Nesta terça-feira (4), o dólar marca queda acima de 0,50% no índice DXY, cesta das principais moedas estrangeiras, o menor nível desde 9 de dezembro de 2024.
Por volta das 14h10, a divisa dos EUA perdia cerca de 0,52%, aos 106.187 pontos.
O índice DXY mede o desempenho do dólar norte-americano frente a uma cesta de divisas globais, e cada uma tem o seu peso na composição da lista: Euro(57,6%), Iene (13,6%), Libra (11,9%), Dólar Canadense (9,1%), Coroa Sueca(4,2%) e Franco Suíço (3,6%).
As apreensões com uma potencial guerra comercial e seus efeitos nas economias mundiais poderiam impulsionar o dólar norte-americano. Porém, dados econômicos recentes mais fracos pressionaram a moeda dos EUA.
“Apesar de os EUA ampliarem suas tarifas para o Canadá e o México, a baixa atividade econômica interna impede uma valorização acentuada do dólar, mesmo com as novas tarifas”, comentou Chris Turner, líder global de mercados do ING, à agência Reuters.
Os gastos com construção nos EUA caíram 0,2%, em janeiro, e o investimento em construção residencial caiu 0,4% no mesmo período, de acordo com dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
O PMI industrial norte-americano recuou de 50,9 em janeiro para 50,3 no mês passado, segundo informações do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês).
Nesse contexto, muitos investidores optam por ativos considerados mais seguros. O iene japonês e o franco suíço apresentaram uma alta de quase 1%, refletindo as preocupações em torno do crescimento econômico global e os efeitos das tarifas.
O dólar canadense se valoriza cerca de 0,45%, sendo negociado a 1,4471 por dólar norte-americano. No pregão de segunda-feira (3), encerrou a sessão a US$ 1,4542, o menor nível em um mês, após a confirmação das tarifas pelo governo Tump.
O euro avança diante da ausência de tarifas sobre a União Europeia e do estreitamento da diferença entre os rendimentos dos títulos dos EUA e da zona do euro, tornando o dólar menos atraente aos investidores.
A moeda europeia atinge US$ 1,0547, o maior nível desde dezembro, com alta de 0,5% em relação à segunda-feira (3).
A valorização dos rendimentos dos títulos do governo da zona do euro em relação aos dos EUA também contribuiu para esse movimento, impulsionado pelo recuo de Trump no apoio à Ucrânia, o que aumentou as expectativas de maior endividamento e gastos com defesa.
O mercado agora aguarda a reunião do Banco Central Europeu na quinta-feira (6), com investidores precificando um novo corte de 25 pontos-base na taxa de juros do bloco.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA com vencimento em 10 anos caem nesta terça-feira para 4,115%, menor nível desde outubro.
A libra esterlina também registra alta de 0,3%, sendo cotada a US$ 1,2744. Contra o iene japonês, o dólar recuou 0,9%, fechando em 148,17 ienes por dólar, a menor cotação desde outubro.
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- Brasil voltará a exigir visto dos EUA; Freixo diz que isenção “seria bom”
Cidadãos dos Estados Unidos, Canadá e Austrália voltarão a ter a exigência de visto para entrar no Brasil a partir de 10 de abril.
Marcelo Freixo, presidente da Embratur, minimiza o risco de a medida afastar turistas, mas reconhece que o ideal para o turismo seria continuar com a isenção aos norte-americanos, canadenses e australianos.
“Particularmente, acho que se pudéssemos ter a isenção do visto seria bom porque, quanto menos dificuldade você criar para o turista, melhor. Mas eu respeito o princípio da reciprocidade”, disse em entrevista ao CNN Money.
Freixo cita que estudos da Embratur indicam que a volta da exigência de visto não deve prejudicar o turismo estrangeiro, desde que o processo seja fácil, rápido e barato.
“Tenho conversado com o ministro Mauro Vieira (de Relações Exteriores) para que esse visto não seja burocrático, não seja demorado e não seja caro. Se for assim, se não houver nenhuma dificuldade para o turista, não vejo problema de se retornar à reciprocidade”, disse o presidente da Embratur.
O visto para turistas dos três países será do tipo eletrônico. Não haverá necessidade de visita ao consulado brasileiro, entrevista ou entrega do passaporte para fixação de visto nas páginas do documento.
O processo será totalmente eletrônico e, caso aprovado, o visto será enviado por e-mail ao turista.
Será preciso pagar uma taxa de US$ 80,90 para emissão de cada visto eletrônico. Aos brasileiros, o preço é maior. O custo para emissão de um visto de turismo dos EUA, por exemplo, é mais que o dobro: US$ 185.
A isenção de vistos para passaportes dos EUA, Canadá, Austrália e Japão foi adotada em 2019 no governo Jair Bolsonaro. Nos dois primeiros anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a decisão foi mantida, e o Itamaraty negociou o tema com os quatro países.
As conversas só avançaram com o Japão, que anunciou a isenção de vistos para brasileiros. E, por isso, japoneses seguirão com o benefício em viagens ao Brasil.
“Não se cobrará visto do Japão porque avançamos na relação diplomática e os dois países não cobram mais o visto, o que permitiu aumentar muito o número de japoneses em turismo no Brasil”, disse Freixo.
Com os EUA, Canadá e Austrália, no entanto, as tratativas para isenção de visto ao passaporte brasileiro não avançaram. E, por isso, o Ministério de Relações Exteriores voltará a adotar o princípio da reciprocidade, que equipara aos estrangeiros o tratamento dado aos brasileiros.
Fonte: CNN