Economia

Dólar cai a R$ 5,86, o menor patamar em 2 meses; Ibovespa recua 0,65%





Mercados aguardam pela superquarta, com expectativas divergentes entre decisões do Fed e do BC

dólar engatou a sétima queda seguida ante o real nesta terça-feira (28), e voltou a fechar no menor patamar em mais de dois meses, na véspera das decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil.

A divisa norte-americana encerrou o dia com perda de 0,74%, a R$ 5,869 na venda. Esta é a menor cotação da moeda desde 26 de novembro de 2024, quando fechou em R$ 5,81. O dólar não encerra em alta desde do dia 20 de janeiro, quando recuou a R$ 6,03.

A sequência de quedas estaria relacionada a um maior apetite ao risco nos mercados após aparente suavização na retórica do presidente dos EUA, Donald Trump, segundo Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank.

“[O apetite] é bastante ligado à decisão do presidente americano ao ter dado declarações sobre uma possível aproximação com a China”, pontua Quartaroli.

“Adicionalmente a isso, amanhã temos decisão do Copom no Brasil e do Fed nos Estados Unidos. O mercado costuma antecipar isso, e como a expectativa é de alta nos juros aqui, a gente pode ter visto um ingresso de fluxo para Brasil por conta desse diferencial de juros mais alto entre os países”, complementa.

Ibovespa, porém, na contramão de otimismo no exterior, também encerrou em queda, recuando 0,65% no pregão, a 124.055,5 pontos.

Para o analista de ativos Bruno Benassi, da Monte Bravo, o movimento do Ibovespa reflete, em parte, os receios em relação a Trump e seus possíveis impactos no setor de commodities.

Ele também destacou a expectativa em torno das decisões sobre juros ao redor do mundo na chamada superquarta. Além do Federal Reserve (Fed) dos EUA e o Banco Central do Brasil (BC), o Banco Central Europeu (BCE) também anúncia sua decisão amanhã. “O mercado também está um pouco nesse compasso de espera para isso”, afirmou.

Já para a analista de renda variável Bruna Sene, da Rico, a baixa no dia aponta para uma “correção técnica dos movimentos vistos ontem”, quando o índice fechou em alta de quase 2%, e tocando pela primeira vez no ano os 124 mil pontos.

O mercado também segue acompanhando os efeitos da DeepSeek, companhia de inteligência artificial (IA) da China, que derrubou mercados na véspera ao apresentar uma alternativa mais barata e viável da tecnologia.

Na cena doméstica, a Receita Federal informou mais cedo que a arrecadação bateu recorde em 2024, com R$ 2,709 trilhões, alta de 9,5% ante 2023.

Fed e Copom

Mercados aguardam pela superquarta, com expectativas divergentes entre as decisões do Fed e do BC.

Nos EUA, as apostas estão na pausa no corte das taxas, mantendo os juros no patamar de 4,25% e 4,5%. O Fed iniciou o ciclo de queda em setembro do ano passado, quando os juros estavam entre 5,25% e 5,5%.

Já no Brasil, as previsões estão em novo aumento de 1 ponto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, subindo a Selic a 13,25% ao ano.

IA da China afeta mercados

As ações das grandes empresas de tecnologia amargam forte queda nesta segunda-feira (27). Quem abalou a estrutura dessas companhias, que vinham atraindo olhares positivos ao longo de 2024 com o boom da IA foi a chinesa DeepSeek.

Na semana passada, a startup de tecnologia sediada em Hangzhou lançou um assistente digital gratuito que, segundo ela, usa menos dados e custa uma fração do custo dos modelos de empresas já estabelecidas, possivelmente marcando um ponto de virada no nível de investimento necessário para a IA.

A DeepSeek, que nesta segunda ultrapassou o rival norte-americano ChatGPT em termos de downloads na App Store, oferece a perspectiva de uma alternativa viável e mais barata de IA. O movimento levantou questões sobre a sustentabilidade do nível de gastos e investimentos em IA por empresas ocidentais, incluindo Apple e Microsoft.

A novidade derrubou mercados na véspera, afetando principalmente gigantes de tecnologia.

“Sua performance, equivalente ou superior aos modelos de empresas norte-americanas, associada ao seu custo inferior lançou dúvidas sobre a hegemonia dos EUA na corrida pela liderança em inteligência artificial e abalou os mercados”, escreveu em nota o time de análise da XP.

Apesar dos ganhos de Apple, Meta – dona das redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp – e Amazon, o grupo das “Sete Magníficas” acumulou perda diária de US$ 643 bilhões em valor de mercado, segundo levantamento de Einar Rivero, analista da Elos Ayta.

O peso maior ficou por conta da Nvidia, que perdeu o posto de empresa mais valiosa do mundo ao “sangrar” US$ 589 bilhões. A fabricante de chips de inteligência artificial encerrou o dia com valor de mercado de US$ 2,9 trilhões, sendo ultrapassada por Apple (US$ 3,477 trilhões) e Microsoft (US$ 3,231 trilhões).

 

-  Governo fecha ano com arrecadação recorde de R$ 2,65 trilhões

A arrecadação do governo federal fechou o ano em R$ 2,709 trilhões, informou hoje (28) a Receita Federal. É o maior valor registrado na série histórica, iniciada em 1995. Descontada a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o arrecadado ficou em R$ 2,653 trilhões, o que representa um crescimento real de 9,6% em 2024, na comparação com o ano anterior.

Segundo a Receita, o aumento decorreu principalmente da expansão da atividade econômica que afetou positivamente a arrecadação e da melhora no recolhimento do PIS/Cofins (Programa de Interação Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) em razão do retorno da tributação incidente sobre os combustíveis, entre outros fatores.

Em entrevista coletiva para apresentar os dados, o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, destacou o aumento na atividade econômica entre os fatores para o resultado.

“Os grandes números refletem os resultados importantes da política econômica nos últimos anos, da reativação da economia que vimos no ano passado e que resulta nesse resultado espetacular. Tivemos a reativação de setores inteiros da economia que, com esse aquecimento, voltaram a recolher valores relevantes de tributos. A mínima histórica do desemprego no Brasil, o grande aumento da massa salarial, que têm papel importantíssimo na arrecadação de 2024”, disse o secretário.

Também contribuíram para a arrecadação recorde o crescimento da arrecadação do Imposto de Renda (IRRF Capital) sobre a tributação de fundos e o desempenho do Imposto de Importação e do IPI vinculado à Importação, em razão do aumento das alíquotas médias desses tributos.

“[Esse resultado reflete] uma Receita Federal menos repressiva e mais orientadora do contribuinte, atuando na desoneração do pequeno contribuinte, do empresário produtivo e focando a fiscalização e arrecadação naqueles que antes não contribuíam com a uma parcela justa, especificamente nas grandes rendas passivas no Brasil, na tributação dos super-ricos”, afirmou. “Trabalhamos para trazer para a tributação aqueles que não estavam, trazer para a tributação aqueles com patrimônio de centenas de milhões de reais em fundos fechados, em outros países, e que nunca recolheram”, acrescentou Barreirinhas.

No ano passado, os principais indicadores apontaram para um bom desempenho macroeconômico do setor produtivo. A produção industrial teve cresceu 3,22%; a venda de bens, 3,97%; e a venda de serviços, 2,9%. O valor em dólar das importações teve resultado positivo de 8,65% e o crescimento da massa salarial ficou em 11,78%.

Entre os tributos, a arrecadação da Cofins/PIS-Pasep somou R$ 541,743 bilhões, um aumento de 18,6% em relação ao ano de 2023. As contribuições previdenciárias fecharam em R$ 685,012 bilhões, crescimento de 5,34% em relação a 2023; Imposto sobre Importação e IPI-Vinculado, com arrecadação de R$ 109,608 bilhões, aumento de 33,75% na comparação com 2023.

O IRRF-Rendimentos de capital fechou o ano passado com arrecadação de R$ 146,539 bilhões, crescimento de 13,12%. Já o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) arrecadaram R$ 502,720 bilhões, alta de 2,85%.

No recorte setorial, as maiores altas nominais de arrecadação em 2024 se deram nas áreas de comércio atacadista, que recolheu R$ 171,285 bilhões; entidades financeiras, R$ 288,621 bilhões; combustíveis, R$ 105,354 bilhões; atividades auxiliares do setor financeiro, R$ 86,044 bilhões; e fabricação de automóveis, com R$ 63,907 bilhões.

O resultado da arrecadação também foi positivo em dezembro do ano passado, ficando 7,78% acima da inflação e recolhendo R$ 261,265 bilhões.

 

Fonte: CNN - Agência Brasil