O dólar encerrou as negociações dessa sexta-feira (31) em queda ante o real, pela décima sessão consecutiva, com investidores acompanhando a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de importação sobre México e Canadá no sábado (1º).
Mais cedo, o porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt confirmou que os Estados Unidos imporão tarifas de 25% sobre Canadá e México, além de 10% sobre a China, mas se recusou a dizer se haverá isenções.
Na pauta de dados, mercados digerem números da inflação dos Estados Unidose atualizações da taxa de desemprego e contas públicas no Brasil.
A moeda norte-americana à vista finalizou em queda de 0,30%, cotado a R$ 5,8355 na venda. O dólar acumula uma queda de 1,40% na semana e 5,56% no mês.
Na quinta-feira (30), a divisa fechou em baixa de 0,26%, a R$ 5,8532, a menor cotação desde 26 de novembro do ano passado, quando encerrou em R$ 5,8096.
Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, caminhava para fechar o primeiro mês no positivo desde agosto de 2024, mas inverteu o sinal na tarde de hoje. O último mês que o bolsa fechou no azul foi em agosto do ano passado, com alta de 6,54%.
Neste pregão, a bolsa brasileira encerrou em baixa de 0,61%, a 126.134,94 pontos, acumulando uma alta semanal de 3,01%. Em relação ao mês anterior, o Ibovespa registrou uma alta de 4,87%, quando atingiu 120.283,4 pontos em dezembro.
Os Estados Unidos irão impor taxas de 25% para produtos importados do Canadá e do México, e de 10% para itens da China, confirmou a Casa Branca nesta sexta-feira (31).
Segundo disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, as medidas entram em vigor a partir deste sábado (1º).
Detalhes sobre a taxação, como quais produtos serão tarifados, ainda não foi foram divulgados e a porta-voz Leavitt se recusou a dizer se haverá isenções.
Na agenda macroeconômica, os investidores analisam dados do índice PCE – a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed)– que subiu 2,6% no ano passado.
Em dezembro, o indicador avançou 0,3%.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços PCE subiu 0,2% no mês passado, após um aumento não revisado de 0,1% em novembro.
Nos 12 meses até dezembro, o núcleo da inflação avançou 2,8%, após um aumento de 2,8% em novembro.
O banco central dos EUA acompanha o PCE para a política monetária. Na quarta-feira (29), o Fed manteve sua taxa de juros de referência na faixa de 4,25% a 4,50%, após reduzi-la em 100 pontos-base desde setembro, quando iniciou seu ciclo de afrouxamento monetário.
O comunicado da decisão não incluiu a referência ao fato de a inflação ter “progredido” em direção à meta de 2% do Fed. Não se espera nenhum corte nos juros antes de junho.
No Brasil, além de acompanhar o panorama externo, os agentes seguem digerindo os sinais emitidos pelo Banco Central (BC) e pelo governo na questão da política monetária, pontua Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.
Mais cedo, o BC informou que setor público consolidado — formado por estados, união e municípios — registrou déficit primário de R$ 47,6 bilhões em 2024, o equivalente a 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB). No ano anterior, o déficit somou R$ 249,1 bilhões.
O resultado primário equivale à diferença entre as receitas e as despesas do governo, com exceção do pagamento dos juros da dívida.
Na avaliação do economista, a maior preocupação com a atividade trazida pelo comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que na quarta-feira elevou a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano, abre margem para o debate de uma extensão menor do ciclo.
“O ministro Haddad deu um recado sobre o tema, ao citar que o remédio não pode ser excessivo”, afirma o economista em relatório, ao referir-se a afirmações feitas pelo ministro da Fazenda ontem em entrevista à Rede TV!.
Ao mesmo tempo, as ações da Petrobras tendem a ficam no foco, em meio ao reajuste já esperado nos preços dos combustíveis a partir de amanhã, devido ao aumento do ICMS sobre esses produtos.
Ao mesmo tempo investidores monitoram eventuais notícias sobre outros possíveis aumentos por conta da defasagem com os valores no exterior.
A taxa de desocupação no Brasil no trimestre terminado em dezembro atingiu 6,2%, com leve queda em relação ao trimestre de julho a setembro (6,4%), dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta.
Já a média anual foi de 6,6%, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012, mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2023, ao índice havia encerrado em 7,8%. Foi o terceiro ano seguido de retração da taxa de desocupação.
A população desocupada totalizou 7,4 milhões de pessoas em 2024, queda de 1,1 milhão ante 2023. É o menor quantitativo de pessoas desocupadas desde 2014 (7 milhões).
A população ocupada média em 2024 foi recorde na série histórica, com 103,3 milhões de pessoas, alta de 2,6% ante 2023.
Confira outras notícias
- Banco Central: setor público registra déficit de 0,4% do PIB em 2024
O setor público consolidado – formado por União, estados, municípios e empresas estatais – registrou, em 2024, um déficit primário de R$ 47,6 bilhões, o que representa 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB), informou hoje o Banco Central (BC). O resultado representa uma melhora expressiva em relação a 2023, quando o déficit registrado foi de R$ 249,1 bilhões, o equivalente a 2,28% do PIB.
Em dezembro passado, o setor público registrou um superávit primário de R$ 15,7 bilhões no setor público consolidado, ante déficit de R$ 129,6 bilhões em dezembro de 2023. A melhora se deve, principalmente, ao fato de que, em 2023, houve o pagamento de precatórios na ordem de R$ 92,4 bilhões.
“Em dezembro, o Governo Central e as empresas estatais foram superavitários, na ordem, em R$ 26,7 bilhões e R$1 bilhão, enquanto os governos regionais registraram déficit de R$ 12 bilhões”, disse o BC.
O órgão informou ainda que, em 2024, os juros nominais do setor público consolidado, apropriados pelo critério de competência, alcançaram R$ 950,4 bilhões (8,05% do PIB), ante R$ 718,3 bilhões (6,56% do PIB) em 2023.
Já em dezembro passado, os juros nominais atingiram R$ 96,1 bilhões, ante R$ 63,9 bilhões em dezembro de 2023. A autoridade monetária disse que o resultado das operações de swap cambial, que registraram ganho de R$ 6,6 bilhões em dezembro de 2023 e perda de R$ 19,9 bilhões em dezembro de 2024, contribuiu para o resultado.
Ainda de acordo como BC, o resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 998 bilhões, o que representa 8,45% do PIB de 2024, ante R$ 967,4 bilhões (8,84% do PIB) em 2023. Em dezembro, o déficit nominal atingiu R$ 80,4 bilhões, comparativamente a R$ 193,4 bilhões em dezembro do ano anterior.
Já a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) ficou em R$ 7,2 trilhões em 2024, o equivalente a 61,1% do PIB. A elevação anual de 0,7 p.p. do PIB se deve aos juros nominais apropriados, que registraram alta de 8,0 p.p.; o déficit primário, que ficou 0,4 p.p., o reconhecimento de dívidas, o efeito da desvalorização cambial de 27,9% no ano.
Também influenciaram os ajustes da dívida externa líquida (-0,3 p.p.), o efeito das privatizações (-0,3 p.p.) e o crescimento do PIB nominal (-4,4 p.p.).
Em relação à Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) – que compreende o governo federal, o INSS e os governos estaduais e municipais – o resultado atingiu 76,1% do PIB, ficando em R$ 9 trilhões em 2024.
- Taxa de desemprego fica em 6,2% no último trimestre de 2024
A taxa de desocupação, também conhecida como taxa de desemprego, no país ficou em 6,2% no último trimestre de 2024. O índice é estatisticamente estável em relação ao terceiro trimestre do ano (6,4%) e inferior ao observado no último trimestre de 2023 (7,4%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o resultado, a taxa anual de desocupação ficou em 6,6%, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012. Antes disso, o menor nível havia sido 7% em 2014.
No último trimestre de 2024, o contingente de desocupados ficou em 6,8 milhões, estável em relação ao trimestre anterior e 15,6% inferior ao último trimestre do ano anterior (menos 1,3 milhão de pessoas).
A população ocupada (103,8 milhões) cresceu em ambas as comparações: 0,8% (mais 789 mil pessoas) no trimestre e 2,8% (mais 2,8 milhões de pessoas) no ano.
O rendimento real habitual do trabalhador subiu para R$ 3.315 no último trimestre de 2024, ou seja, altas de 1,4% na comparação trimestral e de 4,3% na comparação anual. A massa de rendimento real habitual registrou o volume recorde de R$ 339,5 bilhões, 2,3% a mais (ou mais R$ 7,5 bilhões) que no trimestre anterior e 7,4% superior (ou mais R$ 23,3 bilhões) que no quatro trimestre de 2023.
Fonte: Agência Brasil