O presidente Lula (PT) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), defenderam a exploração de petróleo na Foz do Amazonas nesta quinta (13) em evento em Macapá.
Ambos estão em lado oposto ao da ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, o que tem gerado polêmica no governo. Nesta quarta (12), o presidente Lula chamou de "lenga-lenga" a avaliação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para liberar a permissão à Petrobras.
"Tem gente que fala que não pode pesquisar a margem equatorial para saber se a gente tem petróleo", disse Lula. "A gente tem que preservar, mas eu não posso deixar uma riqueza que a gente não sabe se tem, e quanto é, a 2.000 metros de profundidade enquanto Suriname e Guiana estão ficando rico às custas do petróleo a 50 quilômetros de nós."
O presidente rebateu ainda que isso seria um contrassenso em relação à realização da COP30, em Belém, em novembro. "Vê se os Estados Unidos estão preocupados. Vê se França, Inglaterra, Alemanha estão preocupados. Não, eles exploram quanto puderem. É a Inglaterra que está aqui na Guiana, é a França que está aqui no Suriname. Então, só nós que vamos comer pão com água? Não. A gente gosta de pão com mortadela."
Lula disse confiar na Petrobras e indicou que o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, fará o meio campo da negociação. "Ele tem a incumbência de a gente acertar com o Ibama que a gente não vai fazer loucura. A Petrobras é a empresa que tem mais tecnologia no mundo de extração de petróleo em águas profundas.
Eu não quero estragar um metro de coisas aqui, mas ninguém pode proibir a gente de pesquisar para saber o tamanho da riqueza que tem. Ninguém pode.
Lula, sobre foz do Amazonas
Apesar do que o presidente disse, a liberação cabe ao Ibama. O instituto é responsável pela fiscalização de exploração de petróleo do território nacional, avaliando o impacto ambiental que a intervenção pode ter. Neste caso, por exemplo, estudos mostram que a região da costa do Amapá é um local sensível, que abriga centenas de espécies de fauna e flora.
A Petrobras tem afirmado que cumpriu as exigências do Ibama. O último relatório foi entregue no final de novembro e está em avaliação —a suposta demora foi o motivo de reclamação de Lula e pode fazer o presidente trocar o diretor do instituto, Rodrigo Agostinho.
Alcolumbre não citou o caso nominalmente, mas foi direto. "Não venha o mundo cantar de galo em relação à nossa capacidade de preservar. O mundo não pode impor ao Amapá nada na relação da preservação e da manutenção do meio ambiente", discursou o senador.
Nenhum lugar do mundo tem autoridade de falar em preservação, quem tem são os filhos do Amapá.
Davi Alcolumbre, em discurso em Macapá
O governador Clécio Luis (Solidariedade) foi no mesmo tom. "Não venha ninguém de fora [dizer que] não podemos gerar riqueza, distribuir riqueza para o povo, porque nós não vamos aceitar, porque nós fizemos o dever de casa", afirmou. "Quem desmatou, quem não preservou, ficou rico. Quem preservou, quem não desmatou, quem preservou a floresta em pé, ficou pobre."
Mesmo contra, Marina tem atribuído a liberação ao rigor técnico. Em notas recentes, a ministra tem reforçado que não depende dela —o que é verdade— e deixado o tema a cargo das avaliações do Ibama.
A insatisfação da ministra é vista como justa por parte do governo. Responsabilidade ambiental e autonomia foram duas das promessas que Lula fez à ativista para que ela integrasse a campanha em 2022 e, depois, o governo.
"Desenvolvimento sustentável" foi, inclusive, um dos tripés eleitorais de Lula. Atualmente, como nesta quinta, o presidente tem sido mais pragmático, sob o argumento de que "é favorável" ao fim do uso do combustível fóssil, mas que isso ainda é "uma realidade distante".
Até o Nordeste está de olho. O potencial petrolífero da margem equatorial vai do Amapá ao Rio Grande do Norte e uniu deputados e senadores do Nordeste, que farão coro na cobrança pelo licenciamento para que seus estados sejam beneficiados com a arrecadação da exploração.
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Alcolumbre fez ainda uma série de afagos a Lula. "O senhor foi o primeiro presidente da história do Brasil que deu a oportunidade ao filho do Amapá estar na Esplanada, ajudando o Brasil", em referência à indicação de Waldez Góes para o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
Waldez foi diretamente indicado por Alcolumbre. Apesar de ser do PDT, o ex-governador amapaense é o grupo do senador e entrou na chamada "cota do União Brasil", junto aos ministérios do Turismo (hoje com Celso Sabino) e das Comunicações (com Juscelino Filho).
Lula tem buscado se aproximar do senador, antigo apoiador de Jair Bolsonaro (PL). Na visão do Planalto, será fácil manter uma boa relação pelo estilo pragmático e "às antigas" de Alcolumbre. Diferentemente da chamada "nova direita", ele cobra um preço em negociações que o presidente está acostumado a tratar —e já se vê a influência que ele tem no governo.
- "Nós vamos derrotar as mentiras", diz Lula em Macapá
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quinta-feira (13), de entregas e anúncios de ações do governo federal no Amapá. Entre elas, está a doação, para o governo do estado, da Gleba Cumaú (Área J), onde fica o bairro Parque Aeroportuário, uma área ocupada irregularmente por moradias no centro da capital amapaense.
Durante o evento em Macapá, Lula criticou a disseminação de notícias falsas e contou que, nos últimos anos, várias informações sobre o Parque Aeroportuário circularam para assustar a população. “As pessoas que mentiram dizendo que eu não vinha aqui, dizendo que nós íamos desapropriar essa área, dizendo que nós íamos mandar a polícia para cá, vão continuar mentindo”, opinou ele sobre os opositores do governo.
“Nós temos que derrotar as mentiras. A gente não pode repassar mentira para frente, quando a gente vê uma mentira descalabrada de um político qualquer falando bobagem, a gente tem que apagar e não passar pra frente, porque, se não, a gente está dando corda para a mentira ganhar da verdade”, pediu à população.
O ato de doação da área permitirá a regularização fundiária e urbanização do local, com melhorias da estrutura de saneamento. A ação é aguardada pela população há mais de 35 anos.
Ainda em discurso, Lula citou outros projetos prioritários do governo para este ano, como o crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a ampliação do programa Auxílio Gás para mais de 20 milhões de famílias - atualmente, 5,6 milhões de famílias têm o benefício.
Também foram assinados no evento de hoje, em Macapá, seis termos de cessão de direitos e doação de áreas públicas sob gestão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ao governo do Amapá. A medida atinge as glebas Uruguinha, Rio Pedreira, Tucunaré, Aporema, Matapi e Matapi-Curiaú-Vila-Nova, com o objetivo de dar mais segurança jurídica para as pessoas físicas e empreendedores da região.
Durante a cerimônia, ainda foram entregues 282 unidades habitacionais do Conjunto Residencial Nelson dos Anjos, em Macapá. O empreendimento, no total de R$ 23,3 milhões, é uma parceria com o governo do estado, fruto da primeira etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), firmado em 2007.
Já o Ministério dos Portos e Aeroportos anunciou investimentos de R$ 89 milhões, nos próximos 25 anos, no Porto de Santana. O governo federal oficializou o arrendamento do terminal MCP03 para a instalação de infraestrutura para movimentação e armazenagem de grãos, especialmente soja e milho. Entre as melhorias previstas estão a ampliação do Píer 1, dragagem de aprofundamento e pavimentação do espaço externo.
A visita também marcou o início das obras do Instituto Federal de Tartarugalzinho, um dos 100 campi previstos com a expansão dos institutos federais pelo país. A unidade receberá R$ 25 milhões em investimentos do Novo PAC - sendo R$ 15 milhões para infraestrutura e R$ 10 milhões para equipamentos e mobiliário - e terá capacidade para 1,4 mil alunos.
Por fim, o governo do estado firmou com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos a adesão ao Programa Nacional de Gestão e Inovação (PNGI), o primeiro da Região Norte a aderir à iniciativa. Por meio dela, o governo federal disponibilizará ao estado e aos municípios um conjunto de soluções que otimizam a gestão pública em áreas estratégicas, como compras governamentais, transformação digital, gestão patrimonial e cursos de capacitação para servidores públicos estaduais.
- Lula cita Marisa e diz que mulheres tem mais apego por filhos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 5ª feira (13.fev.2025) que as mulheres são mais apegadas aos filhos e mais responsáveis com a casa que os homens. Em evento no Amapá para entregar unidades do Minha Casa, Minha Vida, sem a primeira-dama Janja da Silva, o petista citou a sua ex-mulher Marisa ao lembrar da 1ª casa que viveu depois de casar.
“Quando casei, em 1975, fui morar numa casa de 35 metros quadrados. Morava eu, Marisa, 2 filhos, 2 cachorros e a mãe da Marisa. E eu sei o que é. E essas casas são bem melhores. É maior um pouco”, disse.
Depois, Lula citou que decidiu colocar os nomes dos títulos das unidades habitacionais entregues pelo governo no nome das mulheres. Segundo o presidente, a ideia é que elas não vendam as casas.
“A gente inclusive tomou a decisão de colocar as casas no nome das mulheres. Por que no nome das mulheres? Porque a mulher, não duvidando de nós homens, mas a mulher ela tem mais apego aos filhos, ela tem mais responsabilidade. E ela vai cuidar melhor. Ela não vai vender a casa nunca porque a casa é um ninho que ela construiu para a família”, declarou.
Durante o evento em Macapá, o governo entregou 282 unidades habitacionais do Conjunto Residencial Nelson dos Anjos, no bairro Congós. A obra de R$ 23,3 milhões é uma parceria da União com o governo do Estado, ainda da 1ª fase do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) firmado em 2007.
A visita também terá o lançamento das obras do Campus Tartarugalzinho do Instituto Federal do Amapá. A unidade terá R$ 25 milhões em investimentos do Novo PAC –sendo R$ 15 milhões para infraestrutura e R$ 10 milhões para equipamentos e mobiliário, com capacidade para 1.400 alunos.
O governo também anunciou R$ 26 milhões para a educação superior do Estado. Os recursos serão alocados na construção de salas de aula nos campi de Calçoene, Macapá, Oiapoque e Tartarugalzinho da Universidade Federal do Amapá.
Lula ainda assinou a doação da Gleba Cumaú (Área J) para o governo do Estado, que fará a regularização fundiária e urbanização. Também assinou 5 termos de cessão de direitos e doação das terras da União das glebas Uruguinha, Rio Pedreira, Tucunaré, Aporema e Gleba Matapi.
Fonte: Poder360 - Agência Brasil - UOL