O dólar fechou em queda nesta segunda-feira (10), a R$ 5,78. O movimento veio com o apoio da valorização das commodities no mercado internacional e mesmo após a nova ameaça tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No último domingo (9), o republicano afirmou que anunciaria novas taxas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio no país. Atualmente, cerca de 25% do aço e 50% do alumínio usado nos EUA é importado e diversos países estão entre s fornecedores do produto, inclusive o Brasil.
Assim, a leitura dos especialistas é que essa tarifação pode impactar a economia de todos os principais exportadores, como Brasil, Canadá, México, China, Rússia e União Europeia.
A medida também volta a trazer preocupações com a inflação nos EUA. Isso porque se os produtos que chegam na maior economia do mundo ficam mais caros com as taxações, todo o custo de produção também encarece, elevando o preço para os consumidores e impactando a inflação.
Preços altos no país podem pressionar o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a manter suas taxas de juros altas por mais tempo ou até promover novos aumentos.
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- Haddad nega taxação de “big techs” em represália aos EUA
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou que o governo planeja taxar as big techs norte-americanas caso se concretize a intenção do presidente Donald Trump (Republicano) de impor tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio de todos os países. O chefe de Estado afirmou que o anúncio será feito nesta 2ª feira (10.fev.2025).
Em publicação no X, nesta 2ª feira (10.fev), o titular da Fazenda afirmou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “tomou a decisão sensata de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos”. Disse que vai “aguardar a orientação do presidente”.
A suposta intenção do governo Lula de taxar as gigantes de tecnologia foi informada em reportagem da Folha de S. Paulo. Seria, segundo o texto, uma forma de dar uma resposta em meio à guerra comercial mundial de Trump sem prejudicar a indústria brasileira.
Os Estados Unidos são os principais compradores de ferro, aço e alumínio do Brasil. Exportou US$ 6,37 bilhões em produtos de ferro, aço e alumínio em 2024, sendo que US$ 6,10 bilhões foram de ferro e aço e US$ 267 milhões foram de alumínio.
O levantamento foi feito pelo Poder360 com base no Comex Stat, que tem dados oficiais da balança comercial divulgada pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). Este jornal digital considerou os códigos 72,73 e 76, que são “ferro fundido, ferro e aço”, “obras de ferro fundido, ferro ou aço” e “alumínio e suas obras”.
Em 2020, sob a Presidência de Jair Bolsonaro (PL), Trump impôs taxação de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio. Depois, concedeu cotas de isenção de direitos a vários parceiros comerciais, incluindo o Brasil. Naquele ano, as exportações de ferro, aço e alumínio do Brasil para os EUA somaram US$ 3,03 bilhões, sendo US$ 2,85 bilhões em ferro fundido, ferro ou alumínio e US$ 171 milhões em alumínio.
Em 2018, Trump também impôs tarifas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio, mas depois concedeu cotas de isenção a vários parceiros comerciais, incluindo Canadá, México e Brasil.
A exportação dos produtos foi de US$ 4,51 bilhões em 2018, com alta de 27,6% em relação a 2017.
Os EUA são o maior destino de ferro e aço do Brasil. Ficam na 2ª posição quando se trata de alumínio. O Brasil exportou US$ 15,6 bilhões em ferro, aço e alumínio em 2024. Do total, 40,8% foram para os Estados Unidos.
- Governo prepara cadastro de pessoas proibidas de apostar em bets
O governo Lula (PT) prepara um sistema nacional com dados de cidadãos autoexcluídos ou proibidos de jogar nas apostas de quota fixa, as chamadas bets. O banco de dados será preparado pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, que está em funcionamento há um ano.
O assunto é o primeiro item da Agenda Regulatória 2025-2026 da pasta, segundo o secretário Regis Dudena. “A ideia é que, no segundo trimestre, a gente coloque esse modelo em consulta pública e, a partir das respostas e dos feedbacks que tivermos, possamos implementar. A ideia, então, é que, já no segundo semestre, isso seja implementado, a depender das soluções”, disse ele, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (10/2)
“A ideia é que a gente consiga, por meio desse sistema, captar todas as pessoas que, por qualquer motivo for, foram proibidas de apostar e repassar dados para empresas”, explicou o secretário. “O modelo é de centralização dessas informações e troca com os agentes operadores de apostas”.
“Reafirmo que, do ponto de vista regulatório, me parece que a solução de conhecer e monitorar a atuação do cliente, fazer mecanismos de pausas, de exclusões temporárias e definitivas são mecanismos aptos para mitigar bastante todos os problemas relacionados à saúde financeira e saúde mental”, seguiu o gestor.
Hoje, técnicos, jogadores, árbitros, menores de 18 anos e reguladores já são legalmente proibidos de apostar. A partir desse novo cadastro, será incluído também quem for proibido por decisão judicial. “A solução tecnológica é uma centralização de uma base de dados que vai pensar a melhor forma de garantir que os proibidos não tenham os seus cadastros aceitos nas casas de apostas”, explicou Dudena.
Na primeira fase de autorização, 68 empresas foram autorizadas a atuar no país, com 70 outorgas pagas e 153 marcas autorizadas. Houve o pagamento de R$ 2,1 bilhões em outorga.
Nesse período, já foram feitas 11.555 ordens de bloqueio de domínio (para os sites ilegais), com repasse de informações à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que é quem faz o bloqueio.
Em janeiro, com o início do mercado regulado no Brasil, foram feitas 75 ações de fiscalização em cima de influencers.
“O órgão regulador não se mistura com órgão de persecução penal. Cabe-nos identificar quem são, associar esses influencers a empresas para as quais prestam serviço, falar com plataformas, meios e redes sociais para pedir que isso seja derrubado. A gente tem papel regulatório e aí, ato contínuo, os órgãos de execução penal são acionados”, explicou o secretário de Apostas.
Sobre a proibição de usar em programas sociais os recursos advindos de apostas, o secretário lembrou da decisão tomada no fim de 2024 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte decidiu que o governo deveria instituir medidas para impedir que beneficiários do Bolsa Família usem os valores do programa para realizar apostas.
O governo Lula já apresentou recurso ao STF contra a decisão, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU). Um dos argumentos foi de que não há, por parte dos órgãos fiscalizadores do mercado, a atribuição regimental direta para tratar dados de beneficiários de programas sociais, incluindo os recursos pagos a esses cidadãos.
Além disso, o governo alegou que o valor financeiro repassado pelo programa a cada família beneficiária é recurso privado a partir do momento que integra sua conta bancária, e não mais recurso público.
O tema é analisado em duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI), propostas pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e pelo partido Solidariedade, respectivamente. Hoje, o caso está em fase de recurso, após as alegações da União.
“A cúpula do direito constitucional do Judiciário decidiu que é necessária alguma forma de restringir valores de programas sociais. Qual é a nossa dificuldade aqui? As decisões, tal qual foram prolatadas, trazem dúvidas sobre como elas devem ser aplicadas. Por causa disso, a Advocacia-Geral da União fez um recurso para que se esclareça exatamente o que se pretende com essas decisões”, disse o secretário.
E completou: “Aqui a gente cumpre decisões, o que a gente vai fazer é cumprir decisões assim que ficar exatamente claro qual é a decisão”.
Nesta segunda, o governo federal lançou uma consulta pública para a construção da Agenda Regulatória do mercado de apostas, que é a segunda fase da regulação do mercado de apostas e vai englobar os anos de 2025 e 2026.
A consulta ficará aberta por 45 dias, até 27 de março, prazo em que os interessados poderão apresentar sugestões por escrito. No dia 21 de fevereiro, haverá uma audiência pública on-line para ouvir os interessados.
Podem se manifestar não só apostadores e operados de sistemas, como também estudiosos e especialistas. “Para isso, nós criamos essa consulta pública”, disse Dudena.
A consulta está disponível no seguinte link: https://www.gov.br/participamaisbrasil/spamf-consultapublica-agendaregulatoriabianual.
- Tarifas dos EUA no aço podem forçar Brasil a buscar novos mercados
Se oficializada, a tarifação dos Estados Unidos na compra de aço e alumínioforçaria o Brasil a ter que diversificar o mercado de exportações, principalmente com a queda da demanda da China, segundo especialistas consultados pela CNN.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que anunciará nesta segunda-feira (10) tarifas de 25% sobre todas as importações de aço para o país.
O Brasil foi o 2º fornecedor de aço e ferro aos EUA em 2024.
Os norte-americanos lideram a lista de parceiros do país nesse cenário, com US$ 5,7 bilhões.
A China é a segunda maior compradora da matéria-prima brasileira, sendo responsável por movimentar US$ 1,27 bilhão no mercado de exportações em 2024 — diferença de R$ 3,8 bilhões.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, explica que as tarifas afetaram o mercado de aço além da redução de exportações.
“Mesmo que o Brasil focasse na China para compensar as exportações dos EUA, não iria ser capaz de preencher a diferença, já que a China tem desacelerado sua demanda pelo material nos últimos anos.”
Segundo analistas consultados pela Reuters, as compras pela China do minério de ferro, principal material para fabricação de aço, deverão aumentar entre 10 milhões e 40 milhões de toneladas, para até 1,27 bilhão de toneladas este ano.
Na prática, caso esse aumento se realize, a necessidade chinesa de importação de aço se reduzirá significativamente, com demanda resiliente nos próximos anos, apesar da persistente fraqueza do setor imobiliário do país.
As exportações chinesas de itens classificados como “ferro fundido, ferro e aço” vêm desacelerando desde 2020, quando atingiu o patamar de US$ 2,12 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Marcela Franzoni, professora de Relações Internacionais do Ibmec-SP, ressalta que diversificação pode ser difícil de se efetivar no curto prazo.
“Existe toda uma estrutura produtiva que está focada. Analisando o mercado de um país destino para as exportações, ainda é mais complexo achar um substituto pela depreciação do preço do aço.”
Para Cruz, com a ameaça de tarifas, o acordo entre Mercosul e União Europaseria perfeito para facilitar essa “transição”, caso estivesse em vigência.
“Quanto mais fechado o mercado americano, mais aberto outros mercados. Não tem como substituir o EUA, mas é possível focar em outros países da Europa, que já são grandes importadores do aço brasileiro, para absorver as exportações do produto.”
Outra alternativa é tentar conseguir condições especiais para o aço brasileiro no mercado americano.
Em 2019, Trump durante seu primeiro mandato sobretaxou em 25% o aço e 10% o alumínio importados.
Na época, o Brasil conseguiu negociar uma forma de evitar as tarifas, através de cotas máximas de importação que, se não fossem excedidas, ficavam isentas.
“Paralelamente à diversificação, o Brasil precisa negociar com o governo Trump para conseguir algo similar ao acordo feito durante o primeiro mandato dele”, pontua Franzoni.
Fonte: CNN - Poder360 - g1