Economia

Dólar cai e fecha a R$ 5,91 com Trump e juros no radar; bolsa avança





Na cena doméstica, atenções se voltam ao salto nas expectativas do mercado para a inflação deste ano

O dólar operou entre altas e baixa nesta segunda-feira (27) e encerrou a sessão em queda, com mercados repercutindo o impasse entre os Estados Unidos e Colômbia no fim de semana, que quase resultaram em uma disputa comercial.

Na cena doméstica, as atenções se voltam ao salto nas expectativas do mercado para a inflação deste ano, a 5,5%, conforme dados do Boletim Focus publicados mais cedo pelo Banco Central (BC).

A semana ainda é marcada pela decisão dos juros nos EUA e Brasil, com resultados que serão divulgados na quarta-feira (29).

A divisa norte-americana fechou em queda de 0,09%, negociada a R$ 5,9128 na venda. O movimento mostra perda de força da moeda norte-americana, que mais cedo tocou a máxima de R$ 5,955.

O dólar encerrou a semana passada cotado a R$ 5,918, com queda acumulada de 2,42%. A divisa mantém viés de baixa desde a quarta-feira (22), quando fechou abaixo de R$ 6 pela primeira vez desde dezembro.

Por volta das 17h, o Ibovespa apresentava avanço de 1,75%, próximo dos 124,5 mil pontos. O principal índice do mercado doméstico encerrou a semana passada com avanço de 0,7%, aos 122.446,94 pontos.

O cenário positivo para a bolsa brasileira é puxado por Petrobras e Vale, que foram impulsionadas pela alta do minério e do petróleo lá fora, assim como os bancos como Bradesco, Itaú e Banco do Brasil.

“Aqui no Brasil, nossa bolsa trabalha totalmente descolada, mesmo logo no início do dia com um relatório Focus demonstrando aí IPCA mais uma vez para cima, mais uma vez jogando contra. É a 15ª semana consecutiva que a gente tem um apontamento de uma inflação para cima e os DIs nesse momento estão caindo”, avaliou Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Dom Investimentos.

Tensão entre EUA e Colômbia

Após uma escalada de tensões comerciais durante o fim de semana, Colômbia e EUA anunciaram acordo para a extradição de imigrantes, cancelando as taxações mútuas de 25% sobre a importações.

A Casa Branca anunciou a decisão no último domingo (26).

O imbróglio iniciou após o presidente colombiano Gustavo Petro rejeitar o pouso dos aviões militares, afirmando que os EUA “não podem tratar os migrantes colombianos como criminosos”.

Em respostas, Trump ordenou “tarifas emergenciais de 25%” sobre todas as importações do país que seriam aumentadas para 50% em uma semana.

Além do aumento das tarifas, o presidente americano também ordenou uma “proibição de viagens” para cidadãos colombianos e uma revogação de vistos para autoridades colombianas nos EUA.

Horas depois, Petro ameaçou um aumento retaliatório de 25% nas tarifas dos EUA em uma série de postagens nas redes sociais atacando Trump e o secretário de Estado, Marco Rubio.

No final da noite de domingo, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, anunciou que os EUA e a Colômbia concordaram com a “aceitação irrestrita” de deportados da Colômbia e permitiriam que eles fossem devolvidos ao país “inclusive em aeronaves militares dos EUA, sem limitação ou atraso”.

Leavitt disse na declaração que os EUA não assinariam as tarifas ou sanções econômicas ordenadas por Trump “a menos que a Colômbia não honre este acordo”.

Mercado aumenta previsão para a inflação

No cenário doméstico, os investidores repercutem o aumento das expectativas para a inflação deste ano e do próximo.

Para 2025, a previsão dos analistas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou a 5,5%, ante 5,08% na semana passada. Já para 2026, a estimativa passou para 4,22%, contra 4,1% na última edição.

A partir de 2025, o BC persegue meta de inflação de 3%, com 1,5 ponto de tolerância para cima (4,5%) ou para baixo (1,5%). Em 2024, o IPCA encerrou com avanço de 4,83%.

A prévia da inflação de janeiro foi a 0,11%, segundo dados do IPCA-15 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na sexta-feira (24).

O número veio acima das expectativas do mercado, sendo pressionado pelo encarecimento dos alimentos.

O resultado foi divulgado em meio aos debates no governo para baratear o preço dos alimentos. Uma das medidas implica em reduzir as alíquotas de importação sobre alimentos que estejam mais caros no mercado interno do que no exterior, informou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, nesta sexta.

A declaração foi realizada em coletiva de imprensa após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar do tema.

A orientação do governo federal tem como objetivo baixar os preços dos alimentos. Segundo Rui Costa, será realizada uma análise dos valores de mercado dos produtos no cenário doméstico e internacional e, se for necessário, o governo reduzirá as alíquotas de importação para que os alimentos sejam vendidos no mercado doméstico com um preço igual ou abaixo do mercado externo.

Fed e Copom

A semana também é marcada pela decisão dos juros pelo Federal Reserve (Fed)e do BC, na quarta-feira.

Nos EUA, a expectativa do mercado é pela manutenção dos juros no atual patamar entre 4,25% e 4,5%, com Fed encerrando o corte das taxas iniciado em setembro do ano passado.

Já no Brasil, as apostas do mercado estão em novo aumento de 1 ponto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, elevando a Selic a 13,25% ao ano.

A expectativa dos agentes financeiros para a taxa de juros ao fim de 2025 ficou inalterada em 15%, mesma previsão das últimas três semanas, mostrou o Focus.

Para o ano que vem, as previsões subiram a 12,5%, contra 12,25% na semana passada.

 

Confira outras notícias

-  Mercado financeiro eleva previsão da inflação de 5,08% para 5,5%

A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – passou de 5,08% para 5,5% este ano. A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira (27), pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), em Brasília, com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Para 2026, a projeção da inflação também subiu de 4,1% para 4,22%. Para 2027 e 2028, as previsões são de 3,9% e 3,73%, respectivamente.

A estimativa para 2025 está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.

Com o resultado de 0,52% em dezembro, a inflação oficial do país fechou 2024 em 4,83%, acima do limite máximo da meta estipulada pelo CMN. Em 2023, o IPCA havia ficado em 4,62%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao longo do ano passado, o grupo alimentos e bebidas foi o que mais pressionou o bolso dos brasileiros.

Juros básicos

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 12,25% ao ano.

A alta do dólar e as incertezas em torno da inflação e da economia global fizeram o BC aumentar o ritmo de subida dos juros na última reunião de 2024, em dezembro. Esse foi o terceiro aumento seguido da Selic e a alta consolida um ciclo de contração na política monetária. A taxa retornou ao nível de dezembro do ano passado, quando estava em 12,25% ao ano.

Após passar um ano em 13,75% ao ano - entre agosto de 2022 e agosto de 2023 - a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto entre agosto do ano passado e maio deste ano. Nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, começando a aumentar a Selic na reunião de setembro, quando a taxa subiu 0,25 ponto, e novembro, quando aumentou 0,5 ponto.

O órgão informou que elevará a taxa Selic em um ponto percentual nas próximas duas reuniões deste ano, caso os cenários se confirmem. O primeiro encontro do Copom este ano ocorre nesta terça-feira (28) e quarta-feira (29) e a expectativa do mercado financeiro é de que o colegiado confirme a elevação da Selic para 13,25% ao ano.

Para o fim de 2025, a estimativa é que a taxa básica suba para 15% ao ano. Para 2026, 2027 e 2028, a previsão é que ela seja reduzida para 12,5% ao ano, 10,38% ao ano e 10% ao ano, respectivamente.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.

Quando a taxa Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira este ano passou de 2,04% para 2,06%. Para 2026, a expectativa para o PIB é de crescimento de 1,72%. Para 2027 e 2028, o mercado financeiro estima expansão do PIB em 1,96% e 2%, respectivamente.

No terceiro trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB - a soma dos bens e serviços produzidos no país) subiu 0,9% em comparação com o segundo trimestre. De acordo com o IBGE, a alta acumulada no ano - de janeiro a setembro do ano passado - é de 3,3%.

Em 2023, superando as projeções, a economia brasileira cresceu 3,2%. Em 2022, a taxa de expansão foi de 3%.

A previsão da cotação do dólar está em R$ 6 para o fim deste ano. No fim de 2026, estima-se que a moeda norte-americana fique no mesmo patamar.

 

Fonte: CNN - Agência Brasil