uma vez que as tarifas entre Washington e Pequim alimentaram temores de custos mais altos de componentes, menor demanda dos consumidores e os piores transtornos nas cadeias de oferta desde a pandemia da Covid-19.

As ações da Apple subiram 3,6% após terem caído 9,1% nas duas últimas semanas, uma vez que seu principal produto, o iPhone corre o risco de aumentos significativos de preços se as tarifas substanciais persistirem, alertaram analistas.

Outras empresas voltadas para o consumidor, incluindo as fabricantes de hardware de computador HP e Dell Technologies, registraram alta de 3,3% e 4,2%, respectivamente, enquanto a gigante de chips Nvidia ganhava 1,5% em uma recuperação ampla nas ações de semicondutores.

O alívio pode ser de curta duração, já que Trump prometeu no domingo (13) novas tarifas sobre semicondutores importados dentro de alguns dias, parte de seu esforço para retirar a fabricação da China, um importante mercado de tecnologia e centro de produção global.

Contexto internacional e agenda da semana

Os ganhos da moeda brasileira nesta sessão ocorriam na esteira das perdas amplas do dólar no exterior, com a divisa dos EUA recuando ante moedas fortes e pares do real, como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

Nos mercados emergentes, em particular, investidores demonstravam alívio com um novo recuo de Trump em seus planos tarifários, que tem gerado temores de uma guerra comercial global nas sessões desde seu anúncio do “Dia da Libertação”, em 2 de abril.

Trump, no entanto, sinalizou que planeja apresentar tarifas sobre chips semicondutores.

Os mercados também estão na expectativa com o início de negociaçõestarifárias bilaterais com os EUA, com conversas entre autoridades norte-americanas e japonesas agendadas para quinta-feira.

De forma geral, analistas temem que a imposição de tarifas de forma ampla possa reacender a inflação global e provocar uma recessão em diversos países, e o vaivém do governo Trump tem gerado ansiedade nos mercados e posto em dúvida a confiança na moeda norte-americana.

Como consequência do alívio tarifário, moedas de países emergentes ainda eram beneficiadas por preços de commodities mais altos, como minério de ferro e petróleo, em reflexo das isenções e de dados positivos sobre a economia chinesa.

Os impactos da guerra tarifária sobre a segunda maior economia do mundo têm sido um fator de preocupação em mercados emergentes devido a sua dependência da demanda chinesa sobre suas commodities.

“As exportações das economias sul-americanas para os EUA são relativamente pequenas, limitando o impacto direto das tarifas. A maioria, no entanto, está exposta à demanda chinesa e aos preços das commodities”, disseram analistas do Goldman Sachs em relatório.

Alguns investidores também pareciam estar se desfazendo de ativos dos EUA, conforme aumentam as preocupações de que o país possa ser o maior prejudicado pelas tensões comerciais e os agentes perdem confiança na previsibilidade das políticas do país.

A semana será marcada por uma série de dados econômicos ao redor do mundo, incluindo números de inflação na zona do euro e no Japão e de crescimento na China. O Banco Central Europeu ainda anunciará sua próxima decisão de política monetária na quinta-feira.

 

Fonte: CNN